Ampliação dos horizontes do trabalhador
As ideologias de esquerda limitaram as visões de mundo do trabalhador, restringindo-os às questões dentro do trabalho, caracterizando-os como uma disputa com o empregador, como uma luta de classes.
Montou-se uma organização sindical para as negociações com as entidades dos empregadores, limitando-a à defesa corporativa dos empregados.
Desde a Primeira Revolução Industrial que deu origem às grandes unidades produtivas, reunindo centenas e até milhares de trabalhadores, o mundo do trabalho teve grandes mudanças, principalmente no contexto da vida dos trabalhadores.
A industrialização e a urbanização criaram grandes cidades, com dificuldades do trabalhador conciliar os locais de moradia e de trabalho. Grande parte dos trabalhadores foi obrigada a buscar moradia cada vez mais distantes dos polos de trabalho. Os movimentos de descentralização da moradia e do trabalho são inteiramente díspares. Com isso os trabalhadores passaram a dispender cada vez mais tempo do seu dia, se locomovendo da moradia ao trabalho e para o seu retorno. Passaram a depender da condução coletiva, com degradação sucessiva da qualidade dos serviços, pressionados pela manutenção de tarifas baixas.
A sua luta por melhoria da sua condição de vida transcendeu o âmbito da empresa e deixou de ser apenas uma luta de classes, contra o "patrão capitalista". A sua luta passou a incorporar o acesso à moradia digna, à redução do tempo de locomoção moradia-trabalho-moradia, a melhoria dos serviços de condução coletiva, as condições de alimentação nos intervalos de trabalho, as condições de saúde, seja dentro como fora do trabalho, o acesso universal aos serviços de saúde e de educação, a melhoria das condições de lazer, consumo e estudo, fora do trabalho e todas as demais condições da sua vida cotidiana.
A tradicional associação de trabalhadores na defesa coletiva dessas aspirações ou interesse não atende a essas, por não ter saido dos limites das empresas. Os Sindicatos continuam inteiramente presos às relações de trabalho entre empregados e empregadores, permeados por perspectivas ideológicas.
Com a perda das contribuições obrigatórias do "imposto sindical" os Sindicatos tem que buscar ampliar as suas bases associativas, contemplando as contribuições voluntárias para a defesa das aspirações e interesses comuns.
Para isso precisam se transformar em amplas associações de trabalhadores. Não só de empregados celetistas. E defender essas aspirações e interesses no que tange à totalidade da sua qualidade de vida. Não apenas dentro da fábrica, dentro da loja, isto é, dentro das empresas.
Não serão mais associações para cuidar das relações de trabalho, mas da vida do trabalhador, em todas as dimensões.
O não atendimento pelas lideranças sindicais dessas aspirações e interesses dos trabalhadores, esses - como eleitores - passaram a apoiar e votar em políticos que se propõe a ajudar nessas conquistas mais amplas. Muito além dos muros da empresa.
Essa seria a principal razão da pergunta inicial: "por que os trabalhadores deixaram de eleger os seus líderes sindicais?".
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