Os políticos são pessoas que se dispõe a trabalhar pelo coletivo, requerendo para isso a representação dos seus eleitores.
São duas condições essenciais sem as quais não se configura um político, no sentido real.
Existem situações próximas, mas incompletas, com as pessoas que trabalham voluntariamente em organizações de cunho social, atendendo à coletividade, mas não dispõe a buscar votos para ocupar um cargo público.
Existem as pessoas que ocupam cargos público não eletivos, alcançados por concurso público ou livre nomeação por políticos. Os primeiros são servidores públicos, sem vinculações políticas. Os segundos são auxiliares de políticos.
O político verdadeiro ou completo deve reunir as duas condições fundamentais: buscar um cargo eletivo no Estado, seja no Poder Executivo, como no Poder Legislativo, e buscar os votos dos eleitores para conquistar o cargo.
No Brasil, um Estado democrático, a segunda condição é essencial, mas há bases eleitorais distintas em função dos cargos pretendidos.
A única eleição nacional, envolvendo todos os eleitores brasileiros é para Presidente e Vice-Presidente. Por isso os candidatos devem ser políticos nacionais, conhecidos em todas as regiões do país, assim como deve ter a visão dos problemas ou questões de todo o espaço e população brasileira.
Todos os demais cargos são objeto de eleição estadual ou municipal, mesmo os de representação nacional.
O Congresso Nacional é uma instituição nacional, com atribuições de discutir e aprovar leis nacionais, assim como controlar o Governo Federal. Mas é formado por representantes estaduais. Cada Estado elege um certo número de deputados federais, proporcionalmente à sua população, representando-os. No entanto, a definição de piso mínimo e limites máximos, distorcem a representação. Já no Senado em cada estado, independentemente do tamanho da sua população, são eleitos três Senadores.
Teoricamente, as eleições para o Congresso deveriam se basear em partidos políticos, cada qual com uma idéia sobre as coisas, o que em teoria se chama visão de mundo diferenciada e programas específicos. Essas visões de mundo diferenciadas dão origem a ideologias que são formatos mais elaborados das visões de mundo difusa entre as muitas pessoas.
Os partidos deveriam ter abrangência nacional, com desdobramentos regionais.
Em cada uma das regiões, o partido deveria agregar políticos com a mesma visão de mundo e que concordam com os programas, amplamente discutidos entre os partidários. Tais programas devem ter abrangência nacional e desdobramentos territoriais (estaduais, regionais, municipais e locais).
A configuração da visão de mundo partidária, comungada pelos partidários, deveria atrair a adesão dos eleitores que tem a mesma visão e que escolheriam dentre aqueles os que apresentem programas que mais lhe apetecem.
Esse é o modelo ideal do sistema político brasileiro, mas não é o que existe na realidade.
A representação para uma grande parte, se não a maioria dos políticos, não é ideológica, de compartilhamento das mesmas visões de mundo, mas de representação dos interesses dos seus eleitores.
Os interesses dos eleitores estão relacionados com a atuação do Estado na sua vida individual e coletiva. Seja a atuação regulatória e impositiva de impostos, como a de prestação de serviços públicos e os benefícios individuais.
Para o eleitor o político deve ser um representante dos seus interesses.
Na atuação regulatória quer que o Estado regule a seu favor e restrinja as ações de terceiros que considera ofensivas ou contrárias ao seu interesse. Quer que o parlamentar atue para o estabelecimento de legislação a "nosso" favor e contra "eles".
Voltando à teoria, a representação dos interesses locais junto ao Estado, deveria caber aos vereadores, dentro da Câmara dos Vereadores e aos Prefeitos em prover os serviços públicos essenciais, assim como estabelecer as regras básicas de convivência das pessoas dentro da cidade.Os deputados federais não deveriam estar diretamente ligado à representação de interesses comunitários ou locais. Deveriam representar pensamentos ou proposições de políticas públicas que atendam não são os seus eleitores e a comunidade em que vivem, mas estabelecendo leis de âmbito nacional, de atendimento amplo.
Mas a concentração de recursos tributários nas mãos da União, faz com que Governos Estaduais e Municipais dependam de transferência de recursos federais, para poderem proporcionar à população os serviços públicos básicos, como educação, saúde, segurança, pavimentação de ruas, serviços de transportes e outros.
A população das cidades, assim como de comunidades rurais buscam no político o seu representante para destinação de recursos federais para o ambiente em que vivem.
A representação desejada não é de natureza ideológica ou programática, mas de obtenção dos recursos ou serviços federais, atuando junto às repartições públicas em Brasília. O que leva a uma caracterização da representação como despachantes.
A partir dos votos dos seus eleitores com a promessa de atuar como despachantes, para melhorar a vida deles na comunidade, ao chegarem em Brasília e assumirem uma cadeira no Congresso, passam a negociar o seu voto, por emendas parlamentares e cargos regionais.
Aos eleitos como despachantes não interessa os cargos mais elevados como o de Ministro de Estado ou Secretários Nacionais. A eles interessa o cargo regional do INSS, da FUNASA e de outros que coordenam os serviços federais na sua região.
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