Projeção dos cenários após 2 meses (3)

Com os filhos mantendo-se ativos, como a efusiva manifestação de Eduardo Bolsonaro, pela revogação da indicação de Ilona Szabó, por Sérgio Moro, enfraquecendo-o, permanece a sensação de que os filhos continuam interferindo fortemente no Governo. Bolsonaro não aplicou o filtro que prometeu aos jornalistas sobre as manifestações dos filhos.
A manifestação efusiva de Eduardo Bolsonaro, comemorando a desindicação como "grande dia", depois de comandar nos bastidores, a oposição à indicação da internacionalmente renomada cientista política, mostra que o filtro não funcionou. Deixa margem para a percepção de que continuará não funcionando ao longo do governo de  Jair Bolsonaro. 
Ainda que ele mesmo não concordasse com a decisão de Sérgio Moro e utilize o seu filho Eduardo, como porta voz, para atender aos seus apoiadores mais fieis, a repercussão junto à população é negativa. 
O enfraquecimento de Sérgio Moro é percebido como uma concessão do Governo no combate ao crime organizado. A mudança de posição de Sérgio Moro em relação à criminalização do caixa dois, amplia a desconfiança da população de que o Governo Bolsonaro não será tão rigoroso no combate à corrupção e ao crime organizado, quanto o prometido na campanha.
Essa percepção é contrabalançada pela ampliação das operações da Polícia Federal, baseadas em denúncias antigas, mas agora investigadas, com anuência do Poder Judiciário, além das denúncias e condenações dos esquemas do PSDB, no Estado de São Paulo.
A pressão sobre Sérgio Moro é justificada pela necessidade do Governo não perder apoios políticos importantes da sua suposta base aliada, para a aprovação da Reforma de Previdência. Sérgio Moro é vítima de "fogo amigo", com repercussão negativa no apoio popular de Jair Bolsonaro. Com apoio da mídia "inimiga" que busca transformar cada fato negativo em grande crise do Governo.
A prioridade dada pelo Governo à reforma da previdência que interessa ao mercado, em detrimento ao combate ao crime, corrupção e violência não é bem aceita por muitos segmentos, inclusive o militar. Daria margem ao renascimento da esquerda, até então sem apoio popular.
A incapacidade de controlar os filhos e deixar prevalecer a versão de que eles "mandam no Governo" dá origem a movimentos pela sua renúncia, a favor do General Mourão. Qualquer movimentação de ambos os lados é interpretada segundo a teoria da conspiração e ganha repercussão popular, conturbando o ambiente e enfraquecendo a imagem do Governo.

Para a aprovação da reforma da previdência o Governo negocia cargos e verbas com o "baixo clero", incluindo para os novatos, ainda sem direito a emendas parlamentares.
Apesar da embalagem dada ao processo, como "banco de talentos", bônus e outras denominações, as negociações são percebidas como descumprimento das promessas de mudanças na forma de governar, não adotando o tradicional "toma lá, dá cá". 

A percepção popular, alimentada pela mídia tradicional, em represália ao tratamento inamistoso do Governo, do não cumprimento das promessas, gera frustração e leva ao desencanto.

A reforma da previdência não é aprovada em 2019, com sucessivos adiamentos, pela percepção do Governo de que não tem o número suficiente de votos para aprovação. O mercado fica inseguro e também adia as suas decisões. 

Não ocorre a esperada retomada firme do crescimento e o desemprego segue elevado. O Governo e do Presidente terminam o ano, com baixos índices de popularidade, bem inferiores dos seus antecessores (exceto Michel Temer) ao final do seu primeiro ano. 







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