Reindustrialização (2)

A redução da participação da indústria dentro do PIB, não decorre apenas de um eventual enfraquecimento da indústria, mas de mudanças estruturais da economia que ocorre em todas as economias, com o seu desenvolvimento. 
As maiores agregações de valor ocorrem nos serviços. Uma grande parte sobre o valor dos bens industriais.
Os dois setores de serviços, com peso relevante dentro do PIB são transportes/logistica e comercialização, que são valores agregados aos bens para compor o preço final dos mesmos oferecido ao mercado.
Outro setor com grande peso é o de serviços governamentais. Embora não sejam serviços que se agregam diretamente aos bens, como são remunerados pelos impostos diretos esse acrescem o valor final do produto.
A matriz insumo-produto recém divulgado pelo IBGE a partir das contas nacionais de 2015, estabelece as relações entre as atividades pelos valores de transferência, isto é, os valores cheios equivalentes aos pagos pelos compradores e não apenas os valores adicionados, como ocorre nos cálculos do PIB.
Segundo essa ótica, os produtos agropecuários "in natura" correspondem apenas a 4,5% da oferta total (a preço para o consumidor), incorporando os impostos diretos e os custos com logística e comercialização.
Uma grande parte é destinada - como insumo - para o processamento industrial, de tal forma que os produtos industriais de origem agropecuária representam cerca de 8% da oferta. Somando-se a essa os produtos florestais e de mesmo de origem agropecuária (como o algodão e o couro), que representa cerca de 5% da oferta, os produtos da agroindústria representariam 13% da oferta. Considerando o conjunto do agronegócio (ainda não incluindo os agrosserviços) representariam cerca de 17% da oferta total. Essa oferta gera ainda uma demanda de insumos para a produção agro-pecuária-florestal, como os fertilizantes, defensivos químicos e máquinas agrícolas. 
Já os produtos industriais como um todo, incluindo  mais as utilidades pública e a construção, representariam cerca de 48% da oferta total. Se adicionarmos a esses as margens de transportes e de comercialização, os produtos industriais representariam cerca de 58% da oferta total. O que caracterizaria que o mercado ainda demandaria uma maioria de produtos industrializados, ficando a oferta de serviços com 49% da oferta total, dos quais 9% seriam de serviços governamentais. 
Segundo essa ótica a economia brasileira continua sendo uma economia predominantemente industrial e não de serviços, como as contas do PIB aparentariam.

(cont)


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