Renovação no Senado Federal (4)

Dentro da composição partidária quantitativa do novo Senado Federal, Jair Bolsonaro não poderá contar com os votos do PT, mas que são apenas 6 Senadores, 7% do total. Do ponto de vista programático, poderia vir a contar com o voto de Jean Paul, um empresário, que substitui Fátima Bezerra, eleita Governadora do Rio Grande do Norte. Mas precisará que ele deixe o PT, em função da disciplina partidária. 
Ainda sobram 75 Senadores, correspondendo a 93% dos votos. O número chave é de 33 votos, o que a oposição precisaria para barrar a aprovação de uma Emenda Parlamentar. 
A oposição radical está longe desse número. Associando a esquerda moderada alcançaria 21 votos. Para conseguir pelo menos mais 12 votos precisaria conseguir votos dentro do MDB e de parte do PSDB que no conjunto somam 19 votos. 
O PSDB, tradicionalmente estaria mais próxima à esquerda e da oposição, mas está dividida entre os "cabeças pretas" e os"cabeças brancas, ou lisas", esses com duas importantes lideranças: Tasso Jereissatti e José Serra, aos quais poderia ser acrescido Antonio Anastasia. Roberto Rocha, que tem mandato até 2023 e os quatro novos Senadores, ainda são incógnitas (pelo menos para mim). 
Embora a oposição não precise de votos contra, podendo contar com ausências, dificilmente conseguirá reunir votos suficientes para barrar emendas constitucionais.
O desafio do Governo será articular os votos favoráveis. 
Embora tendo alcançada a eleição de apenas 4 Senadores pelo PSL, com a "onda bolsonaro" ajudou a eleição de vários outros Senadores de outros partidos. Como o apoio popular desses é o mesmo de Jair Bolsonaro, poderá contar com os seus votos, sem necessidade de negociações fisiológicas. Será um apoio programático ou ideológico. Formará uma base importante, mas insuficiente para a aprovação das suas propostas, particularmente de Emendas Constitucionais. 
Precisará articular outros apoios e já tem alternativas entre senadores novos, mas veteranos e experientes, como Jayme Campos, eleito pelo DEM do Mato Grosso.
O seu principal desafio será conquistar a adesão do MDB, que quer manter a prerrogativa usual de eleger o Presidente do Senado, com Renan Calheiros se apresentando para tal. Para não ter a bancada do MDB do Senado, terá que buscar alternativa dentro do próprio partido, isolando os "velhos caciques" sobreviventes. 
O risco é uma interferência direta e ser derrotado, com a eleição de Renan Calheiros para a Presidência do Senado, em oposição ao Governo. Bolsonaro perderá as condições de aprovar rapidamente as suas propostas no Senado Federal. 

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