Renovação no Senado Federal

Embora apenas 2/3 do Senado Federal tenha sido objeto das eleições de 2018, garantindo a permanência de 27 dos atuais Senadores ou seus suplentes, até 2023, a renovação foi ampla. 
Dos 54 senadores atuais, cujo mandato vence no final de janeiro de 2019, apenas 8 foram reeleitos. Chegam ao Senado 46 novos senadores, embora nem todos novatos. A renovação numérica geral é de 57 %. 
Há também uma grande uma grande reestruturação partidária: os dois principais partidos, considerados de centro, mantém a hegemonia, porém com substanciais perdas: o MDB continua sendo o partido com maior número de Senadores (11). Conseguiu ainda a eleição de 7 Senadores, dos quais 3 reeleitos. O PSDB não conseguiu a reeleição de nenhum dos seus Senadores, mas teve a eleição de 4 novos, que somados aos 4 com mandato até 2023, mantém-se como a segunda maior bancada.
Os principais avanços foram do "centrão", com o DEM e o PSD, passando a 7 Senadores cada e o PP com 6.
O centrão, no conjunto, contempla o principal bloco, com 25 senadores, um aumento de 3 Senadores.
O PSL, partido pelo qual Jair Bolsonaro foi eleito, conseguiu um grande avanço, pois passa para uma bancada de 4 Senadores, quando antes não contava com nenhum. Somando aos partidos evangélicos, comporia uma bancada de 7 Senadores, todos novos. 
Por outro lado, a esquerda "desidratou", com o PT, perdendo 3 vagas, ficando com apenas 6 cargos. O PCdoB, tradicional aliado perdeu o único cargo que tinha (Vanessa Graziotin). Apenas 2 senadores (Humberto Costa - PE e Paulo Paim - RS) foram reeleitos. Senadores tem mandato até 2023, mas Fátima Bezerra, eleita Governadora do Rio Grande do Norte, deixa o seu lugar para Jean Paul Prates, empresário, sem vínculação radical com o PT. Com exceção de Paulo Paim, tradicional defensor da classe trabalhadora, todos os demais são do Nordeste.
A esquerda moderada, que segregou o PT, por não aceitar as pretensões hegemônicas desse, compõe 15 Senadores, com destaque para a REDE que teve eleito 4 novos senadores.

Mais importante que os números gerais está na formação dos blocos, formais ou não, acima descritas, as mudanças qualitativas e a distribuição regional associada aos partidos.

O MDB teve a maior derrubada, com a não reeleição de vários dos seus líderes (Romero Jucá, Edison Lobão, Eunicio de Oliveira, Roberto Requião, Valdir Raupp e Waldemir Moka, entre outros). Apenas 3 líderes conseguiram ser reeleitos: Renan Calheiros, Eduardo Braga e Jader Barbalho. Somam-se a Fernando Bezerra Coelho e Simone Tebet que tem mandato até 2023. Entre os novos retorna ao Senador Jarbas Vasconcelos, que é um dissidente e Confucio Moura, ex-governador de Rondônia. Esses são os nomes de maior peso dentro da bancada do MDB, completado por mais 4 Senadores. Dentro dela dominam as regiões Norte-Nordeste-Centro Oeste, com 10 Senadores e apenas um do sul (Dario Berger de SC, com mandato até 2023). O sudeste não tem nenhum Senador dentro do MDB.
No PSDB também houve uma grande "limpeza" nas lideranças tradicionais com a não reeleição de Aécio Neves (MG), Cassio Cunha Lima (PB) e Ricardo Ferraço (ES). É o partido com maior representação do Sudeste, com José Serra (SP) e Antonio Anastasia (MG), com mandato até 2023 e eleição de Mara Gabrilli (SP).
Dentro do Centrão, Ciro Nogueira (PI), presidente do PP conseguiu ser eleito, formando uma bancada de extensão regional, com dois senadores do Sul, um do norte, um do centro-oeste e mais um do nordeste. 
O PSD ainda tem 2 senadores, com atuação proeminante: Lasier Martins (RS) e Otto Alencar (BA). Com a eleição de Angela Coronel (BA), o partido fica com duas vagas da bancada estadual, concorrendo com Jaques Wagner (BA) um do líderes do PT. No Rio de Janeiro, conseguiu a eleição de Arolde do Oliveira (RJ), associado a Flávio Bolsonaro (RJ). 
O PSL alcançou apenas 4 vagas, distribuidas nacionalmente: um no Rio de Janeiro (Flávio Bolsonaro), um em São Paulo (Major Olimpio) e duas novatas no Centro-Oeste: Juiza Selma Arruda (a Moro do MT) no MT e Soraya Thronick no MS.

Com essa nova composição do Senado qual será a estratégia do Governo Bolsonaro para conseguir a aprovação das suas propostas no Senado?

(cont)





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