Circunstancias especiais fazem com que uma análise estritamente mensal, tenha que ser estendida para os primeiros 10 dias de fevereiro.
No dia 1º a eleição para Presidência da Câmara dos Deputados, marcou uma vitória do Governo, mas uma derrota pessoal de Onyx Lorenzoni. Na realidade do Governo Paulo Guedes, a facção mais importante do condomínio Bolsonaro. Rodrigo Mais já se assumiu como o líder do Governo Guedes e está articulando apoios para a aprovação da reforma da previdência, segundo a sua versão, não a desejada por Onyx. Onyx se vê obrigado a articular o baixo clero da Câmara, para a aprovação da reforma previdenciária, ainda que não nos moldes que deseja. Apesar do conflito interno, que poderá atrasar o encaminhamento da proposta e o próprio andamento dentro da Câmara dos Deputados, os acontecimentos apontam para uma aprovação difícil, mas provável da PEC, que requer 308 votos entre os 513 deputados federais.
Já no Senado, Onyx Lorenzoni teve uma importante vitória, mas parcial. Ao promover a candidatura de Davi Alcolumbre, para derrotar Renan Calheiros, conseguiu que aquele fosse eleito Presidente do Senado, garantindo a gestão do regimento, para dar encaminhamento à PEC, dentro do Senado. Mas Davi Alcolumbre, tampouco Onyx Lorenzoni, garantem os 49 votos dos Senadores, para a aprovação da PEC da Previdência. Alcolumbre não fará o mesmo papel de Rodrigo Maia, de liderar uma base de apoio a favor da Reforma Previdenciária. Quem seria o líder natural, pela condição de filho do Presidente, foi ferido antes de alçar voo. Flávio Bolsonaro, além disso, tornou-se o alvo principal do ódio de vingança de Renan Calheiros.
Ainda falta esse líder dentro do Senado, ficando o Governo na dependência da pressão popular, através das redes sociais.
O prolongamento da internação de Bolsonaro, com a sua resistência, instado pelos seus filhos, em transferir o poder ao seu Vice-Presidente, General Mourão, evidenciou que nas principais questões, o Governo caminha através dos seus delegados plenipotenciários, contando com a anuência ou homologação posterior do Presidente. Tanto Sérgio Moro, como Paulo Guedes não esperaram pelo retorno efetivo de Bolsonaro à Presidência e apresentaram à sociedade as suas propostas de Reforma Previdenciária e da Legislação contra o Crime. As de Guedes, ainda com vários pontos em aberto. As de Sérgio Moro, bem definidas, mas colocadas para debate, junto à sociedade. E não deixa muito espaço para Bolsonaro definir, tampouco palpitar.
Os primeiro dias de fevereiro consolidaram a imagem de que o Governo Bolsonaro é um governo fracionado, com Ministro fortes e independentes e um Presidente fraco, sem condições de comando e enquadramento desses Ministros. Embora tenha poder formal de demití-los não pode fazê-lo, sem colocar em risco o seu próprio mandato.
A fraqueza explícita do Presidente, enfrenta outro problema que é a sombra do seu Vice-Presidente, General Mourão. As manifestações dele, tem levado à percepção por parte dos bolsonaristas de que está melhor preparado para presidir o Governo, do que o próprio Presidente eleito. Diante dessa percepção os filhos de Jair Bolsonaro e seus seguidores não querem o pai dê espaços àquele. A movimentação dos filhos do Presidente acabam tendo efeito contrário ao desejado. Trouxeram a público um conflito interno, que irá perdurar ao longo do ano.
Essa ofensiva dos "Bolsonaro's boys" empana, antecipadamente, o cenário da lua de mel, levando a realidade mais próxima ao cenário "relacionamento instável". A ofensiva amplifica, perante a sociedade, os problemas de Flávio Bolsonaro, fomentada pela mídia, desenhando uma trajetória mais próxima do cenário "frustração e desencanto".
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