A onda bolsonarista representa um movimento democrático de desocupação do Estado de seus principais ocupantes e uma reocupação parcial.
A reocupação seria parcial porque um dos objetivos do movimento é reduzir o tamanho do Estado e retirar dele uma série de atividades e transferências à sociedade e economia privadas.
Ao longo de muitos anos, sempre acompanhado por um pouco relevante deputado, representando uma minoria, o Estado Brasileiro foi sendo ocupado por grupos políticos, associados ao que foi cunhado como "presidencialismo de coalizão".
Essa ocupação na cúpula foi sendo organizada para "roubar o Estado", associando-se a grupos empresariais, afeitos a esse modelo.
Essa ocupação organizada, abriu espaços para desocupações desordenadas, por grupos "bárbaros" que se acharam no direito de ocupar os espaços públicos ou privados abandonados, com as suas marcas (grafites e pichações) ou mesmo mediante invasões territoriais.
Uma reação de desocupação do grupo político de cúpula, começou pela persistência de um Juiz Federal de 1ª Instância, que puxando o fio da meada de processos de lavagem de dinheiro, chegou bem próximo à chefia suprema do mecanismo. Com as investigações e penalizações de Operação Lava-Jato promoveu uma ampla desocupação do lado empresarial envolvido nos "mal feitos" e, parcialmente o lado político.
Movimentos subsequentes em âmbito estadual, como no Rio de Janeiro, promoveram novas desocupações, mediante prisões de ex-autoridades e também de outros ainda ocupantes da cúpula estatal.
Com o apoio manifesto em movimentos de rua, de parte da sociedade, fomentou um ambiente favorável à desocupação do Estado por essas personagens, organizadas em quadrilhas partidárias.
A sociedade, democraticamente, através do voto, ampliou esse movimento de desocupação, não reelegendo a maioria dos atuais ocupantes ou dos representantes das mesmas "quadrilhas".
Alguns ainda conseguiram sobreviver por terem, supostamente, abandonando-as e migrando para a oposição a essas. Como o Senador reeleito Renan Calheiros, por Alagoas.
A onda bolsonarista é parte fundamental da estratégia militar de conquista territorial, começando pela desocupação dos atuais ocupantes ou subjugando-os pela força física ou mental.
Uma grande desocupação foi promovida pela não reeleição de deputados, senadores e governadores, o que só se efetivará no início de 2019. Os cargos executivos desde o dia 1 de janeiro. Os legislativos ainda com uma sobrevida vegetativa de mais um mês.
No legislativo a desocupação será de imediato reocupada com os novos eleitos.
Ao assumirem os governantes do movimento bolsonarista, irão promover uma ampla desocupação dentro das respectivas máquinas administrativas, dispensando os comissionados não servidores públicos e devolvendo aos seus cargos de origem os servidores públicos comissionados, já que esses não podem ser demitidos, sem justa causa.
A desocupação em massa irá promover um vazio gerencial, com a paralisação do funcionamento do Estado em diversos setores.
Uma eventual paralisação demorada, pelas indecisões dos governantes em preencher os cargos de chefia, irá gerar insatisfação da população que contou com uma reocupação renovadora.
A desocupação é tarefa simples. A reocupação complexa e perigosa.
(cont)
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