O Presidente Jair Bolsonaro, com o receio de uma nova greve dos caminhoneiros, tomou uma decisão intempestiva, mandando a Petrobras suspender o aumento do preço do diesel. Essa intervenção levou a uma perda de 32 bilhões de reais no valor de bolsa da Petrobras. E gerou um clima de desconfiança e de insegurança do mercado.
Essa é a versão plausível, divulgada pela mídia, aceita de forma generalizada, mas que não "fecha".
Jair Bolsonaro é um ex-militar, cercado de generais, com um ativo sistema de informações, gerido pelo General Augusto Heleno, tido como o principal interlocutor do Presidente, dentro do Palácio do Planalto.
Portanto, as circunstâncias não eram nada inusitadas, ou imprevistas, mas inteiramente monitoradas, tanto do lado da movimentação dos caminhoneiros e empresas de transporte, como do lado do mercado internacional de petróleo. A variação do preço do óleo diesel, nas refinarias, estava dentro de um calendário pré-estabelecido.
Lideranças de caminhoneiros que tiveram o apoio do então deputado Jair Bolsonaro em maio de 2018, tentaram uma mobilização para uma nova greve no dia 30 de março. Que não ocorreu.
A primeira hipótese da frustração da greve - a mais plausível e de pleno conhecimento do Sistema Presidencial de Informações - é que eles não conseguiram a suficiente adesão da classe. Se deflagrassem a greve, com a expectativa de repetir a repercussão de maio / junho de 2018, seria um grande fiasco e perderiam tudo o que conseguiram com a greve anterior.
Para evitar o fracasso suspenderam a greve, alegando negociações com o Governo para o atendimento das suas reivindicações, incluindo o maior prazo para os reajustes do preço do diesel, acertado, nos acordos anteriores, em 15 dias.
Se houve negociações e acordo, não foram com os escalões superiores do Governo. Ou conseguiram fazer, na total "surdina", com a mídia "comendo mosca". Nenhum jornalista conseguiu detetar reuniões secretas entre os caminhoneiros e o Governo, apesar da relevância e impacto potencial das mesmas na vida das pessoas.
Se houve um acordo, através de um dos lideres dos caminhoneiros, entre muitos, com o Governo, para ampliar o prazo dos reajustes para 30 dias, não contaram para o Presidente Bolsonaro. Ou este sabia e não combinou com a Petrobras.
Ou seja, o Governo sabia que o risco de uma nova ampla greve dos caminhoneiros tinha sido abortada, por falta de adesão. Não precisou o Governo se preparar para contingenciar as paralisações pontuais, evitando a sua expansão.
O contingenciamento era simples: "os caminhoneiros dispostos a greve, poderiam fazê-lo. Mas não poderiam fechar as estradas, nem fazer piquetes para evitar a circulação daqueles que não quisessem aderir". Bastaria mobilizar a Polícia Rodoviária, multar os infratores e desimpedir os bloqueios. Se necessário poderiam recorrer ao Exército. Era só o Governo, dominado pelos militares querer.
Se havia possibilidade de uma greve do caminhoneiros era porque o Governo queria ou deixaria acontecer.
Segundo um dos líderes dos caminhoneiros "o Jair está conosco". Em 2018 o Jair estava contra o Governo. Contra quem está em 2019? Contra o Governo dele?
O "Jair" sabia previamente do aumento do preço do diesel. Só não sabia de quanto seria. Mas poderia ter usado a autoridade de Presidente para interferir previamente. Se não o fez e se fez de surpreendido, porque o fez?
Foi mesmo por incompetência, por falta de capacidade de governar, ou teve outras intenções. Quais seriam essas? Aparentemente, enfraquecer Paulo Guedes, que nem foi consultado.
Estaria Jair Bolsonaro dispensando o Posto Ipiranga?
(cont)
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