Uma seita ainda forte

Conforme previmos no artigo deste blog do dia 24 de maio, a mobilização do dia 26 foi inteiramente da seita bolsonarista, sem o apoio do resto da sociedade. Provavelmente dado o radicalismo da pauta daquela. 
O volume de manifestantes mostrou que a seita ainda tem muitos adeptos e - aparentemente - os últimos acontecimentos contribuiram para a aglutinação e fortalecimento daquela. 
Não foi nada de estrondoso e pode até ter ficado pouco aquém da movimentação do dia 15, feita pelos estudantes contra os cortes na educação, mas também não foi um movimento pífio ou esvaziado. Foi uma demonstração de força e coesão da seita, fazendo com que os parlamentares do PFL e dos que aderiram à base aliada de Bolsonaro, sejam inteiramente guiados pelos integrantes da seita, através da rede social. 
Eles são inteiramente guiados pelos adeptos, que não aceitam concessões e acordos. Se o fizerem serão xingados, considerados traidores e bombardeados pela rede social.
Foi o que ocorreu na votação da Medida Provisória 870 em relação à recriação de dois Ministérios e a devolução do COAF ao Ministério da Economia. A pauta deixou de ser institucional, para passar a ser pessoal. A discussão para a seita deixou de ser a localização do COAF, no organograma federal: se no Ministério da Justiça ou no da Economia? Mas ficar com Moro ou com a Economia. De um lado uma vinculação pessoal, de outro institucional. 
Do ponto de vista estratégico a seita incorre em erro e um grave risco. Se insistir no Senado, por pressão dos seus adeptos, na manutenção do COAF com Sérgio Moro, obrigando a MP a retornar à Câmara dos Deputados, uma eventual obstrução do centrão ou da oposição, sem uma ação vigorosa dos Presidentes do Senado ou da Câmara, a MP caducará. E caducando os dois Ministérios serão recriados e o COAF ficará com o Ministério da Economia: simples assim.
A radicalização da seita, mobilizando os seus adeptos e controlando os seus deputados e senadores, limitará a atuação desses, impedindo-os de fazer qualquer acordo ou concessão, que a turba não concorde. Isso os levará à marginalização, com perda de protagonismo. Terão que aceitar ou não, após consulta às suas bases, o que for proposto pelos demais. 

(cont)

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