Vencedores e vencidos; vencedores e vencedores

A profunda divisão política da sociedade levou a separação entre vencedores das eleições de 2018  e vencidos, com os primeiros valendo-se da vitória para expurgar os perdedores da máquina governamental, assim como impor a sua pauta, sob protestos e resistência dos perdedores. 
O principal perdedor político foi o PT e o Governo dos vencedores ainda está tentando acabar com os vestígios petistas, principalmente as ditas posições "progressistas", mesmo com apoio mundial.
A área do meio ambiente é o caso mais evidente. Durante a campanha e a transição, a idéia dos vencedores era simplesmente eliminar a intervenção do Estado na defesa do meio ambiente, extinguido o Ministério do Meio Ambiente e entidades correlatas. A resistência dos setores ambientalistas impediu a extinção do Ministério. Com a permanência do Ministério foi designado um Ministro para desmontar - por dentro - o Ministério. Apesar do apoio internacional, os ambientalistas brasileiros vem perdendo "posições" para um governo "anti-ambientalismo", que se considera eleitoralmente vencedor nesse tema. Os números favorecem essa visão, não obstante a persistente resistência.
Já em outros temas a disputa é entre vencedores e vencedores. Ou melhor, entre os que se consideram vencedores e responsáveis pela eleição de Jair Bolsonaro.
Os evangélicos, liderados por Silas Malafaia, consideram-se vencedores e pressionam Jair Bolsonaro a cumprir promessa a eles de transferir a Embaixada Brasileira em Israel para Jerusalém, o que tem motivação religiosa. Mas o agronegócio que também se considera vencedor e responsável pela eleição de Bolsonaro, é contra, por prejudicar os seus negócios com os árabes. Neste caso, por enquanto, Bolsonaro decidiu a favor do agronegócio.
Já no caso dos caminhoneiros, uma das lideranças, que, na greve anterior, contou com o apoio de Bolsonaro e Onyx Lorenzoni, pressiona o Governo para atender as reivindicações da categoria, prometida àquele. Contrapõe-se ao mercado, que também se considera vencedor e responsável pela eleição do ex-capitão. Neste caso, Bolsonaro não conseguiu se definir inteiramente, alternando posições, com avanços e recuos. 
O problema de governo de Jair Bolsonaro é que ele teve poucos perdedores e muitos vencedores, cada qual cobrando o apoio que deram à sua eleição.

(cont)

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