O sistema político-eleitoral brasileiro faz que com que ocorram duas eleições concomitantes, mas em condições distintas: uma é nacional, com todos os eleitores do pais votando ou podendo votar num único candidato à Presidente, junto com um vice-na chapa. Há um vencedor, pois o cargo é único. Todos os demais são perdedores.
Respeitadas as leis, o vencedor pode submeter os perdedores aos seus desígnios, com base no apoio popular. Pode pretender impor a sua pauta e sua visão de mundo, porque seriam as mesmas dos seus eleitores que o levaram ao cargo.
Concomitantemente há uma eleição para o Congresso Nacional, com a eleição da totalidade da Câmara dos Deputados, com 513 cargos e parte do Senado. Com uma substancial diferença. São eleitos estadualmente e não nacionalmente. Ademais, com mínimos e máximos, de tal forma que cada eleitor não "é um voto", como no caso presidencial.
Cada parlamentar eleito se considera um vencedor.
A visão ou pretensão do Presidente e muitos da sua equipe que querem impor a sua pauta e propostas aos parlamentares tem como resposta implicita ou explícita: "nos também somos vencedores. Não somos perdedores".
E muitos parlamentares tem o mesmo eleitor que votou no Presidente vencedor. Ao tentar apelar para o "seu eleitor" para dar uma "prensa" no parlamentar encontra uma resistência daquele que dá prioridade ao deputado ou senador e não ao Presidente.
O problema de Jair Bolsonaro não é com os perdedores. Esses estão acuados, desorientados e a única coisa que é ainda tem é a resistência. Resistência cada vez mais fraca e sem perspectiva da chegada da 7ª cavalaria ou equivalente, a curto prazo.
O problema de Bolsonaro é com os vencedores. Por se considerarem também vencedores querem compartilhar o governo, assim como a definição de políticas públicas e de medidas estratégicas.
O Presidente se recusa ao compartilhamento, denunciando as tentativas como sendo da "velha política", que prometeu combater. Esqueceu-se ou desconsiderou que a "velha política" se faz com os vencedores e não com os perdedores.
Será que a "nova política" se fará com os perdedores?
(cont)
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