Nunca gostei do modelo de voto distrital para a eleição de deputado federal. Por um motivo simples: o voto distrital levaria os deputados a serem "vereadores federais".
Tinha uma suspeita de que muitos deputados federais atuavam como tal e o voto distrital só reforçaria essa condição. Que considero indesejável.
Empreendi uma pesquisa sobre a origem local dos votos dos deputados eleitos, começando com uma pesquisa piloto no Espirito Santo, estendida depois para o Rio de Janeiro. E com levantamentos pontuais na Bahia, Minas Gerais e São Paulo.
Os levantamentos confirmaram a suspeita e mostraram que o sistema eleitoral brasileiro para a eleição da Câmara Federal é - de fato - um sistema distrital misto. Porém à brasileira e não no modelo alemão, pregado por muitos analistas, políticos e autoridades.
A parte maior dos 513 deputados federais é eleita distritalmente. Pelas estimativas preliminares, da ordem de 60%. Cerca de 10% é eleita estadualmente, isto é, com votos em todo o Estado. São os campeões de votos, em geral, com campanhas milionárias.
Os restantes 30% não tem base distrital suficiente para serem eleitos, mas não tem votos em todo o Estado. Teriam votos em vários (não muitos) distritos.
E resultam na qualidade deplorável da composição da Câmara Federal.
Adotado o voto distrital haveria, num primeiro momento, a consolidação da eleição de deputados federais como "despachante de interesses comunitários".
Os 60% que tem uma base distrital suficiente para serem eleitos, no sistema atual, concentrariam a sua campanha no seu distrito/reduto eleitoral, com grande probabilidade de vitória, isto é, serem eleitos pelo "seu" distrito.
Com a concentração da eleição em um distrito, abririam espaço nos demais distritos: "distritos sem dono".
O mesmo ocorreria com os eleitos estadualmente. Teriam que escolher um distrito para disputar, o que lhe proporcionaria a eleição, mas também abririam espaço nos demais distritos, para outros candidatos.
Esse seria o espaço preferencial para a renovação.
(cont)
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