Um fato recorrente na história do Brasil foi transformado na "maior operação nunca antes realizada" pela Polícia Federal, gerando grande insegurança na população e graves prejuízos econômicos a empresas e investidores.
A história da indústria da alimentação brasileira registra casos pontuais de adulteração de leite, de derivados de carne, de contaminação de bebidas e outros que vão para as páginas dos jornais e para os tempos do noticiário da televisão e somem pouco tempo depois.
Esta operação teve maior repercussão, pelo desnecessário estardalhaço de delegados da Polícia Federal, na busca dos seus momentos de fama, e por ter atingido marginalmente as maiores empresas brasileiras de alimentos industrializados e grandes exportadoras.
O mercado mundial é sacudido, volta e meia com a epidemia da "vaca loca" na Europa, da gripe aviária em vários países desenvolvidos, da carne de cavalo em hamburgers na China, e vários outros.
Em todos os casos, gerando grandes prejuízos à cadeia produtiva dos envolvidos e dando margem à emergência de novos protagonistas. O Brasil se beneficiou dessas epidemias tornando-se um grande, se não o maior, exportador mundial de proteína animal.
Agora a sua maior epidemia teve mais um das suas áreas reveladas: a corrupção que grassa em toda a administração pública brasileira, evidenciada na inspeção da produção alimentar.
Envolve conluios entre pequenos e médios produtores e fiscais corruptos no sul do Brasil, mas acabou respingando nas duas maiores empresas,
Há várias dimensões envolvidas no episódio, mas a mais importante é a persistência, a resiliência do modelo de extorsão praticado pelos agentes públicos sobre empresas de menor porte.
O modelo tem como pano de fundo um Estado altamente burocratizado que em nome da defesa da população, cria dificuldades para agentes corruptos, em seu nome, vender facilidades.
Não há no Brasil, nenhuma empresa 100% regular em relação a todo o emaranhado de leis, decretos, resoluções, portaria e outras normas. Há sempre uma pequena falha que a empresa não atentou, mas o fiscal corrupto sim.
E alguma empresa é vítima desse fiscal, que nunca age sozinho. Sempre se forma uma quadrilha. Não corresponde à totalidade da fiscalização, com grande parte isenta da epidemia, mas há também sempre focos. Em determinadas circunstâncias esse foco se amplia e até se alastra para outras áreas e regiões.
A empresa vítima da extorsão paga a propina ou não tem condições de continuar a sua atividades. Se denunciar, poderá ter o seu momento de fama, mas fica condenado "ad eternum", impedido - na prática - de exercer atividade empresarial.
Iniciado por extorsão, chantagem ou concussão, se consolida e se torna a prática comum. Pode ser revertido a um processo de suborno.
O modelo é o mesmo, seja com relação às grandes construtoras de obras públicas, como aos pequenos e médios frigoríficos e produtores de derivados de carne.
O modelo continuou sendo utilizado mesmo depois de deflagrada a Operação Lava-Jato. A Operação Carne Fraca é um dos "filhotes" daquela operação e teve como foco fiscais corruptos inseridos dentro do Ministério da Agricultura. Liderados por funcionários que chegam aos cargos de chefia, por indicações ou apoio político.
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terça-feira, 21 de março de 2017
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