Há carências de médicos nas periferias urbanas, assim como em pequenas comunidades no interior do Brasil. O remédio a ser aplicado não pode ser o mesmo. As razões para a carência são bem diversas.Na periferia das grandes cidades o médico tem que atender a pobreza, mas não precisa morar lá. Um problema grave, porém mais cultural e psicológico é de insegurança pessoal. O que é muito relativo. O "homem de branco" é respeitado e até protegido pelas lideranças das comunidades. O seu risco, no entanto, é não atender ou atender mal os indicados pelas mesmas lideranças. Erro médico, nessas circunstâncias tem um custo muito alto. Mas não é uma questão generalizada.O problema real é o tempo de deslocamento. Com os crescentes aumentos de distância, pela expansão horizontalizada das cidades e os congestionamentos nas vias troncais, o tempo de deslocamento dificulta ou até impede do médico ter dois ou até três empregos. Ele gasta mais tempo em deslocamentos do que em consultas ou atendimento. As suas conquistas passadas de 20 horas semanais tornou-se um obstáculo. A solução é - aparentemente - simples: adoção do tempo integral, regime de 40 horas semanais.
Como a semana tem 168 horas, para unidades com atendimento 24 horas são necessários, 4,2 médicos por posto.Mas não basta ter médicos. É preciso ter equipamentos, instalações e medicamentos. Numa grande cidade essa questão pode ser resolvida por uma rede hierarquizada, com unidades centralizadoras e de referência.Já, nas pequenas comunidades do interior do Brasil, a carência é total e o médico tem que residir na comuniade ou em local próximo, que pode significar pelo menos 40 quilometros. A concepção do seu trabalho tem que ser diferente. Não cabem especialistas por doença ou parte do corpo humano. Ele precisa ser generalista, trabalhar no conceito da saude da família e como padrão a medicina chinesa. Isso significa trabalhar com o seu conhecimento e com a sua experiência em diagnósitco e tratamento geral, sem a necessidade de equipamentos sofisticados. Isso é contraditório com a carreira. Ele precisa ser experiente. Não pode ser um esudante ou recémformado que precisa do apoio dos sistemas de apoio ao diagnostico e tratamento. A menos que seja muito talentoso no diagnóstico visual, auditivo ou táctil. É uma medicina tratada como arte e não apenas como ciência.Não funciona por imposição, ou por objetivos de renda. Decorrem de decisões voluntárias como forma de vida. São comportamentos missionários.E entra em conflito com o corporativismo profissional.
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