Com a proximidade da Copa 2014, já antecedida pela Copa das Confederações, com a abertura de novos estádios houve uma forte elevação dos preços dos ingressos dos jogos, saindo de uma média em torno de R$ 10,00 no Brasileirão 2012 para quase R$ 40,00. O Corinthians, o time com maior público, vem com um ingresso médio na faixa de R$ 30,00, com o menor preço do ingresso avulso de R$ 50,00. O valor do ingresso médio é puxado para baixo pelas meias entradas e sócios torcedores.
Estava ocorrendo uma "elitização do público" atraindo mais famílias, com mulheres e crianças, dispostas a pagar mais por um entretenimento esportivo.
Percebendo a carência de jogos de futebol de melhor qualidade, de um lado, e do poder aquisitivo, de outro, os principais times cariocas acharam em Brasília uma "mina de ouro", passando a programar parte dos seus jogos no Estádio "Mané Garrincha".
O primeiro jogo da série, levado pelo Santos, contra o Flamengo, em maio, bateu todos os recordes do Brasileirão, alcançando um público pagante de 63.501 e uma renda bruta de R$ 6.948.710,00. O Flamengo programou vários jogos, sendo o mais recente, no sábado, 24 de agosto, contra o Grêmio, ficou no patamar médio dos seus jogos na Capital Federal, 20 mil pagantes. Foram colocados à venda 20.580 ingressos, todos vendidos, gerando uma renda de R$ 951.590,00 com ingresso médio de R$ 46,24. O maior volume foi de meia entrada nas arquibancadas superiores, com quase 10 mil pagantes. O clube conseguiu uma renda líquida de R$ 306 mil e mesmo com a penhora de parte, levou para os seus combalidos cofres, R$ 260 mil.
No mesmo final de semana, Brasília recebeu um segundo jogo, com o Vasco levando o jogo contra o Corinthians para o Mané Garrincha, apesar de ter um estádio próprio no Rio de Janeiro. Já o havia feito no jogo contra o Flamengo em julho, quando vendeu todos os 61.767 ingressos, alcançando uma receita bruta de R$ 4.071.170,00, determinando um ingresso médio de R$ 65,91. Quase 37 mil pagaram o menor valor de R$ 50,00, com meia entrada nas arquibancadas superiores.
No jogo contra o Corinthians teria "vendida" a receita, contra um recebimento firme de R$ 1.500.00,00. Foram comercializados 21.672 ingressos, pouco mais que o jogo de sábado do Flamengo, porém a preços maiores, gerando uma arrecadação de R$ 2.070.800,00, elevando o ingresso médio para R$ 95,55. O maior valor, as cadeiras VIP que deixam o vazio central nas transmissões, foi de R$ 300,00 e o menor de R$ 80,00. Quase 10 mil pagaram R$ 100,00, como meia entrada nas arquibancadas inferiores.
Deduzindo os ingressos promocionais a receita dos pagantes teria sido de R$ 1.733.040,00 para 17.450 pessoas, elevando o ingresso médio efetivo para R$ 99,31, quase cem reais.
Considerando as taxas obrigatórias para o INSS e mais as taxas das Federações o empreendedor, que o Governo de Brasília, não divulga, teria tido, desta vez, prejuízo. Mas teria ganho muito em jogos anteriores.
Apesar dos preços elevados nas arquibancadas superiores, além dos custos da viagem, um grupo de torcedores provocaram tumultos, assustando mulheres e crianças, mostrados pela televisão, podendo afastar as famílias que está se querendo atrair para os estádios.Foi uma falha de segurança.
Com esse processo de elitização do público, com o que pode ser caracterizado como "boutiquização dos jogos" a dúvida é se haveria público em grande escala para ingressos populares para retornar ao público de massa. Um nível da ordem de 20 mil pagantes a com ingresso médio em torno de R$ 15,00 provavelmente daria prejuizo ao mandante.
O São Paulo FC, até há pouco o único clube com estádio próprio de grande porte, agora tendo a companhia do novo estádio do Grêmio, em crise esportiva, estando na faixa do rebaixamento para a série B, resolveu promover a atração os seus torcedores, com ingressos mais baratos, alguns a R$ 2,00 para sócio torcedores, no último jogo contra o Fluminense. Dessa vez parece ter funcionado, pois o time conseguiu estancar a série de 11 jogos sem vitória no Brasileirão.
Todos os 55.256 ingressos colocados à venda foram adquiridos, sendo o maior volume o da arquibancada - inteira a R$ 10,00, com 28.013 pessoas. A receita total foi de R$ 658.580,00, determinando o valor de ingresso médio de R$ 11,92, o que reduziu a média anterior de R$ 26,93 para R$ 18,26. Até a 8ª rodada a média de público no Morumbi foi de 10.116 pessoas e de R$ 272 mil de receita média.
Com os preços populares, além de público maior, conseguiu uma receita bem maior, apesar da queda do ingresso médio e ganhos maiores. A sua receita líquida foi de R$ 486 mil, correspondendo a 74% em relação à receita bruta.
Essa situação mostra que, na contra-mão da elitização a popularização deu certo. Seria uma circunstâncias especial?
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