Até os anos sessenta o centro de São Paulo era o centro da cidade, que a esta altura já havia se espraiado para outros municípios, formando a região metropolitana. A sua decadência passa a ficar visível.
Mas essa começa antes.
Começa com migrações de escritórios de empresas para a Avenida Paulista e depois para a Faria Lima, Berrini e Chácara Santo Antonio, provocando o esvaziamento progressivo das atividades de maior renda do centro.
O metrô estava em construção, os bondes haviam sido retirados e o transporte coletivo se resumia aos ônibus e às lotações.
Os anos sessenta marcaram o grande crescimento da frota de automóveis. Diante da oportunidade de ter o seu carro, muitos moradores do centro, em edifícios sem garagens, foram migrando para outros bairros, com os novos edifícios de apartamentos oferecendo as vagas. Itaim Bibi foi o principal polo receptor, seguido dos Jardins, onde era possível construir prédios e de Moema.
Os bairros residenciais tradicionais do centro, como Santa Cecília, Liberdade, Bela Vista e outros foram se esvaziando, com uma vacância elevada dos imóveis, ou a ocupação por moradores com menor renda, determinando menor manutenção, resultando também na deterioração física dos imóveis e do ambiente urbano.
Esse processo seguiu ao longo de 4 décadas, apesar da implantação de diversas linhas e estações de metrô, até que a partir dos anos 10, inciou-se um processo de reversão, com diversos lançamentos de imóveis de pequena metragem, destinadas a jovens com maior renda, "descolados", dispostos a viver no centro, sem carro, valendo-se mais do metrô.
A maturação da cultura de uso mais intenso do metrô levou mais de 30 anos, mas parecia ter chegado.
O mercado imobiliário aproveitou a oportunidade para lançar diversos empreendimentos no centro, usando a alta valorização dos imóveis, como atração para as novas vendas.
No entanto, o excesso de lançamentos teria criado uma bolha imobiliária no centro, que está prestes a estourar. O ritmo de vendas está cada vez mais longo, os investidores perceberam que não terão a rentabilidade e a valorização esperada - pois esta já cresceu demais - e estão deixando de comprar. Os usuários finais também estão reticentes.
A redução de vagas não teria determinada a substituição do carro pelo transporte coletivo (principalmente o metrô), mas a transferência dos escritórios ou residências para outras áreas da cidade.
Se assim for, a revitalização do centro teria sido apenas um "sopro de saúde", com uma nova recaída.
Conseguirá se recuperar novamente? Ou voltará a um processo continuado de degradação?
(ver o artigo completo "O centro da cidade voltará a ser o centro?" na coluna páginas, ao lado direito)
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