A rejeição nacional ao PT em 2018 foi mais ampla, embora tenha reagido no Nordeste, onde o seu candidato, Fernando Haddad, obteve mais votos que o seu opositor Jair Bolsonaro e teve eleito 4 Governadores (Wellington Dias, no Piaui, Camilo Santana, no Ceará, Rui Costa, na Bahia e Fátima Bezerra, no Rio Grande do Norte). Em 3 outros os eleitos foram de partidos coligados.
A eleição presidencial de Jair Bolsonaro não representou apenas uma alternância de poder dentro do campo da esquerda, com a disputa entre PT e PSDB nas últimas seis eleições.
Foi uma forte disruptura no processo político brasileiro, com a emergência "arrasadora" de uma direita até então, inteiramente adormecida ou sufocada.
A "onda bolsonarista" promoveu ainda a eleição de 3 governadores, pelo PSL, todos eleitos no 2º turno e uma bancada de 51 deputados federais. Um grande salto, mas representando menos de 10% do total de cargos na Câmara Federal. No Senado Federal, foram apenas 4, entre as quais a Senadora Juiza Selma, já deixou o partido.
As eleições municipais deverão indicar se a onda bolsonarista, agora com Jair Bolsonaro, na Presidência de República, deverá se manter como grande força político-eleitoral ou terá perdido força. Embora as eleições sejam municipais e não estaduais ou nacional.
O bolsonarismo tem quatro pautas próprias negativas: o antiesquerdismo, centrado no antipetismo e na oposição ao politicamente correto ou progressismo, com destaque para o antiambientalismo e na antipolítica tradicional, caracterizada como "a velha politica".
A pauta antiesquerdista é ampliada pelas relações internacionais, aliada ao Presidente Trump e a dirigentes nacionais de direita.
A principal ou única pauta própria propositiva está na segurança das pessoas, com a defesa do armamento da população. Mas que também pode ser caracterizada como reativa: antiviolência.
Incorporou três pautas de grande efeito político-eleitoral: a economia liberal, o combate à corrupção e a defesa do agronegócio, garantindo uma base eleitoral segmentada.
A pauta antiambientalista ganhou maior destaque em função da piora dos indicadores (desmatamento e focos de incêndios) gerando confronto internacional e fortalecendo um nacionalismo soberanista.
A um ano das eleições, com as regras definidas, começam a aparecer os pré-candidatos, mas por enquanto nenhum candidato de Jair Bolsonaro. Há alguns pretendentes a tal, disputando a indicação pelo PSL.
Em São Paulo, o "Carteiro reaça", mesmo não tendo a mesma densidade eleitoral, se acha o candidato da familia Bolsonaro e disputa a eleição com Joice Hasselmann. Ser ligado à família não quer dizer ser o candidato do Jair. Ele pode apoiar a indicação dos filhos ou ter o seu preferido.
Depois do confronto dos Bolsonaros com a direção do PSL, a principal bolsonarista em São Paulo, passou a ser Carla Zambelli.
Bastará ao candidato se apresentar como o preferido do Jair, para ser eleito? O eleitor vai dar um "cheque em branco" (se é que isso ainda existe) só porque tem o aval do Jair? Quanto isso vale em termos de votos, em cada cidade?
Ou o eleitor vai obedecer ao que Jair mandar? "Eu disse pra votar em fulano, porque ele é meu. Tá kei."Que eleitor é esse? Um eleitor cativo, adepto da seita bolsonarista e vai fazer "tudo o que o mestre mandar"? Sim, mas quantos são em cada cidade. Serão suficientes para eleger o Prefeito?
O que o candidato tem que fazer? Apenas se apresentar perante o eleitorado e dizer "eu sou o preferido do Bolsonaro". Ou vai ter que apresentar propostas?
Que propostas serão essas? A respeito do que?
Para os bolsonaristas a prioridade número zero da cidade é o combate à violência urbana, a garantia da segurança pessoal e patrimonial do eleitor.
Segundo essa visão, em São Paulo, o preferido é José Luiz Datena, condição essa confirmada pelas prévias eleitorais.
Mas com tantos problemas a resolver na cidade, sem propostas para outras dimensões, como saúde pública, educação fundamental, mobilidade urbana, ocupação irregular do espaço urbano, asfaltamento e cobertura de buracos, todas de atribuição do Município, conseguirá chegar à disputa final, contra concorrentes, com propostas mais abrangentes? E como irá se posicionar em relação a questões maiores como o desemprego e a pobreza, que se manifesta na cidade, como "sem tetos", "cracolândia" e outras.
O que marcará de forma evidente a posição bolsonarista, indicando a sua consolidação político-eleitoral ou o seu esvaziamento?
A outra alternativa, aqui já apontada, é que Jair Bolsonaro não interfira direta e pessoalmente nas eleições municipais de 2020, para evitar o evidenciamento da sua posição eleitoral, com vistas a 2022.
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