A única coisa que poderá derrotá-lo será a falta de cumprimento das promessas fisiológicas aos colegas. O que é pouco provável, às custas do dinheiro do contribuinte.
Um eventual envolvimento dele com a Operação Lava-Jato será secundário, embora os adversários tentem magnificá-lo.
O cenário mais provável é que o Governo Dilma tenha que conviver ao longo dos seus quatro anos, com Eduardo Cunha na Presidência da Câmara, tirando o sono dela e dos seus áulicos, vez por outra. Com uma estratégia equivocada o PT não só perdeu a eleição de 2015, mas comprometeu a de 2017, inviabilizando um acordo de rodízio. Mas não pode ser desconsiderada a possibilidade de alguma reviravolta provocada por algum fato não visivel ou perceptível no momento.
Mas, o PMDB da Câmara, apesar do comando de Michel Temer, não terá muito espaço dentro do Executivo. O Governo poderá ceder algum espaço, com muita relutância e negociação, podendo usar esse instrumento para tentar enfraquecer a liderança de Cunha. Tentou na formação inicial do Ministério, não deu os resultados esperados, mas vai persistir. O PMDB da Câmara vai "ficar com os restos". Não vai ficar inteiramente fora porque esses espaços serão a moeda de troca de Cunha para não agir contra o Governo.
A espernça do Governo não é contar com a ajuda de Cunha, mas evitar que ele seja ou fique contra. Os riscos estão nas CPIs, cujos desdobramentos poderão ser terríveis para o Governo.
Já no Senado, apesar de alguns ressentimentos, Renan teve o apoio do Governo e do PT para assegurar a sua eleição, e fortalecerá a posição do PMDB do Senado dentro do Governo.
Renan Calheiros poderá ter enfraquecida a sua posição pessoal em função de eventual envolvimento na Operação Lava-Jato, mas o seu grupo manterá a posição de controle do Senado. Desde que o Governo mantenha ou até amplie os espaços dentro da Adminsitração. As negociações não poderão ser muito miudas, porque o Governo precisará muito do Senado para barrar as iniciativas contrários a ele. Não conseguindo barrar na Câmara dos Deputados precisará muito dos diques do Senado.
Ainda que se livre de pressões mais fortes contra a sua permanência na direção da casa, diante dos seus comprometimentos no escândalo do Petrolão, Renan Calheiros chegará enfraquecido para a reeleição de 2017, levando o Governo, como primeira opção, tentar a Presidência para um petista e, como segunda, um novo nome do PMDB. Ou ainda um tercius, dentro da base aliada.
No quadro atual, o Governo continuará refém de uma política fisiológica, obrigado a um lotemento, agora envolvendo o segundo e terceiro escalão.
Haverá pouco espaço para a tecno e gerenciocracias, o que significa que o Governo Federal vai continuar funcionando mal. A equipe econômica será mesmo uma ilha de competência num mar de mediocridade.
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