quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

A riqueza faz e desfaz o centro da cidade

Por ser um ano de eleição de autoridades municipais, colocamos para discussão as  alternativas básicas de posicionamento que os candidatos poderão ter em relação aos grandes desafios das cidades. Espero que sirvam também para os eleitores balizarem as suas escolhas. Começamos com o tratamento dos centros históricos:
projeto Botti & Rubin na nova Av. Faria Lima

  • seguir as mudanças da população, ajudando a consolidá-las, provendo ou melhorando a infraestrutura e serviços públicos nos novos polos econômicos da cidade, mesmo que em detrimento do centro histórico;
  • sustentar as atividades tradicionais do centro, mantendo a sua vitalidade, principalmente:
    1. "hub" do transporte coletivo;
    2. sedes da Administração Pública;
  • promover a revitalização do centro, reciclando funções, principalmente como:
    1. polo de lazer;
    2. moradia com vasto suprimento de serviços urbanos.
Na primeira alternativa não é definida nenhuma política específica para o centro, o que significa - na prática - não ser dada prioridade ao processo de deterioração. Embora isso não seja explicitada. Uma das razões para essa posição é de que investir no centro é "enxugar gelo". Não há como conter o processo natural de abandono do centro histórico pela própria população. Busca-se, no entanto, a preservação do patrimônio histórico, artístico e cultural, o que, na prática, agrava o processo de degradação econômica.

Na segunda preservar o centro é considerado prioritário, buscando conter o processo de degradação. A estratégia principal é de preservar funções públicas no centro, evitando a mudança dos centros administrativos para novas áreas, concebidos e implantados dentro de conceitos "modernos". São as próprias autoridades que imbuídas do espírito de modernização e de escapar das dificuldades de mobilidade urbana buscam a mudanças das sedes. Assim como o setor privado. Ainda no campo público a manutenção do papel de hub do transporte coletivo deve ser considerado como vital para evitar o esvaziamento do centro.

A terceira alternativa, fortemente defendida por uma facção de urbanistas e da própria sociedade, é a do Poder Público Municipal assumir a responsabilidade de promover a revitalização do centro histórico. Não basta a preservação ou a contenção da degradação. Para isso são consideradas quatro ações ou caminhos principais:
virada cultural
  1. desenvolver atividades de lazer, em todos os campos: esportivo, passeio, cultural e artístico, implantando infraestrutura e promovendo eventos;
  2. promover o centro como ponto de encontro facilitando a instalação de bares, restaurantes, casas de shows e outros locais de reunião da população;
  3. revitalizar os imóveis mediante a sua restauração, pintura das fachadas e outras ações de caráter estética, criando incentivos para os proprietários;
  4. promover a moradia no centro, buscando duas categorias de moradores:
    1. trabalhadores em atividades de menor renda, com trabalho no centro, oferecendo vantagens de redução da movimentação;
    2. jovens de classe média que buscam novos padrões de vida, sem carro, moradias de menor espaço e menor custo, com o suprimento de facilidades por terceiros, dentro da própria área.

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