quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

A globalização é um processo empresarial

Globalização não é uma questão macro econômica, mas resultado das estratégias e ações das multinacionais, principalmente as grandes norte-americanas, em fragmentar as suas cadeias produtivas, por diversas partes do mundo.

Começou logo após o término da Segunda Guerra, como estratégia norte-americana, para conter a expansão comunista na Ásia e teve dois resultados geo-econômico e político importante: o desenvolvimento econômico japonês, cujas principais empresas adotaram o mesmo modelo de globalização e o uso dos demais países asiáticos (com exceção da China), como plataformas de exportação.

Em todos os casos dos países asiáticos, principalmente Taiwan, Coreia do Sul e Cingapura, o modelo criou empresas nacionais, que cresceram dentro do modelo da globalização, como a Acer, Samsung, LG, Hyundai, Jurong e outras, e o desenvolvimento de um mercado interno. Em função do tamanho reduzido das respectivas populações, esse crescimento não levou esses países ao grupo das maiores economias.

A grande mudança no modelo ocorre, com o ingresso da China, aceitando o modelo de plataforma de exportação, atraindo as multinacionais para a produção em território chinês, para suprir os mercados desenvolvidos, principalmente o norte-americano. 

Diversamente do ocorrido com os demais países asiáticos - exceto o Japão - com uma enorme população, o desenvolvimento do mercado interno chinês, trouxe o pais para o grupo das maiores economias mundiais, com a possibilidade de assumir a liderança. E formou grande empresas  chinesas que, inicialmente, voltadas apenas para o mercado interno, vem seguindo o caminho da globalização, algumas por crescimento orgânico e outras por aquisições. 

Lenovo comprou linhas desativadas da IBM. ChemChina assumiu o controle da Syngenta, a Midea assumiu as operações da Carrier no Brasil, etc.

Diante das intenções de Trump, algumas já em execução, as multinacionais norte-americanas vão se retrair da sua atuação global e tenderão a vender os seus negócios fora dos EUA. As empresas chinesas, na sua maior parte estatais, serão as principais ou únicas compradoras. 

A globalização - sob Trump - não deverá se retrair, mas pode se ampliar, porém com uma nova cara. Ou melhor com novos olhos: mais puxados. 

Quem vai cantar de galo não será Trump, mas o próprio: o do ano chinês. 

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