A mobilização poderá se esvair em pouco tempo, como ocorreu com outros episódios semelhantes. Ou poderá alimentar uma grande mobilização nas ruas, provocando grande mudança na vida dos moradores do Rio de Janeiro, com repercussões maiores.
O que aconteceu com o Rio de Janeiro, foi um retrocesso do processo civilizatório, com a reemergência da barbárie.
Grupos mais fortes, baseados nas armas, assumiram o controle de comunidades, submetendo a população às suas normas e cobranças.
O Estado se omitiu nas suas funções de segurança pública, suprimento de serviços de utilidades públicas ou da sua regulação, assim como de serviços de saúde e assistência social.
Sem a presença do Estado, com o seu poder institucional e com o monopólio de atividades públicas, grupos privados passaram a disputar a governança das comunidades, submetidas ao grupo mais forte, pelo medo.
Ao contrário do Estado que tem uma justiça institucionalizada (apesar de defeitos) com regras e penas definidas e limitadas, as penas aplicadas por esses grupos privados são próprias. A pena de morte é aplicada, por julgamentos sumários ou até sem julgamento.
Governam pelo medo, a população submetida paga pela "proteção" e não fala, não denuncia por medo.
A mobilização "Marielle presente" só terá efeitos positivos se as comunidades submetidas às forças espúrias deixarem de se intimidar, e deixarem de dar cobertura àquelas. O principal instrumento será a denúncia.
Vencer a barbárie envolverá guerra. Não adianta clamar paz, para quem não a quer. A barbárie só será vencida quando derrotada (parafraseando Vicente Matheus).
E não será derrotada sem a participação direta da população submetida à ela.
Mobilizações na Avenida Atlântica dão repercussão na televisão e só. Elas precisam ser feita na Avenida Brasil e em outras localidades, onde as populações das comunidades submetidas percebem visualmente e presencialmente o apoio da sociedade organizada.
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