Jair Bolsonaro, no início da sua campanha, sem o apoio dos
grandes partidos, sem o apoio de grandes empresários e das lideranças do
mercado, teve que se valer de corporações, grupos minoritários, marginalizados
pelo “establishment”, mas que ele sempre defendeu – enquanto deputado federal.
Entre esses estão grupos de caminhoneiros e predadores da
floresta amazônica, como garimpeiros irregulares, grileiros, desmatadores,
madeireiras e produtores agrícolas e rurais, em condições irregulares.
Eles se sentiam perseguidos pela política ambiental, criada
por Marina Silva e que o PT manteve, mesmo depois da dissidência dela e da retirada
do partido.
Os antiambientalistas reclamavam junto ao deputado e depois candidato de que o
Governo não os deixava exercer livremente a sua atividade econômica, que a
fiscalização impunha multas astronômicas, impagáveis e que destruíam os seus
equipamentos quando flagrados.
Empoderados, muitos fiscais e mesmo autoridades ambientalistas, extrapolaram as suas atribuições, se excederam na aplicação das penalidades, gerando a reação contrária. Na prática foi estabelecida a indústria da multa, parte por ativismo de radicais, mas uma grande parte, para dar suporte à corrupção.
Jair Bolsonaro prometeu a esses grupos de apoio que, quando eleito, mudaria
tudo e eles voltariam a ter condições de trabalhar livremente. Acabaria com a "indústria da multa". Eleito, cumpriu.
Desmontou a estrutura de fiscalização ambiental, determinou
à estrutura remanescente que não aplicasse
as multas e proibiu a destruição das máquinas e equipamentos encontrados em
atividades de desmatamento ou garimpo ilegais. Orientou aos seus apoiadores a
não pagarem as multas.
Sem fiscalização e punição, esses apoiadores de Bolsonaro,
voltaram a desmatar.
Com a repercussão internacional do aumento do desmatamento,
agravada pelos incêndios, tentou desmentir, desqualificar os dados. Abriu
confronto direto com autoridades europeias, acusando-os de conspirar contra a
soberania do Brasil na Amazônia, mas diante dos fatos foi obrigado a mandar as
tropas do Exército para controlar a situação e com isso conteve a continuidade
do desmatamento e dos incêndios. Mas foi por tempo limitado. A operação militar
terminou.
Bolsonaro está diante da pressão direta dos seus apoiadores
que querem flexibilidade para desmatar e do agronegócio exportador que está sentindo
as restrições dos compradores.
O amanhã vai depender dos vitoriosos. A sociedade, por
enquanto, está mais na torcida do que em ações efetivas.
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