Jair Bolsonaro não entende, nem quer entender de produção cultural. Ele é um consumidor cultural, com as suas preferências e rejeições.
A única preocupação de Jair Bolsonaro, como Presidente da República, com a cultura artística é de censura. De forma direta ou indireta. Ele não quer, de forma alguma, qualquer apoio estatal à produção cultural que ele rejeita, seja por motivos ideológicos ou supostamente religiosos.
Extinguiu o Ministério da Cultura, marginalizou a estrutura governamental do setor, na forma de uma Secretaria Nacional, subordinada ao Ministério da Cidadania, deixando a escolha do titular a cargo do Ministro. O escolhido inicial, deixou o governo para não ser um gestor de censura das manifestações culturais. As substituições foram transitórias, deixando um espaço vazio.
Esse espaço foi ocupado pelo olavismo, dentro da perspectiva de implantar uma cultura nacional "olavista".
A escolha de Regina Duarte para a Secretaria da Cultura, não é para restabelecer o domínio olavista na área, mas retornar ao curso tradicional de se limitar ou focar a cultura artística. Mas não eliminará inteiramente a presença olavista dentro da área.
Estará pronta para retomar o poder na área, com o eventual fracasso de Regina Duarte. Para o que não só irão torcer, como se permitido, sabotar o seu trabalho.
Regina Duarte, ao assumir a Secretaria da Cultura, contará com o apoio pessoal do Presidente, ao qual terá acesso direto, mas cercada de "fogo amigo".
No caso, muito provável, de Regina Duarte não ficar no cargo, por perceber as circunstâncias, o que fará Jair Bolsonaro, com a área: esvaziá-la e mantê-la hibernada ou entregá-la novamente ao olavismo? Com que risco?
Um terceiro cenário de substituí-la por alguém do setor da cultura artística para promovê-la seria pouco provável, uma vez que - como colocado acima - não faz parte prioritária da pauta do Presidente, a menos para censura e discriminação dos "inimigos".
Para Bolsonaro e os seus seguidores fieis, os seus inimigos são considerados "inimigos da Pátria", porque eles se entendem como os lídimos defensores da Pátria.
Regina Duarte terá a missão impossível de pacificar a corporação artística, seja para convencer Bolsonaro que os "artistas de esquerda" não são inimigos da Pátria, ou convencê-los de aceitar o Governo e suas políticas.
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