domingo, 2 de fevereiro de 2020

A ilusão do poder no Estado (VI)

Regina Duarte, deve estar percebendo a manipulação do seu nome, mas fica seduzida pela possibilidade de conduzir uma ação estatal a favor da classe artística brasileira.
É uma visão mais corporativa do que ideológica.
Ao aceitar e consumar o casamento (ainda sem data marcada), irá enfrentar muitas turbulências, com fogo amigo dentro de casa e da corporação ou da classe artística a qual pertence.
Caso se mantenha numa posição de "doce e meiga", achando que pode conquistar a amizade e apoio geral, em pouco tempo será engolida pela corporação burocrática e por grupos de interesse mais ativos. Mas poderá mostrar uma face apenas vislumbrada pela sua coragem em defender as suas posições, de uma atuação política estratégica, organizando os seus exércitos.
Ao tentar atender aos interesses da classe artística, buscando uma conciliação, como tem declarado, irá enfrentar - de um lado - a reação dos bolsonaristas radicais que não aceitam que ela simplesmente se disponha a conversar com os "inimigos". 
Se o documentário "vertigem" de Petra Costa, uma declarada petista, for premiada com um Oscar, ela fará alguma mensagem de louvor. Mais ainda irá receber a diretora? Por outro lado, a diretora, aceitará algum convite para conversar com ela? O radicalismo poderá ser de ambos os lados? Terá ela capacidade de quebrar barreiras?

Uma significativa alternativa, para a qual ela enfrentará enormes resistências e oposição, será assumir a cultura artística, como um elemento econômico, parte essencial da economia criativa e a partir dai se alinhar a Paulo Guedes no sentido de retirar  - ao máximo - o Estado do setor. Seria seguir - antes de tudo - a cartilha liberal na economia.
Uma das principais medidas será acabar com a Lei Rouanet, extinguindo -  por completo - o mecanismo de patrocínio estatal das atividades culturais. O que será produzido e consumido será determinado pelo mercado. Já se declarou a favor desse "desmonte", antes mesmo de qualquer convite para assumir a pasta da Cultura.

Perderá - de pronto - o apoio da maioria da classe artística, de um lado ou de outro, remanescendo apenas pequenos grupos "liberais".

Seguramente terá o apoio do Presidente Bolsonaro, mas poderá não atender aos seus objetivos pessoais que estão na base do convite.

Bolsonaro quer dentro do Governo uma figura popular para fazer frente à popularidade de Sérgio Moro. Regina Duarte tem condições para tal, mas se adotar uma linha econômica liberal de retirar o Estado do setor de cultura artística, a manterá?

Essa poderá decorrer - não das suas ações - mas da coragem em adotá-las enfrentando as contestações de todos os lados da corporação artística. 







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