O motim da Polícia Militar no Ceará representa uma grave quebra na hierarquia militar e um ato de indisciplina, não tolerada por grande parte do Comando das Forças Armadas.
Interferências políticas fazem com que não seja mais unanimidade dentro desse Comando.
O Governo do Estado, sozinho, não tem condições de controlar o motim. Precisa negociar, mas precisa ser firme e prender as lideranças. Precisa do apoio do Governo Federal e, principalmente, do Exército.
O Presidente da República, comprometido politicamente com a corporação, não assume a repressão à indisciplina, até porque ele é um dos iniciadores, nos anos 90, dos atos de indisciplina. Em 2017 foi um dos mentores do motim da corporação no Espirito Santo.
O Ministro da Segurança Pública, atrelado ao Presidente da República, perdeu as condições de iniciativa, o que fez em janeiro de 2019. Ficou omisso.
Diante da gravidade do motim, ampliada por um gesto tresloucado do ex-governador do Estado, atualmente Senador, licenciado, e pela ação de encapuzados o Exército resolveu reagir, independentemente de comando do Presidente.
A ação dos encapuzados indica uma movimentação do "lado podre" da corporação, migrando para as milícias.
Nem todos os encapuzados podem ser policiais militares, da ativa ou da reserva, mas entre eles haverá alguns, como ocorre com as miliciais no Rio de Janeiro, onde o ex-capitão Adriano se tornou o mais conhecido.
Os eventuais identificados serão obrigatoriamente punidos e provavelmente expulsos da corporação. Poderão ser anistiados, mais à frente, como já ocorreu em casos similares.
Mas expulsos, sem direito aos proventos da reserva buscarão na organização das milicias, a condição de sobrevivência: como matadores de aluguel, para "acabar" com os traficantes, ou cobrar taxas de segurança dos comerciantes e demais pessoas.
Só uma forte intervenção militar mitigará esse processo. A intervenção no Rio de Janeiro, mostrou uma redução, mas não a eliminação da ação das milicias.
A ação do Exército mostrará uma divisão dentro do "quadro militar do Planalto" onde no meio dos generais, há um "estranho no ninho", oriundo da corporação da polícia militar. Com o apoio de um Presidente híbrido, com uma carreira militar interrompida, dentro do Exército, para se tornar o principal representante político das corporações policiais.
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sábado, 22 de fevereiro de 2020
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