O resultado do CAGED de novembro é auspicioso, porque tradicionalmente
em novembro começa uma trajetória de queda no estoque de empregos formais,
alcançando o auge negativo em dezembro, por um movimento simples: as empresas
demitem, pela queda da demanda e só voltam a contratar no início do ano.
Como a apuração é mensal, mesmo que haja maior contratação
no comércio até a terceira semana, por conta das compras de Natal, assim que
esse termina, há um grande volume de dispensas, refletindo-se no resultado
negativo do mês. Há outros fatores, como a saída de imigrantes que voltam no período
para o seu domicílio de origem. O setor agrícola está, na sua maior parte, na
entressafra.
O resultado de novembro foi puxado pelo comércio varejista,
com a antecipação das compras de final de ano, aproveitando as promoções do “black
Friday”. Como já comentamos aqui, há uma mudança no comportamento do consumidor
popular, guardando o dinheiro para aproveitar os descontos nas compras à vista
no black Friday, o sentido inicial do modelo. Levou algum tempo no Brasil, mas
afinal “emplacou”.
Antecipou as vendas no comércio, com uma grande diferença no
valor médio (ticket médio). O do black Friday teria sido superior a R$
1.000,00. O do Natal deverá ser muito menos, apesar da liberação do FGTS e da
segunda parcela do 13º salário. Continuará sendo o Natal das Lembrancinhas.
O bom resultado do CAGED é sazonal e preciso entendê-lo como
tal, para não gerar frustrações com os resultados dos meses subsequentes, principalmente
de dezembro.
Dezembro deverá ter uma queda, mas igualmente sazonal. Em
janeiro o agro deverá contribuir para um novo aumento, em função da colheita da
safra da soja e outros.
Ajustados os efeitos sazonais, a tendência é de melhoria no
mercado de trabalho formal em 2020, devendo ultrapassar a marca de um milhão de
novos empregos, nas apurações do CAGED. Nada de excepcional, mas positivo.
A análise setorial mostra que o comércio deu um bom salto, criando 106.834 novos postos de trabalho, associado aos serviços, com 44.287 alcançando mais de 150.000 novos postos. Mas a indústria de transformação continuou perdendo, com uma redução de 25 mil postos.
A construção civil ainda perdeu postos, em novembro, mas menos do que do mesmo mês em 2018. Deverá ter uma queda maior em dezembro em função da chamada "férias do baiano".
O ritmo só será fortalecido se a economia brasileira se
voltar mais para o mercado externo com produtos de maior valor agregado, não
ficando dependente dos surtos do final do ano.
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