O agronegócio brasileiro teve uma grande evolução, por conta das compras pelos chineses, através das grandes tradings internacionais, de grãos, tanto a soja, como o milho.
O agronegócio brasileiro não "vendeu" os seus produtos para a China, mas teve os mesmos "comprados" e atendeu a demanda, entregando os produtos. Ainda é um entregador e não um vendedor.
As perspectivas futuras são de que mesmo com a recuperação dos rebanhos de porcos, a China não aumente substancialmente as suas compras no Brasil, podendo até diminuir, dados os acordos da China com os EUA, para comprar mais produtos agropecuários desse país, como passo para superar a guerra comercial.
O Brasil corre o risco de ter estoques de grãos. Diante dessa perspectiva terá que deixar a posição de entregador, para se tornar - efetivamente - vendedor.
As maiores oportunidades estão no Norte da África e no sudoeste asiático, principalmente na Índia, onde estão ocorrendo os maiores crescimentos demográficos, com reflexo na demanda de grãos e outros produtos agrícolas.
A comercialização internacional de grãos não é feita diretamente entre os produtores e os consumidores, mas com ampla intermediação de um pequeno grupo de tradings internacionais.
São duas de origem indiscutivelmente norte-americanas, uma anglo americana, com passagem pela Argentina e até pelo Brasil e uma francesa. As chinesas começam a entrar no mercado, mas ainda não se firmaram em grãos, embora tenham importante participação em outros produtos do agronegócio, como a Olam, em cacau. Entre as nacionais, no setor de grãos, apenas a Maggi, que tem o respaldo de ser a maior produtora de grãos, tem relevância. Algumas ficaram no meio do caminho.
Todas elas são predominante compradoras, atendendo aos comparadores e buscando no Brasil os fornecedores.
Com o compromisso da China em comprar mais produtos agrícolas dos EUA, como a sua contrapartida na trégua da guerra comercial, as tradings tenderão a dar preferência aos fornecedores norte-americanos, em detrimento aos fornecedores brasileiros e argentinos.
Os produtores brasileiros, com a menor procura dos chineses pelos seus produtos, terão que buscar novos mercados e a questão crucial é se farão através das mesma tradings através das quais entregam os seus produtos, ou se irão criar ou desenvolver canais de comercialização diferenciados para esses novos mercados?
A continuidade de crescimento do agronegócio brasileiro dependerá dessas decisões.
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