O cenário tendencial de Bolsonaro é sua permanência até o final de 2022, não conseguindo a sua reeleição.
Para ele o cenário pessimista é a interrupção do seu mandato, antes de 2022 e o otimista é a ampla recuperação, com a melhoria da economia, somada aos programas sociais, conseguindo a sua reeleição em 2022.
Bolsonaro é um animal reativo que reage com fúria contra os que ele considera como inimigos. Esses são os que o contrariam ou o atacam. É da sua natureza o confronto permanente. Também é um componente forte da sua natureza o instinto de sobrevivência.
Eleito - legal e legitimamente em 2018, pela maioria dos votos válidos - diante das contestações dos demais poderes à sua forma de governar, tentou intimidá-los pela ameaça do uso das Forças Armadas e do apoio popular, mas não foi bem sucedido.
Mantém o apoio firme dos seus adeptos que correspondem a cerca de 30% dos eleitores. Tem conseguido sustentar esse apoio, apesar das sucessivas crises dentro do Governo, mas não tem conseguido ampliar.
O Congresso Nacional não se intimidou e seguir uma trajetória de relativa independência, aprovando as medidas econômicas dentro dos acordos das lideranças, comandado pelo Presidente da Câmara, Rodrigo Maia e rejeitando outras, mesmo que prioritárias na pauta do Presidente.
O Supremo Tribunal Federal, igualmente não se intimidou e seguiu com os processos que afetam diretamente os seus filhos e os grupos mais radicais de apoio.
As tentativas de cercear a atuação dos demais poderes, que ele reclama não o deixaram trabalhar a favor do Brasil, tiveram reação popular, quantitativamente baixa, mas com forte repercussão: grupos populares tomaram a iniciativa de irem às ruas para combate o monopólio dos bolsonaristas e conseguiram contê-los. A reação desses foi com ações mais radicais, afastando os moderados e gerando uma resposta das autoridades, com prisões e outras medidas coercitivas. Com isso Bolsonaro perdeu um apoio mais visível que ele soube usar bem, como pelo passeio a cavalo, como os antigos comandantes da batalhas.
A elite política, ainda que dentro das velhas lógicas analógicas, reagiu com uma sucessão de manifestos e movimentos, como "Direitos Já", tentando repetir o "Diretas Já", tentando formar frentes amplas. Não perceberam que os meios modernos são outros, mas conseguiram o apoio de muitos.
De toda forma, a reação às tentativas de autoritarismo de Bolsonaro, submetendo os demais poderes aos seus desígnios, não tiveram o apoio das Forças Armadas.
Sem forças para seguir a trajetória de confronto com os demais poderes recuou taticamente: fez uma trégua com o STF, através do seu Presidente,Toffoli, afastando os extremistas que proferiam ataques aos Ministros, incluindo Weintraub e não reagindo às prisões das lideranças dos movimentos. Mesmo sem a garantia de paralisação dos processos contra os bolsonaristas, incluindo os seus filhos. Ainda permanece o risco da cassação da chapa Bolsonaro-Mourão. Mas a primeira decisão a respeito indica que o TSE não dará sequência aos processos a respeito, minimizando os riscos.
Em relação ao Congresso retomou em plenitude o "troca-troca" com o "Centrão", para formar uma base suficiente para evitar o impeachment. Em 2020, Rodrigo Maia não irá tomar a iniciativa de abrir um processo de impeachment, se não tiver certeza da sua aprovação, o que é pouco provável. O acordo com o Centrão prevê também o apoio para a eleição de um Presidente da Câmara dos Deputados mais afinados com o Governo, o que lhe daria maior segurança contra os eventuais processos de impeachment. Mesmo que o novo Presidente seja mais afinado com Rodrigo Maia do que com o Centrão, deverá seguir a mesma linha de cautela de Maia.
Tais condições politicas, se podem preservar o mandato não garantem tranquilidade ao Presidente que seguirá gerando turbulências e enfrentará outras promovidas por terceiros.
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