Onde o Brasil errou?
Deixando de lado as avaliações liberais e focando a economia brasileira, comparativamente com a China e India, colegas da BRIC, sob a lente estruturalista, constato que essas duas vem crescendo continuamente, ao contrário do Brasil.
A força motriz tanto da China, como da Índia tem sido a ascensão dos pobres ao mercado de consumo. É o modelo da emergência da nova classe média, alavancado por recursos externos via exportação. O Brasil seguiu trilha semelhante que não se sustentou. Por que?
Levanto aqui uma hipótese. A China optou por alavancar a sua economia pelas plataformas de exportação, aceitando a condição de 'barriga de aluguel' - o que o Brasil, na mesma ocasião, não aceitou.
A força propulsora externa da India é a exportação de serviços. O Brasil optou ou foi levado - pelas circunstancias - a ter nas commodities minerais e agropecuárias a sua principal fonte própria de recursos externos.
Tanto a indústria como os serviços são grandes empregadores de pessoas e com isso um fator multiplicador mais intenso da geração derivada de renda, isto é, a promovida pelos gastos dos trabalhadores incorporados ao sistema produtivo industrial, comercial e de serviços.
As commodities são altas geradoras de renda externa, através das exportações, mas com baixíssima geração de trabalho pessoal, de empregos. Com isso a multiplicação da renda pelos gastos dos trabalhadores foi e segue baixa.
Provavelmente em função dessas circunstancias o Brasil não conseguiu sustentar altas taxas de crescimento.
Os setores de commodities não destinaram os seus ganhos para a multiplicação da renda, direta ou indiretamente. Ao contrário. Obtiveram desonerações tributárias e subsídios governamentais.
A incompreensão dessa dinâmica, seria a causa estrutural da derrocada da economia brasileira.
É a história de nossa economia, com pequenas variações, desde 1500.
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