O Prevent Senior emergiu como um plano de saúde privado para o atendimento aos idosos que vinham sendo prejudicados pelos demais planos, com aumentos nas mensalidades dos clientes, acima de 60 anos, com aumentos progressivos em função da idade.
A eles só restava buscar o atendimento pelo SUS, sobrecarregando-o.
A Prevent Senior, atendendo os idosos, com valores relativamente mais baixos, funcionou como um "colchão" de amortecimento da pressão sobre o SUS.
Era, portanto natural, um substancial aumento de demanda dos seus serviços e também a ocorrência de óbitos.
Como só opera em São Paulo, atrai para a cidade um grande volume de pacientes da região metropolitana, onde tem atendimento parcial e do interior do Estado, onde a sua rede de atendimento não chega.
São Paulo será o epicentro da ocorrência dos casos de contaminação, assim como dos óbitos. Provavelmente é também o principal irradiador do vírus para a maior parte dos demais estados brasileiros. Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, também seriam disseminadores do vírus, trazidos por viajantes do exterior.
Para avaliar o processo de expansão do COVID-19, no Brasil é preciso focar, prioritariamente, São Paulo, cidade e Estado.
A curva estatística de contaminação de São Paulo, segue o padrão ocorrido em outros paises. Os níveis iniciais, decorrentes da contaminação importada, são relativamente baixos e com crescimento exponencial inicial, o que resulta pouco significativo em números absolutos. A segunda onda, isto é, os contaminados pelos primeiros que trouxeram de fora, é ainda pequeno. Mas são esses que vão desencadear a transmissão comunitária. Como na maioria dos casos, a contaminação é assintomática, esses contaminados mantém o seu trabalho, a sua circulação, os seus relacionamentos sociais e vão contaminar terceiros, de forma anônima. A difusão dessa contaminação silenciosa e assintomática, explode em ocorrências sintomáticas, estatisticamente pouco significativas, mas com crescimento exponencial de números absolutos.
O volume efetivo de contaminados é muito superior o que é registrado oficialmente. A maioria sem apresentar sintomas. Na fase inicial eram caracterizados como suspeitos por terem tido contacto com pessoas chegadas do exterior, mais precisamente dos locais de maior incidência, como a região de Lombardia, passando por outras localidades. Como quado ocorreu o primeiro caso, no Brasil, a região de Wuhan na China já estava isolada, supostamente todos os casos ficaram em quarentena.
Mas quando se alcança a fase da contaminação comunitária, todos são suspeitos.
Diante disso, a única saida é o isolamento social generalizado. O isolamento parcial deixa brechas para a contaminação comunitária.
Na cidade de São Paulo, as restrições parciais começaram na quinta-feira, dia 19 de março. A ampliação para o Estado, começam na terça feira, dia 24 de março. Como o tempo de manifestação dos sintomas pode ocorrer entre 7 a 14 dias, a partir da contaminação, até o dia 2 de abril na Capital e 7 de abril, no Estado, algumas ou muitas das ocorrências poderão ser de contaminação antes do período de restrições.
Na segunda semana de abril, que é a santa, teremos um indicador melhor sobre a eficácia das medidas restritivas, indicando se elas precisam ser mantidas, precisarão ser ampliadas ou poderão se afrouxadas.
Até lá o crescimento continuará sendo exponencial. Depois poderá ou não.
Um outro fator elevará a quantidade de contaminados: a ampliação do número de testes. Deverá ser adequadamente interpretado pela autoridades sanitárias. Para a população em geral, com o apoio da mídia, tendente ao sensacionalismo, será de temor generalizado. O que pode favorecer um comportamento preventivo.
O aumento da contaminação, pela ampliação dos testes dará uma informação mais precisa sobre a situação real, hoje mascarada pela limitação dos testes aos casos sintomáticos.
A partir dai a análise estatística, com algorítimos adequados, poderá projetar a procura pela internação, em dois níveis: graves, exigindo "entubação" e outros cuidados em UTI e leves que poderão ser tratados em casa ou em instalações temporárias. A melhor solução é o tratamento domiciliar, com acompanhamento pela telemedicina. Mas nem todos podem contar com essa facilidade, principalmente os moradores das favelas. As instalações que estão sendo montadas atenderão a eles.
O crítico será a demanda por UTIs, ou pelo menos, respiradores mecânicos.
O achatamento da curva, em São Paulo, epicentro brasileiro da contaminação, será nessas duas próximas semanas: esta e a próxima.
A ocorrência da contaminação seguirá crescendo, apesar das medidas restritivas, uma vez que decorrerão, em grande parte, de contaminação assintomática, antes das restrições.
Se a incidência entre eles, de casos graves, requerendo tratamento complexo, for elevado, a menos da eficácia da nova combinação de medicamentos (hdrocoloaquixina + azi) chegaremos ao colapso do sistema, com uma terrivel "escolha de Sofia" (quem será deixado para morrer).
Num cenário otimista, o auge da crise em São Paulo, será esta semana. Será importante, diferenciar os casos de contaminação, os "positivados" em exames, com sintomas daqueles positivados sem sintomas. Se houver queda nos casos positivados sintomáticos, poderá significar o controle da expansão da contaminação.
(cont)
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terça-feira, 31 de março de 2020
segunda-feira, 30 de março de 2020
Notícias promissoras
A análise do comportamento da curva de evolução da contaminação pelo novo coronavirus (SARS-COV 2) no Brasil indica um pequena desaceleração, ainda não consolidada.
Significa que, num primeiro momento, as medidas restritivas de distanciamento social, estabelecidos pelos Governos Estaduais e Municipais tem dado resultados positivos.
Mas aí está o perigo. Pode levar a um relaxamento das restrições e os níveis de contaminação podem acelerar de novo.
O coronavirus não anda de carrinho 1.0. Ele anda de ferraris, com rápida aceleração. Passa para mais de 200 km/hora em poucos segundos.
Questionam-se os números das contaminações, pelas restrições de aplicação de testes. Com a expansão dos testes a quantidade de testes aumentará substancialmente, mas a taxa de aceleração poderá até cair.
O dado mais importante para combater o vírus é o fator de contaminação e a sua velocidade.
Fator de contaminação é o número de pessoas que cada contaminado pode contaminar segundos. E esses terceiros, e assim sucessivamente.
Esse fator, segundo pesquisas do Instituto Butantan teria caido de 6 para 2. Mas sem a transparência da metodologia esses números não são confiáveis.
Há ainda dois flancos vulneráveis na guerra contra o novo coronavirus: as favelas e outras comunidades com grandes aglomerações de pessoas, vivendo em condições precárias e a difusão nacional do vírus.
Não há ainda estratégias eficazes para a contenção da contaminação.
O que chama mais atenção do público é a quantidade de mortos, mas o mais importante é a velocidade da contaminação.
Se o volume de contaminação superar a capacidade de atendimento do sistema de saúde, as mortes irão crescer "absurdamente" por falta de atendimento.
Significa que, num primeiro momento, as medidas restritivas de distanciamento social, estabelecidos pelos Governos Estaduais e Municipais tem dado resultados positivos.
Mas aí está o perigo. Pode levar a um relaxamento das restrições e os níveis de contaminação podem acelerar de novo.
O coronavirus não anda de carrinho 1.0. Ele anda de ferraris, com rápida aceleração. Passa para mais de 200 km/hora em poucos segundos.
Questionam-se os números das contaminações, pelas restrições de aplicação de testes. Com a expansão dos testes a quantidade de testes aumentará substancialmente, mas a taxa de aceleração poderá até cair.
O dado mais importante para combater o vírus é o fator de contaminação e a sua velocidade.
Fator de contaminação é o número de pessoas que cada contaminado pode contaminar segundos. E esses terceiros, e assim sucessivamente.
Esse fator, segundo pesquisas do Instituto Butantan teria caido de 6 para 2. Mas sem a transparência da metodologia esses números não são confiáveis.
Há ainda dois flancos vulneráveis na guerra contra o novo coronavirus: as favelas e outras comunidades com grandes aglomerações de pessoas, vivendo em condições precárias e a difusão nacional do vírus.
Não há ainda estratégias eficazes para a contenção da contaminação.
O que chama mais atenção do público é a quantidade de mortos, mas o mais importante é a velocidade da contaminação.
Se o volume de contaminação superar a capacidade de atendimento do sistema de saúde, as mortes irão crescer "absurdamente" por falta de atendimento.
sábado, 28 de março de 2020
Confusões perigosas
Estaria havendo uma grande confusão entre dois dados distintos, mas interligados: o da contaminação e o de mortes.
As mortes ocorrem entre os contaminados, ainda que em alguns casos a confirmação da contaminação chegue depois do óbito. Na avaliação conjunta dos dois dados, é possível calcular e avaliar a taxa de letalidade.
Já a relação inversa não existe. Os mortos não contaminam os vivos. A evolução das contaminações não é influenciada pelos óbitos.
O problema maior no combate ao vírus é a contaminação, a sua expansão territorial e a evolução histórica.
A contaminação ocorre de pessoa a pessoa. Uma pessoa contaminada poderia transmitir o vírus para outra tantas pessoas, pelo contacto pessoal: aperto de mão, abraço, beijo, simplesmente pelo uso de objeto usado pelo contaminador e, na forma mais explícita, pela tosse ou espirro em local público, com aglomeração de pessoas. Pode ocorrer de forma involuntária, em aglomerações como dentro de um ônibus lotado, em que o contato pessoal é inevitável.
Quando constatada a contaminação, o isolamento do contaminado pode interromper ou reduzir a corrente de contaminação.
Se o contaminado é um idoso, o isolamento é fundamental para a proteção dele, dado o maior risco de morte. Mas um contaminado jovem, com menor probabilidade de morrer, contamina terceiros tanto quanto os idosos.
Num quadro de restrições de testes, em função da carência de "kits" para atender toda a demanda, os idosos são testados prioritariamente pela sua vulnerabilidade. Dai ter maior participação entre os infectados.
O problema maior está nos jovens, que não apresentam sintomas, mas estariam infectados. Como não estão testados, a contaminação não é detectada e incluida nas estatísticas, mas tem poder contaminação igual ao dos idosos. Como seguem circulando e mantendo proximidade social, voluntária ou involuntária, com terceiros estão dando vazão à corrente de contaminação, que pode assumir ritmo exponencial.
Se o primeiro contamina 6, cada um desses 6 pode contaminar outros 6, o que elevaria a contaminação, na terceira onda para 36. Na quarta onda chegaria a 1.296.
Se pelo distanciamento social, a contaminação é reduzida para 2, na segunda onda a contaminação seria de 4, a terceira de 16 e a quarta de 256, uma redução substancial.
Não basta, pois só isolar os idosos contaminados. É preciso isolar os jovens contaminados que se tornam contaminantes. Para isso é preciso universalizar os testes. Todo mundo precisa ser testado, apresentando ou não sintomas, e isolar os contaminados, qualquer que seja a idade.
Não sendo viável a testagem de todo o mundo, a alternativa que as autoridades tem encontrado é o distanciamento social. E se não for suficiente, o isolamento total.
O dito isolamento vertical isolando apenas os idosos e mais vulneráveis, contaminados ou não os protege individualmente, mas não protege terceiros, o restante da população que fica sujeito à contaminação pelos não idosos contaminados, mesmo que não apresentem sintomas.
As mortes ocorrem entre os contaminados, ainda que em alguns casos a confirmação da contaminação chegue depois do óbito. Na avaliação conjunta dos dois dados, é possível calcular e avaliar a taxa de letalidade.
Já a relação inversa não existe. Os mortos não contaminam os vivos. A evolução das contaminações não é influenciada pelos óbitos.
O problema maior no combate ao vírus é a contaminação, a sua expansão territorial e a evolução histórica.
A contaminação ocorre de pessoa a pessoa. Uma pessoa contaminada poderia transmitir o vírus para outra tantas pessoas, pelo contacto pessoal: aperto de mão, abraço, beijo, simplesmente pelo uso de objeto usado pelo contaminador e, na forma mais explícita, pela tosse ou espirro em local público, com aglomeração de pessoas. Pode ocorrer de forma involuntária, em aglomerações como dentro de um ônibus lotado, em que o contato pessoal é inevitável.
Quando constatada a contaminação, o isolamento do contaminado pode interromper ou reduzir a corrente de contaminação.
Se o contaminado é um idoso, o isolamento é fundamental para a proteção dele, dado o maior risco de morte. Mas um contaminado jovem, com menor probabilidade de morrer, contamina terceiros tanto quanto os idosos.
Num quadro de restrições de testes, em função da carência de "kits" para atender toda a demanda, os idosos são testados prioritariamente pela sua vulnerabilidade. Dai ter maior participação entre os infectados.
O problema maior está nos jovens, que não apresentam sintomas, mas estariam infectados. Como não estão testados, a contaminação não é detectada e incluida nas estatísticas, mas tem poder contaminação igual ao dos idosos. Como seguem circulando e mantendo proximidade social, voluntária ou involuntária, com terceiros estão dando vazão à corrente de contaminação, que pode assumir ritmo exponencial.
Se o primeiro contamina 6, cada um desses 6 pode contaminar outros 6, o que elevaria a contaminação, na terceira onda para 36. Na quarta onda chegaria a 1.296.
Se pelo distanciamento social, a contaminação é reduzida para 2, na segunda onda a contaminação seria de 4, a terceira de 16 e a quarta de 256, uma redução substancial.
Não basta, pois só isolar os idosos contaminados. É preciso isolar os jovens contaminados que se tornam contaminantes. Para isso é preciso universalizar os testes. Todo mundo precisa ser testado, apresentando ou não sintomas, e isolar os contaminados, qualquer que seja a idade.
Não sendo viável a testagem de todo o mundo, a alternativa que as autoridades tem encontrado é o distanciamento social. E se não for suficiente, o isolamento total.
O dito isolamento vertical isolando apenas os idosos e mais vulneráveis, contaminados ou não os protege individualmente, mas não protege terceiros, o restante da população que fica sujeito à contaminação pelos não idosos contaminados, mesmo que não apresentem sintomas.
sexta-feira, 27 de março de 2020
Apoio aos "informais"
Ontem colocamos aqui a necessidade de manutenção da renda dos empregados formais, ou celetistas, que são cerca de 45 milhões de trabalhadores ocupados.
Mas a maioria já é formada por um exército desigual de trabalhadores por conta própria, que não dependem de emprego criado por um empregador. Ele é empregado e empregador ao mesmo tempo. Alguns conseguem alta renda, com essa condição e também se formalizam como pessoas jurídicas. Mas não são aceitos como "normal". Por que não tem carteira assinada. Entram no bolo dos indesejados "informais", com alguns sendo considerados ilegais.
É um exército invisível, pouco considerado pelos analistas, considerando-os como trabalhadores de segunda categoria, sob a denominação genérica de informais.
O grande número deles na sociedade e economia brasileira é considerada uma situação inadequada, indesejada, orientando as autoridades no sentido de buscar a sua formalização, a sua transformação em empregados "com carteira assinada". Ou seja, torná-los dependentes da geração de vagas pelos empregadores.
A visão das atuais autoridades econômicas, compartilhada pelos sindicatos dos trabalhadores, é que esse enorme contingente de "informais" é uma anormalidade a ser corrigida, uma forma de precarização do trabalho e que qualquer medida de apoio a eles ajudaria a consolidar uma situação indesejada.
São trabalhadores que não contribuem para a previdência, mas mais à frente terão direito a benefícios. Também não contribuem para os sindicatos.
A maior parte desses "informais" está no comércio, na prestação de serviços e é atingida em cheio pelas restrições de funcionamento das atividades e pelas recomendações para que as pessoas fiquem em casa, em função da crise sanitária do COVID-19.
Alguns analisas perceberam e levantaram que esse exército de informais seriam as primeiras vítimas da crise econômica.
Se muitas pessoas morreriam por subnutrição, por não terem dinheiro para comprar comida, ou vítimas de outras doenças, por falta de tratamento, mais do que as alarmantes mortes de COVID-19, essas estariam predominantemente nesse grupo dos "informais".
Os formais demitidos poderiam passar forme daqui a alguns meses, uma vez esgotados o FGTS, seguro-desemprego e outros benefícios. Essa situação poderia ser antecipada, se ficaram com os salários atrasados ou suspensos.
Diante dessa perspectiva ou nova realidade as autoridades econômicas "perderam rumo". Não estavam preparados para reconhecer esse exército, para eles de "invisíveis". Quanto mais atendê-los.
Uma proposta inicial, de manter os formais empregados, mas sem salários, foi revogada pelo Presidente Bolsonaro, em função da forte reação negativa.
Para atender aos informais, foi proposta um aporte mensal de R$ 200,00.
Diante da omissão ou da timidez das propostas do Executivo, o Congresso, liderado pelo Presidente da Câmara dos Deputados, resolveu assumir o comando das medidas econômicas, dentro da urgência que a situação de crise requeria.
Exigiu do Ministério da Economia a apresentação de um plano emergencial para a "guerra" contra o novo coronavirus.
Diante da resistência desse em ampliar os recursos públicos, para preservar o equilibrio fiscal, argumentando com as restrições da lei de responsabilidade fiscal, o Congresso pressionou pela decretação da situação de calamidade pública, o que aprovou em tempo recorde, assim que o Executivo pressionado propôs.
Em relação aos "informais", o Executivo propôs, mas sem grande empenho. Mais uma vez se posicionou como "fiz a minha parte".
Rodrigo Maia assumiu a visão de "guerra" e a urgência de medidas compensatórias para mitigar os danos. Propos, inicialmente, um aumento do bônus para R$ 300,00 mensais, mas a partir das negociações com as lideranças partidárias, fechou um acordo para elevar para R$ 500,00. No meio da votação, já em plenário, o Executivo levou uma proposta de aumento para R$ 600,00, o que foi aprovado. Foi encaminhado ao Senado, dentro de um acordo partidário para a sua aprovação, sem alterações, podendo - de imediato - ser levado à sanção do Presidente.
Por ocasião da sanção, o Presidente Bolsonaro deverá promover uma cerimônia, com um discurso de apropriação de autoria da medida. Poderá até agradecer a Rodrigo Maia e ao Congresso, dentro da tradicional colocação: "fui eu que fiz".
Mas não terá como esconder um papel secundário e a mídia repercutirá mais a fala de Rodrigo Maia, nas entrevistas logo após a cerimônia, restabelecendo o protagonismo do legislativo.
O Congresso tão mal avaliado pela população, em função das suas ações miudas e da sistemática campanha de Bolsonaro contra ele, ganhará maior respeitabilidade popular, emergindo como a principal liderança institucional na guerra contra o COVID-19.
O que o Executivo reluta fazer o Legislativo tomará a dianteira.
Mas a maioria já é formada por um exército desigual de trabalhadores por conta própria, que não dependem de emprego criado por um empregador. Ele é empregado e empregador ao mesmo tempo. Alguns conseguem alta renda, com essa condição e também se formalizam como pessoas jurídicas. Mas não são aceitos como "normal". Por que não tem carteira assinada. Entram no bolo dos indesejados "informais", com alguns sendo considerados ilegais.
É um exército invisível, pouco considerado pelos analistas, considerando-os como trabalhadores de segunda categoria, sob a denominação genérica de informais.
O grande número deles na sociedade e economia brasileira é considerada uma situação inadequada, indesejada, orientando as autoridades no sentido de buscar a sua formalização, a sua transformação em empregados "com carteira assinada". Ou seja, torná-los dependentes da geração de vagas pelos empregadores.
A visão das atuais autoridades econômicas, compartilhada pelos sindicatos dos trabalhadores, é que esse enorme contingente de "informais" é uma anormalidade a ser corrigida, uma forma de precarização do trabalho e que qualquer medida de apoio a eles ajudaria a consolidar uma situação indesejada.
São trabalhadores que não contribuem para a previdência, mas mais à frente terão direito a benefícios. Também não contribuem para os sindicatos.
A maior parte desses "informais" está no comércio, na prestação de serviços e é atingida em cheio pelas restrições de funcionamento das atividades e pelas recomendações para que as pessoas fiquem em casa, em função da crise sanitária do COVID-19.
Alguns analisas perceberam e levantaram que esse exército de informais seriam as primeiras vítimas da crise econômica.
Se muitas pessoas morreriam por subnutrição, por não terem dinheiro para comprar comida, ou vítimas de outras doenças, por falta de tratamento, mais do que as alarmantes mortes de COVID-19, essas estariam predominantemente nesse grupo dos "informais".
Os formais demitidos poderiam passar forme daqui a alguns meses, uma vez esgotados o FGTS, seguro-desemprego e outros benefícios. Essa situação poderia ser antecipada, se ficaram com os salários atrasados ou suspensos.
Diante dessa perspectiva ou nova realidade as autoridades econômicas "perderam rumo". Não estavam preparados para reconhecer esse exército, para eles de "invisíveis". Quanto mais atendê-los.
Uma proposta inicial, de manter os formais empregados, mas sem salários, foi revogada pelo Presidente Bolsonaro, em função da forte reação negativa.
Para atender aos informais, foi proposta um aporte mensal de R$ 200,00.
Diante da omissão ou da timidez das propostas do Executivo, o Congresso, liderado pelo Presidente da Câmara dos Deputados, resolveu assumir o comando das medidas econômicas, dentro da urgência que a situação de crise requeria.
Exigiu do Ministério da Economia a apresentação de um plano emergencial para a "guerra" contra o novo coronavirus.
Diante da resistência desse em ampliar os recursos públicos, para preservar o equilibrio fiscal, argumentando com as restrições da lei de responsabilidade fiscal, o Congresso pressionou pela decretação da situação de calamidade pública, o que aprovou em tempo recorde, assim que o Executivo pressionado propôs.
Em relação aos "informais", o Executivo propôs, mas sem grande empenho. Mais uma vez se posicionou como "fiz a minha parte".
Rodrigo Maia assumiu a visão de "guerra" e a urgência de medidas compensatórias para mitigar os danos. Propos, inicialmente, um aumento do bônus para R$ 300,00 mensais, mas a partir das negociações com as lideranças partidárias, fechou um acordo para elevar para R$ 500,00. No meio da votação, já em plenário, o Executivo levou uma proposta de aumento para R$ 600,00, o que foi aprovado. Foi encaminhado ao Senado, dentro de um acordo partidário para a sua aprovação, sem alterações, podendo - de imediato - ser levado à sanção do Presidente.
Por ocasião da sanção, o Presidente Bolsonaro deverá promover uma cerimônia, com um discurso de apropriação de autoria da medida. Poderá até agradecer a Rodrigo Maia e ao Congresso, dentro da tradicional colocação: "fui eu que fiz".
Mas não terá como esconder um papel secundário e a mídia repercutirá mais a fala de Rodrigo Maia, nas entrevistas logo após a cerimônia, restabelecendo o protagonismo do legislativo.
O Congresso tão mal avaliado pela população, em função das suas ações miudas e da sistemática campanha de Bolsonaro contra ele, ganhará maior respeitabilidade popular, emergindo como a principal liderança institucional na guerra contra o COVID-19.
O que o Executivo reluta fazer o Legislativo tomará a dianteira.
quinta-feira, 26 de março de 2020
Financiar diretamente o consumidor
O principal motor da economia brasileira é o consumo das
famílias (segundo a nomenclatura das contas nacionais).
Esse consumo é feito – predominantemente – pelos trabalhadores
que recebem os seus salários e o gastam em comida, em remédios, em roupas, em
calçados e outros bens de consumo. Ainda pagam o plano de saúde, prestações da
compra do automóvel, dos eletrodomésticos, telefone celular e outros bens
duráveis. Pode estar pagando aluguel ou prestação da habitação em que moram. Na
casa tem as contas de luz, água, gás e, para alguns, a TV paga, Netflix e
outros.
Com filhos tem ainda encargos com as mensalidades, quando em
escola privada, material escolar e transportes. Tem gastos com a condução, que
quando empregados, pode ser parcial ou totalmente pagos pelo empregador.
Os que tem animal em casa, tem gastos com rações e com o pet-shop.
Gasta ainda, com vários serviços como a academia, a cabelereira
e outros.
Acima de tudo, não está Deus, mas os impostos a pagar.
Numa eventual suspensão de recebimento de salários, podem postergar
ou renegociar as dívidas, mas não podem deixar de gastar em comida, remédios e
condução.
Quando estabelecida a quarentena, com o fechamento de lojas,
exceto os essenciais, fica em casa, consome menos, embora vá ter aumento da conta
da luz, da água, de telefone e gás. O seu salário pode durar um pouco mais. Mas
ao deixar de comprar roupas, de ir à academia ou à cabelereira, reduz a receita
desses estabelecimentos que podem ficar sem dinheiro para pagar os empregados.
A primeira tendência do empregador é colocar em férias ou demitir.
Gera uma corrente de redução das atividades produtivas,
sucedida por demissões, importando numa redução do consumo, provocando um
circuito negativo. A sequência dos circuitos leva a um redução da demanda
agregada, que vai se refletir no PIB, de forma negativa.
Para conter ou mudar o sentido do circuito negativo, em
função das pressões empresariais, as medidas governamentais são orientadas para
auxiliar as empresas, na suposição de que elas vão manter a produção, os
empregos e continuar pagando os salários, com os auxílios governamentais. Isso
ocorre, num primeiro momento, até porque a maioria dos empregados recebeu os salário
do período anterior às restrições. Está gastando menos, porque confinado,
exceto os amedrontados que fizeram compras mais que o necessário. Alguns estão
guardando para voltar a comprar, assim que as coisas se normalizarem. Ou para
aguentar um período sem receber.
Numa eventual continuidade de redução da produção, com
maiores demissões, a redução da massa salarial e fonte de renda para consumo, o
circuito negativo se encorpa. Sem perspectiva de demanda não adianta financiar
as empresas produtoras, porque elas não vão produzir. Não é função, nem vocação
da indústria de produzir para estoque. A menos que vejam perspectiva de demanda
próxima e precisam fazer estoque para atender.
O maior obstáculo é Paulo Guedes e sua equipe que só pensam
em atender as empresas e os investidores, desprezando inteiramente os trabalhadores
aos quais debitam a responsabilidade pelas crises econômica. A visão das
autoridades econômicas não é ajuda-los mas puní-los, como pretendeu fazer com a
primeira Medida Provisória, com o pacote de ajuda.
Não basta a solução para os formais que representam um
contingente da ordem de 45 milhões de trabalhadores. Quantidade igual é de
informais e ainda existe um grande parte de desocupados.
EUA e Reino Unido já anunciaram um programa de apoio trabalhadores,
tanto formais como os informais.
Com as decisões
do mestre Trump é possível que Jair Bolsonaro mande Paulo Guedes, seguir o
mesmo caminho. Para isso poderá contar com a boa vontade do Congresso.
quarta-feira, 25 de março de 2020
"A nossa turma continua firme"
Animado pelo resultado da pesquisa de opinião realizada pelo
Datafolha e estimulado pelo grupo ideológico, liderado pelos seus filhos, Jair
Bolsonaro voltou novamente de lado, deixando de lado o tom conciliador e
colaborativo, adotado no dia 23 de março em reunião com os governadores do
norte e nordeste, para reiterar, em pronunciamento, na noite de ontem, a tese
da histeria e opondo-se às medidas restritivas adotadas pelos governadores, acusando-os
de paralisar a economia e gerar efeitos negativos maiores do que do vírus.
A pesquisa do Datafolha, pouco difundida, realizada por
telefone com 1.558 entrevistados por telefone, entre os dias 18 e 20 de março, portanto,
antes da videoconferência do dia 23, indicaria que entre os que votaram nele
(dado divulgado apenas pelas redes sociais) mais de 50% apoiam as suas
posições.
Entre todos os entrevistados, a sua aprovação ainda tem um
pequeno saldo positivo: soma dos ótimo e bom, menos a soma de ruim/péssimo.
Tais dados devem ter animado o grupo ideológico, tendo os
filhos como porta-vozes junto ao Presidente, com grande poder de influência pessoal,
de que ele, Jair Bolsonaro, deveria manter as posições e rumos originais, mais
consistentes com a sua natureza, reforçando o apoio do “seu povo”. Esse
continuaria firme no apoio ao Presidente, dentro das redes sociais ou no apoio
silencioso.
"Capitão, siga o rumo traçado, confie no seu "taco". Os cães ladram a caravana passa. A nossa turma continua firme".
As manifestações barulhentas dos panelaços não passariam de
tentativa de revide dos “petralhas”, com apoio da “mídia vendida” mas sem
capacidade de minar o moral da tropa bolsonarista. Segundo a versão do grupo ideológico,
a Rede Globo está desesperada com o ingresso no mercado de uma forte
concorrente e está alimentando a histeria, para manter a audiência.
O confronto entre o Presidente e os governadores, agravará a
desorganização da economia. Não havendo coordenação federal e rumos bem
definidos, governadores e prefeitos ampliarão as medidas radicais para atender
aos reclamos da sua população, vale dizer, eleitores.
As restrições mais críticas estão no fechamento de fábricas
de alimentos, assim como a circulação de caminhões com transporte de alimentos.
O confronto pode gerar ou agravar uma crise de abastecimento
alimentar. Cada lado, culpando o outro, com graves consequências para a
população.
Confio que haverá uma nova trégua e conciliação entre o
Presidente e os Governadores afaste esse risco.
Registo aqui o meu receio de que este meu comentário alimente
uma corrida aos supermercados e demais lojas de varejo de alimentação, agravando
um eventual desabastecimento.
Não saiam em desabalada carreira em direção aos
supermercados, para fazer estoques de alimentos.
terça-feira, 24 de março de 2020
Entendendo as estatísticas
As estatísticas sempre captam realidades que são transformadas em números pelas ocorrências ou incidências. Podem unir e misturar realidades distintas, que são uniformes, o que não reflete as diferenças num país tão extenso e desigual, social e economicamente, como é o Brasil.
Uma coisa é São Paulo, o Estado, ao qual pode-se somar o Rio de Janeiro, com grande concentração demográfica, onde está a quase totalidade dos mais ricos do país que conta, em contrapartida, a melhor rede hospitalar do país, notadamente dois hospitais "padrão COPA": o Einstein, e o Sírio Libanês. Mas há vários outros, como o São Luiz, integrado à rede Copa D'Or que é a principal referência hospitalar de alto padrão, no Rio de Janeiro.
Qualquer estatística que não segmente e isole São Paulo, dos demais estados pode levar a conclusões falsas.
A contaminação do COVID-19 ocorre em sucessivas ondas mundiais, com resultados diferenciados por países, em função das medidas governamentais para contê-la. As mortes estão relacionadas com o volume de contágio, apesar de algumas distorções.
Os casos confirmados dependem do volume exames. Em função da limitação das quantidades de exames, a recomendação das autoridades sanitárias tem sido só fazer os exames quando tiver os sintomas de forma recorrente. Como em cerca de 80% a contaminação ocorre, sem os sintomas, isto é, de forma assintomática, o número efetivo de contaminados seria maior.
Já os óbitos estariam relacionados com os contaminados, permitindo calcular e comparar nacional e internacionalmente os índices de letalidade. Mesmo aqui ocorre alguma distorção, uma vez que dado o prolongamento dos prazos para obtenção dos resultados, ocorreram óbitos antes do registro da contaminação.
Mesmo os óbitos poderão estar subestimados, porque os hospitais onde ocorrem preferem apontar causas correlatas do que em decorrência do vírus COVID-19.
Caso se encontre a presença do vírus no PCR (a proteina básica para os testes), a causa-mortis deve ser definda como pelo COVID-19 e comunicada às autoridades sanitárias. Alguns preferem não caracterizar essa, em função da imagem negativa, difundida pela mídia.
São Paulo enfrentou, esse problema, que estaria - aparentemente - superado.
O acompanhamento estatístico dos óbitos em São Paulo, mostra um crescimento exponencial a partir do ... dia, mas a informação genérica e totalizada não permite avaliar adequadamente a curva e projetar o seu comportamento futuro.
Algumas interpretações, no entanto, podem ser feitas. O primeiro caso constatado foi de um executivo/empresário que esteve na Itália, na região da Lombadia, cuja capital é Milão, principal polo industrial italiano e onde se instalou o epicentro do COVID-19 fora da China.
Empresas com unidades na região e em Wuhan, na China, foram os vetores da migração da China para a Europa, levada pelos executivos e técnicos. O brasileiro trouxe de lá para São Paulo, o vírus, provavelmente contaminando passageiros que estavam próximo a ele no avião de volta. Para comemorar o ser retorno promoveu um churrasco em sua casa, com a presença de cerca de 30 pessoas entre familiares e amigos, vários dos quais foram contaminados, mediante exames feitos no Hospital Albert Einstein.
Pelas informações disponíveis, nenhum dos contaminados teve um agravamento do quadro, sendo internado em UTI do Hospital. Todos foram confinados em quarentena nas suas respectivas residências. A partir da primeira onda, que seria o viajante retornante, a contaminação dos passageiros, dos familiares e amigos seria a segunda onda sobre a qual não se tem informações. Também não há informações sobre uma eventual terceira, quarta e ondas sucessivas. Apenas a informação agregada sobre as confirmações de contaminação. Não há informações sobre óbitos desse primeiro núcleo. Alguns já estão curados, sem medicação específica.
Os casos subsequentes foram todos de contaminação importada, a quase totalidade da Europa, com raros casos informados de transmissão por viajantes que estiveram na China. Um grupo de brasileiros que trabalhavam em Wuhan, foram resgatados, voltaram ao Brasil, cumpriram um quarentena breve, e foram liberados, não tendo havido nenhum caso de contaminação.
Não há registro de focos de contaminação grupal, exceto de uma festa de casamento da irmã de uma "influencer digital" num reduto de socilaites e afluentes investidores paulistas, que teriam sido contaminados por um recém chegado dos EUA, já contaminado e espalhou o vírus em segunda e terceira onda. O fato ficou mais conhecido, porque ao contrário dos primeiros e discretos contaminados, uma parte aproveitou para aparecer na mídia. Alcançou ainda celebridades do mundo artístico.
Todos os casos de contaminação comprovada, foram caracterizados como de origem externa, com difusão interna decorrente dela. Sem nenhuma vítima fatal.
Embora divulgada em 26 de fevereiro, a data da ocorrência foi no dia anterior quando o infectado deu entrada no Hospital Albert Einstein e fez o exame que deu positivo para o SARS-COV 2, nome oficial do vírus. Portanto o dia 1 do reconhecimento da presença do virus no Brasil é 25 de fevereiro de 2020, plena terça de Carnaval.
Para efeito folclórico, o Coronavirus chega ao Brasil, no Carnaval. Será tema nos próximos carnavais.
16 dias depois, no dia 13 de março, as autoridades sanitárias informam ter o ocorrido o primeiro caso de transmissão comunitária, onde não se identificou a cadeia de transmissão, a partir de um egresso de área contaminada no exterior. Nesse dia, havia o registro de 98 casos confirmados de contaminação. todos em rede hospitalar privada voltada à alta renda, com origem direta ou indireta no exterior e nenhum óbito. O primeiro óbito só foi registrado 3 dias após, no dia 16, embora tenha ocorrido no dia anterior.
A partir dai começa o crescimento exponencial dos casos registrados e contaminação, já fora dos hospitais acima referidos.
O principal polo de casos confirmados passou a ser o Prevent Senior, uma plano de saúde voltado para os idosos, recusados ou penalizados pelos demais planos.
(cont)
Uma coisa é São Paulo, o Estado, ao qual pode-se somar o Rio de Janeiro, com grande concentração demográfica, onde está a quase totalidade dos mais ricos do país que conta, em contrapartida, a melhor rede hospitalar do país, notadamente dois hospitais "padrão COPA": o Einstein, e o Sírio Libanês. Mas há vários outros, como o São Luiz, integrado à rede Copa D'Or que é a principal referência hospitalar de alto padrão, no Rio de Janeiro.
Qualquer estatística que não segmente e isole São Paulo, dos demais estados pode levar a conclusões falsas.
A contaminação do COVID-19 ocorre em sucessivas ondas mundiais, com resultados diferenciados por países, em função das medidas governamentais para contê-la. As mortes estão relacionadas com o volume de contágio, apesar de algumas distorções.
Os casos confirmados dependem do volume exames. Em função da limitação das quantidades de exames, a recomendação das autoridades sanitárias tem sido só fazer os exames quando tiver os sintomas de forma recorrente. Como em cerca de 80% a contaminação ocorre, sem os sintomas, isto é, de forma assintomática, o número efetivo de contaminados seria maior.
Já os óbitos estariam relacionados com os contaminados, permitindo calcular e comparar nacional e internacionalmente os índices de letalidade. Mesmo aqui ocorre alguma distorção, uma vez que dado o prolongamento dos prazos para obtenção dos resultados, ocorreram óbitos antes do registro da contaminação.
Mesmo os óbitos poderão estar subestimados, porque os hospitais onde ocorrem preferem apontar causas correlatas do que em decorrência do vírus COVID-19.
Caso se encontre a presença do vírus no PCR (a proteina básica para os testes), a causa-mortis deve ser definda como pelo COVID-19 e comunicada às autoridades sanitárias. Alguns preferem não caracterizar essa, em função da imagem negativa, difundida pela mídia.
São Paulo enfrentou, esse problema, que estaria - aparentemente - superado.
O acompanhamento estatístico dos óbitos em São Paulo, mostra um crescimento exponencial a partir do ... dia, mas a informação genérica e totalizada não permite avaliar adequadamente a curva e projetar o seu comportamento futuro.
Algumas interpretações, no entanto, podem ser feitas. O primeiro caso constatado foi de um executivo/empresário que esteve na Itália, na região da Lombadia, cuja capital é Milão, principal polo industrial italiano e onde se instalou o epicentro do COVID-19 fora da China.
Empresas com unidades na região e em Wuhan, na China, foram os vetores da migração da China para a Europa, levada pelos executivos e técnicos. O brasileiro trouxe de lá para São Paulo, o vírus, provavelmente contaminando passageiros que estavam próximo a ele no avião de volta. Para comemorar o ser retorno promoveu um churrasco em sua casa, com a presença de cerca de 30 pessoas entre familiares e amigos, vários dos quais foram contaminados, mediante exames feitos no Hospital Albert Einstein.
Pelas informações disponíveis, nenhum dos contaminados teve um agravamento do quadro, sendo internado em UTI do Hospital. Todos foram confinados em quarentena nas suas respectivas residências. A partir da primeira onda, que seria o viajante retornante, a contaminação dos passageiros, dos familiares e amigos seria a segunda onda sobre a qual não se tem informações. Também não há informações sobre uma eventual terceira, quarta e ondas sucessivas. Apenas a informação agregada sobre as confirmações de contaminação. Não há informações sobre óbitos desse primeiro núcleo. Alguns já estão curados, sem medicação específica.
Os casos subsequentes foram todos de contaminação importada, a quase totalidade da Europa, com raros casos informados de transmissão por viajantes que estiveram na China. Um grupo de brasileiros que trabalhavam em Wuhan, foram resgatados, voltaram ao Brasil, cumpriram um quarentena breve, e foram liberados, não tendo havido nenhum caso de contaminação.
Não há registro de focos de contaminação grupal, exceto de uma festa de casamento da irmã de uma "influencer digital" num reduto de socilaites e afluentes investidores paulistas, que teriam sido contaminados por um recém chegado dos EUA, já contaminado e espalhou o vírus em segunda e terceira onda. O fato ficou mais conhecido, porque ao contrário dos primeiros e discretos contaminados, uma parte aproveitou para aparecer na mídia. Alcançou ainda celebridades do mundo artístico.
Todos os casos de contaminação comprovada, foram caracterizados como de origem externa, com difusão interna decorrente dela. Sem nenhuma vítima fatal.
Embora divulgada em 26 de fevereiro, a data da ocorrência foi no dia anterior quando o infectado deu entrada no Hospital Albert Einstein e fez o exame que deu positivo para o SARS-COV 2, nome oficial do vírus. Portanto o dia 1 do reconhecimento da presença do virus no Brasil é 25 de fevereiro de 2020, plena terça de Carnaval.
Para efeito folclórico, o Coronavirus chega ao Brasil, no Carnaval. Será tema nos próximos carnavais.
16 dias depois, no dia 13 de março, as autoridades sanitárias informam ter o ocorrido o primeiro caso de transmissão comunitária, onde não se identificou a cadeia de transmissão, a partir de um egresso de área contaminada no exterior. Nesse dia, havia o registro de 98 casos confirmados de contaminação. todos em rede hospitalar privada voltada à alta renda, com origem direta ou indireta no exterior e nenhum óbito. O primeiro óbito só foi registrado 3 dias após, no dia 16, embora tenha ocorrido no dia anterior.
A partir dai começa o crescimento exponencial dos casos registrados e contaminação, já fora dos hospitais acima referidos.
O principal polo de casos confirmados passou a ser o Prevent Senior, uma plano de saúde voltado para os idosos, recusados ou penalizados pelos demais planos.
(cont)
segunda-feira, 23 de março de 2020
Sem ilusões
Não alimentem falsas esperanças.
Só há uma forma eficaz de conter o avanço desse terrível e insidioso inimigo que responde pelo codinome de COVID-19: o isolamento social e a paralisação da economia nos grandes centros.
Sem um tratamento de choque ele não será afastado e manterá a sociedade durante muito tempo, sitiada, amedrontada, semi-paralisada, esperando por um milagre.
Esse poderá alcançar os moribundos, com uma combinação de remédios já existentes, que poderá salvar suas vidas, mas sem saber em que condições sobreviverão. As pesquisas e experimentos mostram que é eficaz, eliminando a presença do vírus, mas sem suficientes informações sobre as sequelas. Não tem efeito preventivo.
Sem a redução das possibilidades de contaminação, o número de infectados superará a capacidade de atendimento, e mutos morrerão sem ter acesso às UTIs, e aos medicamentos.
Não podemos esperar pelo colapso do sistema de saúde, para tomarmos as providências que podem ser tomadas já.
Se hoje pararmos o país, amanhã estaremos vivos para recuperá-lo. Se deixarmos para amanhã, na falsa expectativa de que não é preciso parar, o depois de amanhã será muito pior. Como ainda está acontecendo na Itália e na Espanha.
É preciso um tratamento de choque hoje e começar a pensar na recuperação, na reconstrução do país devastado.
Tentar evitar a devastação será enxugar gelo, sem resultados e com gastos que poderão faltar para a reconstrução.
É terrível, mas só venceremos se reconhecermos que estamos em guerra, contra um inimigo poderoso que conta com os quinta colunas.
Só há uma forma eficaz de conter o avanço desse terrível e insidioso inimigo que responde pelo codinome de COVID-19: o isolamento social e a paralisação da economia nos grandes centros.
Sem um tratamento de choque ele não será afastado e manterá a sociedade durante muito tempo, sitiada, amedrontada, semi-paralisada, esperando por um milagre.
Esse poderá alcançar os moribundos, com uma combinação de remédios já existentes, que poderá salvar suas vidas, mas sem saber em que condições sobreviverão. As pesquisas e experimentos mostram que é eficaz, eliminando a presença do vírus, mas sem suficientes informações sobre as sequelas. Não tem efeito preventivo.
Sem a redução das possibilidades de contaminação, o número de infectados superará a capacidade de atendimento, e mutos morrerão sem ter acesso às UTIs, e aos medicamentos.
Não podemos esperar pelo colapso do sistema de saúde, para tomarmos as providências que podem ser tomadas já.
Se hoje pararmos o país, amanhã estaremos vivos para recuperá-lo. Se deixarmos para amanhã, na falsa expectativa de que não é preciso parar, o depois de amanhã será muito pior. Como ainda está acontecendo na Itália e na Espanha.
É preciso um tratamento de choque hoje e começar a pensar na recuperação, na reconstrução do país devastado.
Tentar evitar a devastação será enxugar gelo, sem resultados e com gastos que poderão faltar para a reconstrução.
É terrível, mas só venceremos se reconhecermos que estamos em guerra, contra um inimigo poderoso que conta com os quinta colunas.
domingo, 22 de março de 2020
Hoje em função do amanhã
Invertendo o lema do podcast que tenho falado duas ou três vezes por semana, o hoje está sendo afetado pela perspectiva do amanhã, em função da obsessão de Jair Bolsonaro pela sua reeleição. Ele quer evitar "um novo Jair Bolsonaro", isto é, um candidato surpresa.
Quem quer que ganhe popularidade e pareça ser concorrente à eleição presidencial de 2022 ele, com ajuda dos filhos, busca desconstruir.
Se for algum Ministro, promove um processo de fritura. Assim que tem oportunidade, exonera.
O receio de emergir como candidato, inibe qualquer protagonismo do Ministro alvo.
Fez isso com Sérgio Moro e mantém "na linha", os Ministros mais conhecidos, como Paulo Guedes, Tarcisio de Freitas e Damares Alves.
Com a eclosão da crise sanitária do COVID-19 emergiu, com grande protagonismo, o até então desconhecido Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Atuando com grande independência, contrariando a visão do Presidente. Como esse se omitiu, assumindo a visão de que trata-se apenas de mais uma "gripezinha" que os seus opositores estão escandalizando, gerando uma histeria popular e promovendo a paralização da economia. Tudo para enfraquecer o seu poder e a posição de favorito para as eleições de 2022.
Ao perceber o crescente apoio da sociedade à Mandetta, tentou enfraquecê-lo, iniciando um processo de fritura, alertando que ele tem o poder da caneta e pode demiti-lo. Lançou o nome de um eventual substituto, trazendo junto a si, tratando-o como o seu "médico particular". Teria sido demovido, diante do agravamento da crise e do papel assumido por Mandetta, como comandante da operação de guerra contra o COVID-19.
Tentou conter o espaço de Mandetta que, na omissão dos demais e do Presidente, articulou com os Governadores e passou a discutir medidas além das atribuição do seu Ministério.
Primeiramente, organizou um Comitê de Crise, chefiado pelo General Braga, atual Ministro da Casa Civil que, provavelmente, se mostrou mais inclinado a apoiar Mandetta, do que as orientações presidenciais.
Resolveu, então, assumir pessoalmente o Comando Geral da operação de guerra, para reduzir o protagonismo de Mandetta e o crescimento do apoio popular.
Esse é o seu objetivo principal. Não é combater o COVID-19, até porque acha que não passa de uma "gripezinha". O que ele mesmo quer é conter o avanço de Mandetta, para as eleições de 2022.
É o amanhã, comandando as decisões de hoje.
Quem quer que ganhe popularidade e pareça ser concorrente à eleição presidencial de 2022 ele, com ajuda dos filhos, busca desconstruir.
Se for algum Ministro, promove um processo de fritura. Assim que tem oportunidade, exonera.
O receio de emergir como candidato, inibe qualquer protagonismo do Ministro alvo.
Fez isso com Sérgio Moro e mantém "na linha", os Ministros mais conhecidos, como Paulo Guedes, Tarcisio de Freitas e Damares Alves.
Com a eclosão da crise sanitária do COVID-19 emergiu, com grande protagonismo, o até então desconhecido Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Atuando com grande independência, contrariando a visão do Presidente. Como esse se omitiu, assumindo a visão de que trata-se apenas de mais uma "gripezinha" que os seus opositores estão escandalizando, gerando uma histeria popular e promovendo a paralização da economia. Tudo para enfraquecer o seu poder e a posição de favorito para as eleições de 2022.
Ao perceber o crescente apoio da sociedade à Mandetta, tentou enfraquecê-lo, iniciando um processo de fritura, alertando que ele tem o poder da caneta e pode demiti-lo. Lançou o nome de um eventual substituto, trazendo junto a si, tratando-o como o seu "médico particular". Teria sido demovido, diante do agravamento da crise e do papel assumido por Mandetta, como comandante da operação de guerra contra o COVID-19.
Tentou conter o espaço de Mandetta que, na omissão dos demais e do Presidente, articulou com os Governadores e passou a discutir medidas além das atribuição do seu Ministério.
Primeiramente, organizou um Comitê de Crise, chefiado pelo General Braga, atual Ministro da Casa Civil que, provavelmente, se mostrou mais inclinado a apoiar Mandetta, do que as orientações presidenciais.
Resolveu, então, assumir pessoalmente o Comando Geral da operação de guerra, para reduzir o protagonismo de Mandetta e o crescimento do apoio popular.
Esse é o seu objetivo principal. Não é combater o COVID-19, até porque acha que não passa de uma "gripezinha". O que ele mesmo quer é conter o avanço de Mandetta, para as eleições de 2022.
É o amanhã, comandando as decisões de hoje.
sábado, 21 de março de 2020
O amanhã e o depois de amanhã (5)
A economia brasileira está amplamente dependente do consumo das famílias, que, por sua vez, depende da massa salarial, que foi reduzida, durante a crise de 2014 a 2016, e não consegue se recuperar pela persistência dos níveis de desemprego.
A sua dinamização depende do grau de confiança em relação ao futuro, dessa massa, ou de injeção de recursos de outras fontes, nacionais ou estrangeiras.
A crise sanitária do coronavirus, corroeu o pouco da confiança do consumidor, em relação à sua capacidade de melhorar a sua renda, podendo usar parte da sua poupança, ou de pagar novas dívidas.
O cenário tendencial aponta para um enfraquecimento do consumo das familias, puxando o PIB, para baixo.
As medidas restritivas à movimentação das pessoas, nas grandes cidades, irão ampliar a contenção de consumo. A estratégia das autoridades governamentais de "achatar a curva" de contaminação, para evitar um colapso no atendimento pelo sistema de saúde, fará com que a crise sanitária seja prolongada. Bom para a saúde da população, ruim para a economia, que levará mais tempo para se recuperar.
A alternativa de estimular a economia ainda pelo lado da demanda estaria no aumento dos investimentos, com a injeção de capitais nacionais e estrangeiros em novos empreendimentos ou ampliação física de existentes.
A maior parte dos investimentos estrangeiros realizados nos últimos anos não tem se destinada a novos empreendimentos, gerando maior demanda por equipamento e trabalho. Tem sido usado na compra de empresas, de ativos já existentes. Não se tem clareza sobre o destino que os vendedores deram aos recursos recebidos, mas são poucas as notícias sobre novo investimentos físicos feitos pelos vendedores. Houve uma circulação de capital, sem incrementar a produção e o emprego.
Os investimentos públicos seriam uma alternativa para a dinamização da economia, mas não atendem à condição de emergência ou de choque imediato, seja por restrições de engenharia, como burocráticas.
Não se pode começar uma construção, sem um projeto de engenharia detalhado e os Governos não dispõem de bancos de projetos prontos para execução. Não podem contratar sem licitação, a menos de instituição de regimes excepcionais, como de calamidade pública. Mesmo nesse caso já não contam com um quadro de empresas para atender prontamente as necessidades imediatas.
É uma solução, mas não de efeito imediato, concreto. Mas pode ajudar a criar um clima mais favorável e melhorar os níveis de confiança dos agentes econômicos.
Trazer empresas estrangeiras também pode ser alternativa, mas não de curto prazo.
A resposta mais rápida pode ser dada pela construção de edificações, principal do Minha Casa, Minha Vida.
Os novos investimentos privados em concessões, que ainda dependem de licitação, tem um tempo maior. Mas há contratos já firmados que podem ser acelerados, mediante financiamentos do BNDES. O mesmo ocorre com a renovação de contratos de concessão, tendo investimentos como contrapartida. São possibilidades mais rápidas, desde que o Governo se empenhe em superar entraves burocráticos e políticos.
Esse conjunto de circunstâncias faz com que o cenário tendencial da economia brasileira seja de continuidade do baixo crescimento, refletindo numa variação do PIB, em relação ao ano anterior, de menos de 1%.
O cenário pessimista desenha uma continuidade maior da retração do consumo, como consequência das medidas restritivas de movimentação de pessoas e realização de eventos. Associada à eventual recessão mundial, a economia brasileira também entraria em recessão, em 2020, com uma variação negativa do PIB, a partir do terceiro trimestre, mas com possibilidade de já ocorrer no primeiro.
Diante dessas perspectivas o Governo está propondo algumas medidas para estimular o consumo das famílias, como a antecipação da metade do 13º para aposentados, de agosto para abril/maio. Afirma o Ministro da Economia que outras medidas estão em curso. Mas a sua prioridade absoluta continua sendo as reformas, sendo a primeira a PEC emergencial que permite a redução da remuneração dos servidores públicos.
As medidas emergenciais poderão dar suporte ao cenário otimista, isto é, um crescimento do PIB em 2020 da ordem de 1%, o mesmo nível dos anos anteriores.
A eventual aprovação de algumas das reformas estruturais poderá melhorar o clima, mas será insuficiente para alterar a economia real, que depende de uma dinamização da demanda.
A alternativa brasileira era ampliar a demanda, por maior busca do mercado externo, mas está agora também está travada.
O caminho proposto insistentemente por Paulo Guedes é ineficaz. Necessário mas insuficiente para reanimar a economia.
Restabelecer o equilibrio fiscal, gerar superavit primário, são necessários. são necessários mas acreditar que com isso os investidores estrangeiros irão investir em novos empreendimentos é ilusão. Confiança é uma condição necessária, mas subjetiva para acreditar que as projeções futuras irão se efetivar. O indicador objetivo é que haverá demanda para os seus produtos, gerando receita suficiente para cobrir os custos operacionais e amortizar o capital investido. No jargão técnico, receita suficiente para cobrir opex e capex, gerando um ebtida positivo sustentado.
As reformas não garantem que a demanda interna irá crescer de forma sustentável.
A condição mínima é que o setor público gere superavit corrente, ou seja, um saldo após as despesas de custeio da máquina administrativa, mais as transferências entre os entes estatais, que precisam ser compensadas e consolidadas.
As reformas propostas por Paulo Guedes, poderão gerar um superavit corrente, restabelecendo a capacidade do Estado em investir, em empreendimentos germinativos do desenvolvimento. Mas dentro de dez anos. O que fazer até lá?
A sua dinamização depende do grau de confiança em relação ao futuro, dessa massa, ou de injeção de recursos de outras fontes, nacionais ou estrangeiras.
A crise sanitária do coronavirus, corroeu o pouco da confiança do consumidor, em relação à sua capacidade de melhorar a sua renda, podendo usar parte da sua poupança, ou de pagar novas dívidas.
O cenário tendencial aponta para um enfraquecimento do consumo das familias, puxando o PIB, para baixo.
As medidas restritivas à movimentação das pessoas, nas grandes cidades, irão ampliar a contenção de consumo. A estratégia das autoridades governamentais de "achatar a curva" de contaminação, para evitar um colapso no atendimento pelo sistema de saúde, fará com que a crise sanitária seja prolongada. Bom para a saúde da população, ruim para a economia, que levará mais tempo para se recuperar.
A alternativa de estimular a economia ainda pelo lado da demanda estaria no aumento dos investimentos, com a injeção de capitais nacionais e estrangeiros em novos empreendimentos ou ampliação física de existentes.
A maior parte dos investimentos estrangeiros realizados nos últimos anos não tem se destinada a novos empreendimentos, gerando maior demanda por equipamento e trabalho. Tem sido usado na compra de empresas, de ativos já existentes. Não se tem clareza sobre o destino que os vendedores deram aos recursos recebidos, mas são poucas as notícias sobre novo investimentos físicos feitos pelos vendedores. Houve uma circulação de capital, sem incrementar a produção e o emprego.
Os investimentos públicos seriam uma alternativa para a dinamização da economia, mas não atendem à condição de emergência ou de choque imediato, seja por restrições de engenharia, como burocráticas.
Não se pode começar uma construção, sem um projeto de engenharia detalhado e os Governos não dispõem de bancos de projetos prontos para execução. Não podem contratar sem licitação, a menos de instituição de regimes excepcionais, como de calamidade pública. Mesmo nesse caso já não contam com um quadro de empresas para atender prontamente as necessidades imediatas.
É uma solução, mas não de efeito imediato, concreto. Mas pode ajudar a criar um clima mais favorável e melhorar os níveis de confiança dos agentes econômicos.
Trazer empresas estrangeiras também pode ser alternativa, mas não de curto prazo.
A resposta mais rápida pode ser dada pela construção de edificações, principal do Minha Casa, Minha Vida.
Os novos investimentos privados em concessões, que ainda dependem de licitação, tem um tempo maior. Mas há contratos já firmados que podem ser acelerados, mediante financiamentos do BNDES. O mesmo ocorre com a renovação de contratos de concessão, tendo investimentos como contrapartida. São possibilidades mais rápidas, desde que o Governo se empenhe em superar entraves burocráticos e políticos.
Esse conjunto de circunstâncias faz com que o cenário tendencial da economia brasileira seja de continuidade do baixo crescimento, refletindo numa variação do PIB, em relação ao ano anterior, de menos de 1%.
O cenário pessimista desenha uma continuidade maior da retração do consumo, como consequência das medidas restritivas de movimentação de pessoas e realização de eventos. Associada à eventual recessão mundial, a economia brasileira também entraria em recessão, em 2020, com uma variação negativa do PIB, a partir do terceiro trimestre, mas com possibilidade de já ocorrer no primeiro.
Diante dessas perspectivas o Governo está propondo algumas medidas para estimular o consumo das famílias, como a antecipação da metade do 13º para aposentados, de agosto para abril/maio. Afirma o Ministro da Economia que outras medidas estão em curso. Mas a sua prioridade absoluta continua sendo as reformas, sendo a primeira a PEC emergencial que permite a redução da remuneração dos servidores públicos.
As medidas emergenciais poderão dar suporte ao cenário otimista, isto é, um crescimento do PIB em 2020 da ordem de 1%, o mesmo nível dos anos anteriores.
A eventual aprovação de algumas das reformas estruturais poderá melhorar o clima, mas será insuficiente para alterar a economia real, que depende de uma dinamização da demanda.
A alternativa brasileira era ampliar a demanda, por maior busca do mercado externo, mas está agora também está travada.
O caminho proposto insistentemente por Paulo Guedes é ineficaz. Necessário mas insuficiente para reanimar a economia.
Restabelecer o equilibrio fiscal, gerar superavit primário, são necessários. são necessários mas acreditar que com isso os investidores estrangeiros irão investir em novos empreendimentos é ilusão. Confiança é uma condição necessária, mas subjetiva para acreditar que as projeções futuras irão se efetivar. O indicador objetivo é que haverá demanda para os seus produtos, gerando receita suficiente para cobrir os custos operacionais e amortizar o capital investido. No jargão técnico, receita suficiente para cobrir opex e capex, gerando um ebtida positivo sustentado.
As reformas não garantem que a demanda interna irá crescer de forma sustentável.
A condição mínima é que o setor público gere superavit corrente, ou seja, um saldo após as despesas de custeio da máquina administrativa, mais as transferências entre os entes estatais, que precisam ser compensadas e consolidadas.
As reformas propostas por Paulo Guedes, poderão gerar um superavit corrente, restabelecendo a capacidade do Estado em investir, em empreendimentos germinativos do desenvolvimento. Mas dentro de dez anos. O que fazer até lá?
sexta-feira, 20 de março de 2020
Mandettavirus ameaça a reeleição de 2022
Vencido o auge da crise não haverá condições para o Ministro da Saúde que assumiu grande protagonismo e a liderança nacional do combate ao vírus, permanecer no Governo.
O Presidente Bolsonaro não aceita, em seu governo, nenhuma estrela que brilhe mais que ele. Já está tentando esvaziar o protagonismo do Ministro, com a criação de um Gabinete de Crise, chefiado por um militar, assim como promover a sua fritura, pelo lançamento de um potencial substituto. Quer promover a sua demissão.
Mandetta, embora não seja militar, por dever profissional, assumiu uma missão nacional e não uma missão de Governo. Vai enfrentar as adversidades, inclusive as colocadas pelo Presidente e seguir em frente. As probabilidades dele fracassar são mínimas, embora assim o deseje o Presidente, pela sua natural vaidade e paranóias.
Superada a crise, Luis Henrique Mandetta, emergirá como um novo herói nacional, com popularidade maior que a do Presidente. Naturalmente será visto como candidato presidencial para 2022, disputando a preferência popular com o Ministro Sérgio Moro, cuja luz foi inteiramente ofuscada, neste momento de crise.
Bolsonaro não tem em relação a Mandetta, uma alternativa honrosa para tirá-lo do páreo, como no caso de Moro, pela sua indicação ao Supremo.
Mandetta, diferentemente de Moro que não é político e diz que não quer sê-lo, Mandetta é um político, eleito inicialmente deputado federal pelo Mato Grosso do Sul, pelo DEM, em 2010 e reeleito em 2014.
Nessas duas legislaturas integrou o baixo clero da Câmara, atuando junto com Onix Lorenzoni (que teri sido responsável pela sua indicação) e Jair Bolsonaro, defendendo posições similares. Foi colega do então deputado Davi Alcolumbre, do mesmo partido e integrante do baixo clero. Faz parte dos poucos que progrediram e alcançaram o alto clero ou lideranças políticas. Esse antecedente gerou condições para uma articulação política maior com o Legislativo, o que nenhum outro integrante do Governo (exceto Onyx) tem.
Faz parte de um grupo político que dominou a Prefeitura de Campo Grande, pr muito tempo, comandado pelos Trad. Nelson (Nelsinho) Trad Jr foi eleito Senador, estava na comitiva do Presidente Bolsonaro, aos EUA e foi contaminado pelo coronavirus.
Tem o apoio da corporação de profissionais de saúde, e da bancada da saúde, que avalizou a sua escolha, passou pelas Forças Armadas como médico do Exército, o que também pesou na sua escolha.
A tentativa de esvaziar Mandetta, com a chefia do General Braga Neto, no Comitê de Crise, pode resultar no seu fortalecimento. O General Braga é também missionário, no sentido de assumir e se comprometer com uma missão de Estado e vai se aliar a Mandetta.
Superada a crise, Jair Bolsonaro enfrentará mais um dilema, junto com os filhos. Tentará desconstruir a reputação de Mandetta, como um velho politico, mas se não conseguir terá um Ministro que manda mais que ele, sem fazer de conta que é um subordinado disciplinado, como o fazem Sérgio Moro e Paulo Guedes. Terá que fazer com que ele submerja, e volte a uma atuação mais técnica e gerencial, fora dos holofotes. Não tem mais jeito. Mesmo que não queira, a mídia irá perseguí-lo.
Bolsonaro tem o poder da caneta e pode demiti-lo. Só que pode estar alimentando um forte concorrente para 2022.
Mandetta seria a alternativa para o DEM voltar ao poder, desde que o perdeu, com o enfraquecimento e posterior morte de Antonio Carlos Magalhães e também do seu filho Luiz Eduardo Magalhães.
Se Bolsonaro, mantiver a beligerância com Rodrigo Maia, Mandetta seria um candidato de oposição a Bolsonaro.
Muita água ainda vai correr até 2022, mas ainda em 2020 estará liberada a da represa de Mandetta.
O Presidente Bolsonaro não aceita, em seu governo, nenhuma estrela que brilhe mais que ele. Já está tentando esvaziar o protagonismo do Ministro, com a criação de um Gabinete de Crise, chefiado por um militar, assim como promover a sua fritura, pelo lançamento de um potencial substituto. Quer promover a sua demissão.
Mandetta, embora não seja militar, por dever profissional, assumiu uma missão nacional e não uma missão de Governo. Vai enfrentar as adversidades, inclusive as colocadas pelo Presidente e seguir em frente. As probabilidades dele fracassar são mínimas, embora assim o deseje o Presidente, pela sua natural vaidade e paranóias.
Superada a crise, Luis Henrique Mandetta, emergirá como um novo herói nacional, com popularidade maior que a do Presidente. Naturalmente será visto como candidato presidencial para 2022, disputando a preferência popular com o Ministro Sérgio Moro, cuja luz foi inteiramente ofuscada, neste momento de crise.
Bolsonaro não tem em relação a Mandetta, uma alternativa honrosa para tirá-lo do páreo, como no caso de Moro, pela sua indicação ao Supremo.
Mandetta, diferentemente de Moro que não é político e diz que não quer sê-lo, Mandetta é um político, eleito inicialmente deputado federal pelo Mato Grosso do Sul, pelo DEM, em 2010 e reeleito em 2014.
Nessas duas legislaturas integrou o baixo clero da Câmara, atuando junto com Onix Lorenzoni (que teri sido responsável pela sua indicação) e Jair Bolsonaro, defendendo posições similares. Foi colega do então deputado Davi Alcolumbre, do mesmo partido e integrante do baixo clero. Faz parte dos poucos que progrediram e alcançaram o alto clero ou lideranças políticas. Esse antecedente gerou condições para uma articulação política maior com o Legislativo, o que nenhum outro integrante do Governo (exceto Onyx) tem.
Faz parte de um grupo político que dominou a Prefeitura de Campo Grande, pr muito tempo, comandado pelos Trad. Nelson (Nelsinho) Trad Jr foi eleito Senador, estava na comitiva do Presidente Bolsonaro, aos EUA e foi contaminado pelo coronavirus.
Tem o apoio da corporação de profissionais de saúde, e da bancada da saúde, que avalizou a sua escolha, passou pelas Forças Armadas como médico do Exército, o que também pesou na sua escolha.
A tentativa de esvaziar Mandetta, com a chefia do General Braga Neto, no Comitê de Crise, pode resultar no seu fortalecimento. O General Braga é também missionário, no sentido de assumir e se comprometer com uma missão de Estado e vai se aliar a Mandetta.
Superada a crise, Jair Bolsonaro enfrentará mais um dilema, junto com os filhos. Tentará desconstruir a reputação de Mandetta, como um velho politico, mas se não conseguir terá um Ministro que manda mais que ele, sem fazer de conta que é um subordinado disciplinado, como o fazem Sérgio Moro e Paulo Guedes. Terá que fazer com que ele submerja, e volte a uma atuação mais técnica e gerencial, fora dos holofotes. Não tem mais jeito. Mesmo que não queira, a mídia irá perseguí-lo.
Bolsonaro tem o poder da caneta e pode demiti-lo. Só que pode estar alimentando um forte concorrente para 2022.
Mandetta seria a alternativa para o DEM voltar ao poder, desde que o perdeu, com o enfraquecimento e posterior morte de Antonio Carlos Magalhães e também do seu filho Luiz Eduardo Magalhães.
Se Bolsonaro, mantiver a beligerância com Rodrigo Maia, Mandetta seria um candidato de oposição a Bolsonaro.
Muita água ainda vai correr até 2022, mas ainda em 2020 estará liberada a da represa de Mandetta.
quinta-feira, 19 de março de 2020
O escorpião Bolsonaro
Desde domingo, o Presidente Bolsonaro manifestou, mais uma vez, a sua verdadeira natureza: a de adolescente recorrentemente rebelde, feliz com o apoio dos seus seguidores - "politicamente incorretos" - aglomerados diante do Palácio do Planalto. Mais, atacando os seus supostos inimigos, aqueles caras que não o deixam trabalhar, para mudar o Brasil.
Nunca, desde a sua posse, em 1º de janeiro de 2010, se viu um Jair tão desenvolto e feliz, ignorando e contrariando as autoridades sanitárias.
Ele sempre teve o apoio de dois segmentos sociais: um bem definido. Um é a corporação policial-militar, que sempre lhe deu os votos para sua eleição e reeleições, a deputado federal, ao longo de sete eleições. O segundo, mais difuso, do qual emergiu como líder e o levou a ser um forte candidato à Presidência da República, em 2018: a dos antipoliticamente corretos.
Na "reta final", percebido como o que tinha melhores condições de derrotar o PT, alcançou a Presidência.
O apoio dos evangélicos e dos antipetistas foi circunstancial, a da corporação policial-militar o dos insatisfeitos com o politicamente correto é estrutural e mantém-se fielmente com a sua base popular.
O domínio ideológico do politicamente correto, fortemente apoiado pelos governos petistas, criou uma verdadeira ditadura de pensamento e comportamento, reprimindo os que não o aceitavam. As restrições não eram determinadas pela repressão policial, como nos regimes ditatoriais, mas pelo patrulhamento ideológico, cerceando o efetivo direito de se manifestar e de ir e vir. Não se podia chamar um afro-descendente de nego, negão. Não se podia elogiar militares do período do golpe. Não se podia defender os policiais mortos em confrontos. Já os mortos pelos policiais - ainda que bandidos - eram defendidos, em nome dos direitos humanos. Não se podia duvidar do aquecimento da terra.
O deputado federal Jair Bolsonaro era um dos poucos a contestar o politicamente correto e de suas restrições à vida pessoal. Sempre foi contra a indústria da multa, nas rodovias e se insurgia contra a proibição de pescar, junto com o companheiro, Fabrício Queiroz, na baia de Angra dos Reis.
Coerente com a sua natureza e seu passado, não aceita restrições às manifestações populares de apoio a ele. Até gosta que essas combatam os dirigentes de outros poderes, considerados por ele como inimigos.
Não aceita que, em nome de uma suposta (segundo ele) crise epidemiológica, ele não possa circular entre o seu povo, cumprimentar pessoal, contrariando as orientações de área de saúde do seu próprio Governo.
Desenvolve para si e para os seguidores da sua seita, a teoria da conspiração de que se trata de uma histeria popular, fomentada pelos seus inimigos. Rebela-se contra os governadores estaduais que proíbem jogos de futebol, ou a frequência às praias, nestes dias de verão. Esses estariam restringindo a alegria do povo, assim como prejudicando a economia.
Com a sua rebeldia, vai ficando cada vez mais isolado do conjunto do Brasil, restrito aos seus seguidores mais fieis. Que ele acredita ser representativo de todo o povo brasileiro, por ter obtido a maioria dos votos dos eleitores. Para ele e seus seguidores, é o vencedor. Os demais seriam perdedores e devem se submeter à vontade da maioria. E essa maioria tem direito de ir às ruas para demonstrar o seu apoio ao mito vencedor.
A repercussão popular ao comportamento de Jair Bolsonaro foi negativa, já o levou a mudanças, aparentemente tardias e algumas desastradas.
Para conter o avanço popular do Mandettavirus, que emerge como um eventual concorrente em 2022 (o que será analisado no próximo artigo) tentou assumir o comando, mas com pouca credibilidade, em função de três pontos: tentou-se apropriar das medidas positivas que vem sendo adotadas, colocando-se como o técnico de um time que está ganhando; levou para a mesa o médico e contra-almirante que lhe dá sustentação nas avaliações médico-sanitárias e que quer colocar no lugar de Mandetta, causando estranheza - além do mais - porque era o único não Ministro na mesa; e não foi enfático no apoio ao trabalho de Mandetta.
O Brasil vai enfrentar nas próximas semanas, uma explosão de casos confirmados de contaminação e um aumento progressivo de óbitos.
Nunca, desde a sua posse, em 1º de janeiro de 2010, se viu um Jair tão desenvolto e feliz, ignorando e contrariando as autoridades sanitárias.
Ele sempre teve o apoio de dois segmentos sociais: um bem definido. Um é a corporação policial-militar, que sempre lhe deu os votos para sua eleição e reeleições, a deputado federal, ao longo de sete eleições. O segundo, mais difuso, do qual emergiu como líder e o levou a ser um forte candidato à Presidência da República, em 2018: a dos antipoliticamente corretos.
Na "reta final", percebido como o que tinha melhores condições de derrotar o PT, alcançou a Presidência.
O apoio dos evangélicos e dos antipetistas foi circunstancial, a da corporação policial-militar o dos insatisfeitos com o politicamente correto é estrutural e mantém-se fielmente com a sua base popular.
O domínio ideológico do politicamente correto, fortemente apoiado pelos governos petistas, criou uma verdadeira ditadura de pensamento e comportamento, reprimindo os que não o aceitavam. As restrições não eram determinadas pela repressão policial, como nos regimes ditatoriais, mas pelo patrulhamento ideológico, cerceando o efetivo direito de se manifestar e de ir e vir. Não se podia chamar um afro-descendente de nego, negão. Não se podia elogiar militares do período do golpe. Não se podia defender os policiais mortos em confrontos. Já os mortos pelos policiais - ainda que bandidos - eram defendidos, em nome dos direitos humanos. Não se podia duvidar do aquecimento da terra.
O deputado federal Jair Bolsonaro era um dos poucos a contestar o politicamente correto e de suas restrições à vida pessoal. Sempre foi contra a indústria da multa, nas rodovias e se insurgia contra a proibição de pescar, junto com o companheiro, Fabrício Queiroz, na baia de Angra dos Reis.
Coerente com a sua natureza e seu passado, não aceita restrições às manifestações populares de apoio a ele. Até gosta que essas combatam os dirigentes de outros poderes, considerados por ele como inimigos.
Não aceita que, em nome de uma suposta (segundo ele) crise epidemiológica, ele não possa circular entre o seu povo, cumprimentar pessoal, contrariando as orientações de área de saúde do seu próprio Governo.
Desenvolve para si e para os seguidores da sua seita, a teoria da conspiração de que se trata de uma histeria popular, fomentada pelos seus inimigos. Rebela-se contra os governadores estaduais que proíbem jogos de futebol, ou a frequência às praias, nestes dias de verão. Esses estariam restringindo a alegria do povo, assim como prejudicando a economia.
Com a sua rebeldia, vai ficando cada vez mais isolado do conjunto do Brasil, restrito aos seus seguidores mais fieis. Que ele acredita ser representativo de todo o povo brasileiro, por ter obtido a maioria dos votos dos eleitores. Para ele e seus seguidores, é o vencedor. Os demais seriam perdedores e devem se submeter à vontade da maioria. E essa maioria tem direito de ir às ruas para demonstrar o seu apoio ao mito vencedor.
A repercussão popular ao comportamento de Jair Bolsonaro foi negativa, já o levou a mudanças, aparentemente tardias e algumas desastradas.
Para conter o avanço popular do Mandettavirus, que emerge como um eventual concorrente em 2022 (o que será analisado no próximo artigo) tentou assumir o comando, mas com pouca credibilidade, em função de três pontos: tentou-se apropriar das medidas positivas que vem sendo adotadas, colocando-se como o técnico de um time que está ganhando; levou para a mesa o médico e contra-almirante que lhe dá sustentação nas avaliações médico-sanitárias e que quer colocar no lugar de Mandetta, causando estranheza - além do mais - porque era o único não Ministro na mesa; e não foi enfático no apoio ao trabalho de Mandetta.
O Brasil vai enfrentar nas próximas semanas, uma explosão de casos confirmados de contaminação e um aumento progressivo de óbitos.
quarta-feira, 18 de março de 2020
O amanhã e o depois de amanhã (4)
As consequências mais visíveis da conjugação das crises anteriores está no mercado de capitais. Um mercado que envolve diretamente uma parcela mínima da população mundial, como da brasileira, formada por aqueles de maior renda, com capacidade de poupança. Mas que envolve uma parte significativa da economia.
O mercado de capitais - tratado pela midia, em geral - como "o mercado", como se fosse o todo. Com a maioria dos seus leitores, participantes desse mercado dá um grande destaque, gerando a impressão popular de se constituir mesmo em todo o mercado. A sua influência efetiva na economia real, no entanto, é limitada.
Existe uma economia real, formada - de um lado - pelos produtores de bens e serviços, e - de outro - pelos demandantes desses bens e serviços, seja na forma de consumo pessoal ou familiar e de empreendimentos físicos.
A economia do mercado de capitais é formado por ações representativas do patrimônio líquido desses produtores, por títulos de financiamento emitidos pelos bancos e outras instituições financeiras, representando os empréstimos concedidos para os tomadores dos empréstimos e, ainda, por títulos públicos emitidos por entes públicos, principalmente o Tesouro Nacional.Esses títulos de financiamentos, tem renda fixa, e seu valor de mercado pouco varia em relação ao valor de face, a menos de títulos de devedores inadimplentes, quando se tornam "títulos podres", sendo negociados no mercado, com deságio.
Já as ações de empresas, tem uma base real que é o resultado dos seus negócios, mas o valor de mercado é o que é reputado pelo conjunto do mercado especifico, através de cotações em Bolsa de Valores nacionais. Essa definição é baseada nas perspectivas de resultados futuros da empresa, o que é sempre uma avaliação subjetiva, de base emocional, embora com elementos racionais.
O valor de mercado de uma ação é dada a cada momento, ou mais precisamente, a cada sessão da Bolsa de Valores, por quanto investidores estão dispostos a pagar para comprar essa ação confrontado com o quanto os detentores dela estão dispostos a vender.
Esse mecanismo de formação dos preços faz com que a partir de uma base real, o ágio ou deságio da ação decorra de movimentos especulativos, que podem ocorrer por movimentos difusos baseados na percepção coletiva dos investidores. Alimentados por informações e análises por empresas ou consultores especializados e difundidos pela mídia especializada.
Por outro lado, a valorização ou desvalorização das ações é influenciado (ou até determinado) pelo tamanho do mercado nacional. Esse sempre conta com a participação de capitais estrangeiros voláteis, oportunistas ou especulativos, buscando ganhos de curto a médio prazo, trocando de posições, interna e externamente.
Parte desse capital estrangeiros está aplicado em ações. Quando ingressam no país, determinam uma desvalorização do real diante do dólar, isto é, uma cotação mais baixa. Isso porque ingressam em dólar, para serem convertidos em real e pelo volume de ingressos, puxam a cotação para baixo.
Com um volume maior de reais, decorrente da conversão puxam as cotações para cima. Ou seja, há uma demanda maior de investidores pelas ações.
Por essa razão há sempre um movimento inverso. Quando o indicador coletivo da Bolsa sobe a cotação do dolar cai. Não é porque o investidor nacional alterne em aplicar em ações ou em dólar. Isso ocorre, mas é em menor parte, principalmente entre pequenos investidores. A maior parte decorre desse movimento de ingresso ou saída de investidores estrangeiros, além da movimentação especulativa de títulos indexados em dólar.
Com a perspectiva de uma recessão na economia real, com ganhos futuros menores ou até perdas, as ações perdem valor, pelo movimento de investidores em vender posições em ações. Esse movimento pode ser acelerado ou ampliado por ação de especuladores que tem interesse em baixar os preços das ações para reforçar as suas carteiras.
Mas o principal movimento baixista pode decorrer da saida, em grandes volumes, de capital estrangeiro oportunista, que diante de uma perspectiva de maior risco ou menor rentabilidade vende as suas ações, compra dólar (oficialmente) para aplicação em outros papéis. O "porto seguro" assumido pelos investidores são títulos do Tesouro Norte-americano.
Ocorre, então, a variação de preços inversa: o índice da Bolsa de Valores cai e o dólar sobe.
Os mecanismos não são tão simples como descrito, envolvendo intrincados mecanismos, inclusive de natureza tributária, mas na ponta visível do "iceberg" ocorre essa gangorra entre o índice Bovespa e o dólar comercial.
O fundamento da desvalorização das ações está na perspectiva de um baixo crescimento da economia brasileira, com risco de uma estagnação e até recessão com a crise sanitária do coronvavirus.
O mercado acionário brasileiro é fortemente influenciado pelas ações da Petrobras, que compõe a maior parte do conjunto movimentado.
Portanto os cenário futuros do mercado acionário brasileiro dependerá da percepção dos investidores sobre a evolução real da economia real do petróleo no mundo e dos seus impactos sobre os resultados da Petrobras.
Em artigo anterior, desenhados os cenários alternativos do petróleo e da Petrobras, em particular.
No próximo, analisaremos os cenários tendenciais da economia brasileira e, finalmente, as políticas econômicas do Governo.
O mercado de capitais - tratado pela midia, em geral - como "o mercado", como se fosse o todo. Com a maioria dos seus leitores, participantes desse mercado dá um grande destaque, gerando a impressão popular de se constituir mesmo em todo o mercado. A sua influência efetiva na economia real, no entanto, é limitada.
Existe uma economia real, formada - de um lado - pelos produtores de bens e serviços, e - de outro - pelos demandantes desses bens e serviços, seja na forma de consumo pessoal ou familiar e de empreendimentos físicos.
A economia do mercado de capitais é formado por ações representativas do patrimônio líquido desses produtores, por títulos de financiamento emitidos pelos bancos e outras instituições financeiras, representando os empréstimos concedidos para os tomadores dos empréstimos e, ainda, por títulos públicos emitidos por entes públicos, principalmente o Tesouro Nacional.Esses títulos de financiamentos, tem renda fixa, e seu valor de mercado pouco varia em relação ao valor de face, a menos de títulos de devedores inadimplentes, quando se tornam "títulos podres", sendo negociados no mercado, com deságio.
Já as ações de empresas, tem uma base real que é o resultado dos seus negócios, mas o valor de mercado é o que é reputado pelo conjunto do mercado especifico, através de cotações em Bolsa de Valores nacionais. Essa definição é baseada nas perspectivas de resultados futuros da empresa, o que é sempre uma avaliação subjetiva, de base emocional, embora com elementos racionais.
O valor de mercado de uma ação é dada a cada momento, ou mais precisamente, a cada sessão da Bolsa de Valores, por quanto investidores estão dispostos a pagar para comprar essa ação confrontado com o quanto os detentores dela estão dispostos a vender.
Esse mecanismo de formação dos preços faz com que a partir de uma base real, o ágio ou deságio da ação decorra de movimentos especulativos, que podem ocorrer por movimentos difusos baseados na percepção coletiva dos investidores. Alimentados por informações e análises por empresas ou consultores especializados e difundidos pela mídia especializada.
Por outro lado, a valorização ou desvalorização das ações é influenciado (ou até determinado) pelo tamanho do mercado nacional. Esse sempre conta com a participação de capitais estrangeiros voláteis, oportunistas ou especulativos, buscando ganhos de curto a médio prazo, trocando de posições, interna e externamente.
Parte desse capital estrangeiros está aplicado em ações. Quando ingressam no país, determinam uma desvalorização do real diante do dólar, isto é, uma cotação mais baixa. Isso porque ingressam em dólar, para serem convertidos em real e pelo volume de ingressos, puxam a cotação para baixo.
Com um volume maior de reais, decorrente da conversão puxam as cotações para cima. Ou seja, há uma demanda maior de investidores pelas ações.
Por essa razão há sempre um movimento inverso. Quando o indicador coletivo da Bolsa sobe a cotação do dolar cai. Não é porque o investidor nacional alterne em aplicar em ações ou em dólar. Isso ocorre, mas é em menor parte, principalmente entre pequenos investidores. A maior parte decorre desse movimento de ingresso ou saída de investidores estrangeiros, além da movimentação especulativa de títulos indexados em dólar.
Com a perspectiva de uma recessão na economia real, com ganhos futuros menores ou até perdas, as ações perdem valor, pelo movimento de investidores em vender posições em ações. Esse movimento pode ser acelerado ou ampliado por ação de especuladores que tem interesse em baixar os preços das ações para reforçar as suas carteiras.
Mas o principal movimento baixista pode decorrer da saida, em grandes volumes, de capital estrangeiro oportunista, que diante de uma perspectiva de maior risco ou menor rentabilidade vende as suas ações, compra dólar (oficialmente) para aplicação em outros papéis. O "porto seguro" assumido pelos investidores são títulos do Tesouro Norte-americano.
Ocorre, então, a variação de preços inversa: o índice da Bolsa de Valores cai e o dólar sobe.
Os mecanismos não são tão simples como descrito, envolvendo intrincados mecanismos, inclusive de natureza tributária, mas na ponta visível do "iceberg" ocorre essa gangorra entre o índice Bovespa e o dólar comercial.
O fundamento da desvalorização das ações está na perspectiva de um baixo crescimento da economia brasileira, com risco de uma estagnação e até recessão com a crise sanitária do coronvavirus.
O mercado acionário brasileiro é fortemente influenciado pelas ações da Petrobras, que compõe a maior parte do conjunto movimentado.
Portanto os cenário futuros do mercado acionário brasileiro dependerá da percepção dos investidores sobre a evolução real da economia real do petróleo no mundo e dos seus impactos sobre os resultados da Petrobras.
Em artigo anterior, desenhados os cenários alternativos do petróleo e da Petrobras, em particular.
No próximo, analisaremos os cenários tendenciais da economia brasileira e, finalmente, as políticas econômicas do Governo.
terça-feira, 17 de março de 2020
O amanhã e o depois de amanhã (3)
A segunda crise econômica, a do petróleo, foi desencadeada pela crise sanitária do coronavírus, mas tem origem mais remota.
De uma parte, em vários países houve e está havendo investimentos para aumento da produção, mesmo havendo excesso de oferta.
De outra parte, nos países mais desenvolvidos há fortes movimentos sociais para a redução do consumo de combustíveis fósseis, em função dos impactos sobre o aquecimento da terra. Em alguns, como a Alemanha, assumidos pelo Governo definindo metas futuras de eliminação do uso de combustíveis fósseis, nos transportes.
A Arábia Saudita, liderando a OPEP, e a Rússia eram os principais produtores mundiais. Com Governos autoritários, e empresas próprias, controladas ou associadas, tem condições de controlar o volume de barris produzidos e influenciar ou formar os preços. Desde os anos setenta, com acordos tácitos, controlaram as variações dos preços internacionais.
Os EUA, com o domínio das tecnologias de extração do petróleo do xisto, passaram a ser um grande produtor mundial, através de milhares de empresas privadas de média e grande porte, mas nenhuma das megapetroleiras, tampouco empresa estatal. O Governo norte-americano não pode atuar diretamente sobre os preços, mas usa diversos instrumentos de apoio para sustentar ou incrementar a produção.
Com a contenção da produção, Arábia Saudita e Rússia chegaram a um acordo para manter um patamar básico de preços de U$ 60.00 por barril. Para ambos, contando com custos baixos, mais que suficiente para lucrar, esse patamar não daria muito fòlego e ao Irã - o inimigo da Arábia Saudita - e tiraria do mercado, um conjunto de empresas norte-americanas, que estavam com custo acima de U$ 70.00 o barril. Era o objetivo de Putin, preocupado com o avanço de exportações norte-americanas, ameaçando a sua hegemonia no mercado europeu.
A resposta das empresas norte-americanas, com o apoio do Governo, foi investir em tecnologia, em inovações para reduzir os custos de exploração e produção. Conseguiram reduzir para a faixa média de U$ 40.00, continuaram dando sequência aos aumentos de produção e, apesar do déficit estatístico agregado, aumentaram as exportações, frustrando a estratégia de Putin.
A ele interessava que o mercado levasse o patamar básico para US$ 40.00 o barril, o que deixaria os norte-americanos numa situação de equilibrio precário na operação existente e maior risco em novos investimentos. A aversão ao risco, dos investidores já estava criando dificuldades para as empresas renovarem os seus financiamentos. Muitas tiveram que recorrer ao tradicional mercado da agiotagem, fantasiada de "junk bonds".
Mas para isso os russos precisavam que a Arábia Saudita, concordasse em aumentar a sua produção.
A Arábia Saudita é a principal parceira geopolitica e econômica dos EUA, no Oriente Médio e sempre se pautou por um alinhamento com a política norte-americana. Essa não deixou a Arábia Saudita, liderando a OPEP, aumentar a sua produção, para baixar demais os preços e preservar a presença das empresas norte-americanas no mercado mundial.
A crise sanitária do coronavirus levando os Governos a restringir a movimentação de pessoas, tanto interna, como internacionalmente, levou a uma queda generalizada do uso de combustíveis fósseis. A aviação foi a mais afetada.
Diante desse novo quadro, a Arábia Saudita se dispôs a reduzir a produção, para manter um patamar de preços acima de US 40.00 por barril. Segundo especialistas, o preço de equilibrio estaria entre US$ 50.00 a US$ 60.00 o barril.
Mesmo com eventuais perdas operacionais, em função dos investimentos feitos, a Rússia não concordou. Putin queria, mais uma vez, dar sequência à sua estratégia persistente e com visão de longo prazo, de tirar do mercado, as empresas norte-americanas menos eficientes.
O negócio de petróleo é de maturação de longo prazo. Entre a descoberta inicial da reserva, até o início da produção, pode haver um prazo de 10 a mais anos, ficando a média em torno de 5 anos. Depois de feitos os investimentos, a produção pode ocorrer por 30 a 50 anos, sem maiores investimentos, a não se no final, com a necessidade do desmonte das instalações, ou seja, o descomissionamento.
Em países de Governos centralizados, autoritários e estatizantes, com a Rússia e Arábia Saudita, os produtores de petróleo não são reféns dos investidores privados, como nos EUA e mesmo no Brasil. Eles podem até esperar pela maturação do investimento, mas a partir do início da produção, querem os seus retornos. A empresa petroleira precisa garantir a distribuição de dividendos anuais. Ou entram em colapso.
A partir desse quadro podem ser desenhados os seguintes cenários mundiais.
Prolongamento da crise (cenário pessimista)
A crise dos transportes se prolonga mais que a crise sanitária. As medidas de prevenção são substituidas por medidas de precaução e determina a continuidade em todo o mundo da movimentação de pessoas, afetando também a movimentação de cargas.
Com a continuidade de uma demanda fraca e a manutenção dos níveis de produção da Rússia e da Arábia Saudita, com essa podendo até aumentar, o preço internacional do petróleo ficará por mais tempo, provavelmente até o final do semestre, deprimido, não ultrapassando o patamar dos U$ 40.00 por barril. Produtores menos eficientes paralisarão parcial ou totalmente a sua produção, fechando poços. Os investimentos em exploração e produção entrarão em forte recesso, com alguns cancelamentos de pedidos em andamento.
A Rússia, diferentemente da Arábia Saudita, tem uma estratégia mais consistente, visando manter a hegemonia na Europa e conter o avanço norte-americano. A Arábia Saudita reage diante das circunstâncias de curto prazo e de forma intempestiva. Por pressão norte-americana, a Arábia Saudita poderia reduzir a produção, mas a ameaça de uma retaliação da Russia, aumentando a produção, ela manteria o seu nível de produção, mantendo os preços baixos.
Algumas empresas norte-americanas quebrariam, mas o abastecimento da população norte-americana seria suprida pela Arábia Saudita, com repercussões financeiras e políticas. A quebra das empresas, principalmente no Texas, enfraqueceria a posição de Trump nas eleições de novembro deste ano.
Neste cenário, o Brasil seguirá com a produção de petróleo nos poços em operação, mas deverá reduzir os investimentos em exploração e prospecção. Irá também adiar os descomissionamentos, embora sem operar os equipamentos desativados.
Haverá fortes impactos na cadeia produtiva de fornecimento de equipamentos e serviços para os investimentos, assim como para o Estado Brasileiro, em todos os niveis, que passou a ficar na dependência dos royalties do petróleo, para fechar as contas públicas.
A redução das receitas levará à suspensão ou até redução definitiva de serviços públicos essenciais.
Rápida recuperação (cenário otimista)
A China já teria debelado a crise sanitária, com as suas fortes medidas restritivas de movimentação de pessoas e controle dos infectados e suspeitos. O volume de novas pessoas infectadas caiu substancialmente. O tratamento dos infectados reduziu também o número de óbitos.
Em torno de 3 semanas o número de infectado terá caido a níveis não epidêmicos.
A China já estaria oferecendo auxílio técnico, em equipamentos e profissionais de saúde para ajudar países menos preparados para enfrentar a crise. Seriam países asiáticos ou próximos ao continente, como o Irã, que está isolado pelo mercado "ocidental". Mas envolve também países europeus, onde a China aproveitaria para aumentar a sua influência geo-política. Ela precisa transformar de fonte de grande ameaça mundial, onde são geradas as principais pestes modernas, para ser o centro de referência mundial no tratamento delas.
O ciclo que está se fechando na China ainda está começando em muitos países, sendo o mais crítico os EUA pela sua importância econômica. Já a África e parte da Ásia, onde estão concentradas a maior parte da população são o grande potencial de problema sanitário.
Dentro deste cenário as principais restrições de movimentação de pessoas iria até maio, com pico entre a segunda quinzena de março e a primeira de abril. Em junho estaria regularizado e viagens internacionais, de turismo de lazer, adiadas se concentrariam em julho, em pleno verão no hemisfério norte.
Já o turismo de negócios, tanto nacional como internacionalmente não voltaria aos mesmos níveis anteriores. Tendo que usar compulsoriamente as reuniões à distância, muitas empresas se ajustaram e se acostumaram com o novo formato e reduzirão as viagens presenciais. Com a realidade aumentada, empresários e executivos poderão fazer as visitas às instalações das subsidiárias, dos fornecedores e de outros, sem sair do seu escritório. Ou ir à uma sala preparada para a realidade aumentada.
Mesmo sem esse recurso ainda de uso individual, os novos aplicativos poderão colocar visitantes coletivos no local de vista, adequadamente monitorado e com um robô respondendo a todas as suas perguntas.
O surto sanitário do coronavírus estaria mundialmente, sob controle, até o final de junho.
O afrouxamento das medidas restritivas de movimentação levaria também à normalização, com forte recuperação a partir de julho, promovendo substancial aumento da demanda por combustíveis e derivados de petróleo.
Mesmo mantendo os níveis de produção, com o aquecimento da demanda, o patamar de preços do petróleo passaria a situar entre US$ 50 e 60, o barril.
Poderá ter picos, até acima de U$ 70, mas será momentânea.
Com a melhoria dos preços, aumentariam os royalties do petróleo, ajudando as contas públicas.
Petrobras e demais petroleiras buscariam acelerar o início da produção, mas sofreriam atrasos, em função da falta de peças, além das paralisações de canteiros das obras, nos paises asiáticos, dos quais a Petrobras ficou mais dependente no fornecimento de plataformas e outros equipamentos.
A melhoria dos preços, embora conjuntural, levaria à retomada de interesse - ainda que moderada - de investimentos em exploração e produção futura dos campos do pré-sal.
Recuperação moderada (cenário intermediário)
O surto sanitário do coronavírus será controlado pela ação dos Governos nacionais, mas de forma desigual. Países mais afetados, nesta fase inicial, conseguirão conter a disseminação interna, mas não as importadas, em função da globalização da economia. É o que já está acontecendo com a China.
Isso fará com que o vírus alcance novos países, iniciando pelos importados e, na sequência, acelerados pela contaminação comunitária.
A crise dos transportes será mais demorada, refletindo na fraqueza da demanda. Em, alguns casos será definitiva.
A Arábia Saudita, por pressão norte-americana, conterá os aumentos de produção, sem ter uma retaliação russa de aumentar a sua. A Rússia manterá a sua posição de não alterar os níveis de produção. O preço voltaria ao patamar entre U$ 50 e 60 o barril, ainda insuficiente para algumas empresas norte-americanas.
Outras, mediante inovações, conseguirão reduzir ainda mais os seus custos e sobreviverão. Donald Trump, por razões eleitorais, garantirá maior apoio às empresas norte-americanas.
Os EUA continuará sendo um dos principais produtores mundiais.
No Brasil, as petroleiras, tanto a Petrobras, como as demais tenderão a manter os investimentos nos poços já em produção, mas tenderão a conter os investimentos em que ainda estão em fase de exploração.
A consequência será um gradual crescimento do nível de produção diária, garantindo a manutenção dos royalties para a União, Estados e Municípios.
De uma parte, em vários países houve e está havendo investimentos para aumento da produção, mesmo havendo excesso de oferta.
De outra parte, nos países mais desenvolvidos há fortes movimentos sociais para a redução do consumo de combustíveis fósseis, em função dos impactos sobre o aquecimento da terra. Em alguns, como a Alemanha, assumidos pelo Governo definindo metas futuras de eliminação do uso de combustíveis fósseis, nos transportes.
A Arábia Saudita, liderando a OPEP, e a Rússia eram os principais produtores mundiais. Com Governos autoritários, e empresas próprias, controladas ou associadas, tem condições de controlar o volume de barris produzidos e influenciar ou formar os preços. Desde os anos setenta, com acordos tácitos, controlaram as variações dos preços internacionais.
Os EUA, com o domínio das tecnologias de extração do petróleo do xisto, passaram a ser um grande produtor mundial, através de milhares de empresas privadas de média e grande porte, mas nenhuma das megapetroleiras, tampouco empresa estatal. O Governo norte-americano não pode atuar diretamente sobre os preços, mas usa diversos instrumentos de apoio para sustentar ou incrementar a produção.
Com a contenção da produção, Arábia Saudita e Rússia chegaram a um acordo para manter um patamar básico de preços de U$ 60.00 por barril. Para ambos, contando com custos baixos, mais que suficiente para lucrar, esse patamar não daria muito fòlego e ao Irã - o inimigo da Arábia Saudita - e tiraria do mercado, um conjunto de empresas norte-americanas, que estavam com custo acima de U$ 70.00 o barril. Era o objetivo de Putin, preocupado com o avanço de exportações norte-americanas, ameaçando a sua hegemonia no mercado europeu.
A resposta das empresas norte-americanas, com o apoio do Governo, foi investir em tecnologia, em inovações para reduzir os custos de exploração e produção. Conseguiram reduzir para a faixa média de U$ 40.00, continuaram dando sequência aos aumentos de produção e, apesar do déficit estatístico agregado, aumentaram as exportações, frustrando a estratégia de Putin.
A ele interessava que o mercado levasse o patamar básico para US$ 40.00 o barril, o que deixaria os norte-americanos numa situação de equilibrio precário na operação existente e maior risco em novos investimentos. A aversão ao risco, dos investidores já estava criando dificuldades para as empresas renovarem os seus financiamentos. Muitas tiveram que recorrer ao tradicional mercado da agiotagem, fantasiada de "junk bonds".
Mas para isso os russos precisavam que a Arábia Saudita, concordasse em aumentar a sua produção.
A Arábia Saudita é a principal parceira geopolitica e econômica dos EUA, no Oriente Médio e sempre se pautou por um alinhamento com a política norte-americana. Essa não deixou a Arábia Saudita, liderando a OPEP, aumentar a sua produção, para baixar demais os preços e preservar a presença das empresas norte-americanas no mercado mundial.
A crise sanitária do coronavirus levando os Governos a restringir a movimentação de pessoas, tanto interna, como internacionalmente, levou a uma queda generalizada do uso de combustíveis fósseis. A aviação foi a mais afetada.
Diante desse novo quadro, a Arábia Saudita se dispôs a reduzir a produção, para manter um patamar de preços acima de US 40.00 por barril. Segundo especialistas, o preço de equilibrio estaria entre US$ 50.00 a US$ 60.00 o barril.
Mesmo com eventuais perdas operacionais, em função dos investimentos feitos, a Rússia não concordou. Putin queria, mais uma vez, dar sequência à sua estratégia persistente e com visão de longo prazo, de tirar do mercado, as empresas norte-americanas menos eficientes.
O negócio de petróleo é de maturação de longo prazo. Entre a descoberta inicial da reserva, até o início da produção, pode haver um prazo de 10 a mais anos, ficando a média em torno de 5 anos. Depois de feitos os investimentos, a produção pode ocorrer por 30 a 50 anos, sem maiores investimentos, a não se no final, com a necessidade do desmonte das instalações, ou seja, o descomissionamento.
Em países de Governos centralizados, autoritários e estatizantes, com a Rússia e Arábia Saudita, os produtores de petróleo não são reféns dos investidores privados, como nos EUA e mesmo no Brasil. Eles podem até esperar pela maturação do investimento, mas a partir do início da produção, querem os seus retornos. A empresa petroleira precisa garantir a distribuição de dividendos anuais. Ou entram em colapso.
A partir desse quadro podem ser desenhados os seguintes cenários mundiais.
Prolongamento da crise (cenário pessimista)
A crise dos transportes se prolonga mais que a crise sanitária. As medidas de prevenção são substituidas por medidas de precaução e determina a continuidade em todo o mundo da movimentação de pessoas, afetando também a movimentação de cargas.
Com a continuidade de uma demanda fraca e a manutenção dos níveis de produção da Rússia e da Arábia Saudita, com essa podendo até aumentar, o preço internacional do petróleo ficará por mais tempo, provavelmente até o final do semestre, deprimido, não ultrapassando o patamar dos U$ 40.00 por barril. Produtores menos eficientes paralisarão parcial ou totalmente a sua produção, fechando poços. Os investimentos em exploração e produção entrarão em forte recesso, com alguns cancelamentos de pedidos em andamento.
A Rússia, diferentemente da Arábia Saudita, tem uma estratégia mais consistente, visando manter a hegemonia na Europa e conter o avanço norte-americano. A Arábia Saudita reage diante das circunstâncias de curto prazo e de forma intempestiva. Por pressão norte-americana, a Arábia Saudita poderia reduzir a produção, mas a ameaça de uma retaliação da Russia, aumentando a produção, ela manteria o seu nível de produção, mantendo os preços baixos.
Algumas empresas norte-americanas quebrariam, mas o abastecimento da população norte-americana seria suprida pela Arábia Saudita, com repercussões financeiras e políticas. A quebra das empresas, principalmente no Texas, enfraqueceria a posição de Trump nas eleições de novembro deste ano.
Neste cenário, o Brasil seguirá com a produção de petróleo nos poços em operação, mas deverá reduzir os investimentos em exploração e prospecção. Irá também adiar os descomissionamentos, embora sem operar os equipamentos desativados.
Haverá fortes impactos na cadeia produtiva de fornecimento de equipamentos e serviços para os investimentos, assim como para o Estado Brasileiro, em todos os niveis, que passou a ficar na dependência dos royalties do petróleo, para fechar as contas públicas.
A redução das receitas levará à suspensão ou até redução definitiva de serviços públicos essenciais.
Rápida recuperação (cenário otimista)
A China já teria debelado a crise sanitária, com as suas fortes medidas restritivas de movimentação de pessoas e controle dos infectados e suspeitos. O volume de novas pessoas infectadas caiu substancialmente. O tratamento dos infectados reduziu também o número de óbitos.
Em torno de 3 semanas o número de infectado terá caido a níveis não epidêmicos.
A China já estaria oferecendo auxílio técnico, em equipamentos e profissionais de saúde para ajudar países menos preparados para enfrentar a crise. Seriam países asiáticos ou próximos ao continente, como o Irã, que está isolado pelo mercado "ocidental". Mas envolve também países europeus, onde a China aproveitaria para aumentar a sua influência geo-política. Ela precisa transformar de fonte de grande ameaça mundial, onde são geradas as principais pestes modernas, para ser o centro de referência mundial no tratamento delas.
O ciclo que está se fechando na China ainda está começando em muitos países, sendo o mais crítico os EUA pela sua importância econômica. Já a África e parte da Ásia, onde estão concentradas a maior parte da população são o grande potencial de problema sanitário.
Dentro deste cenário as principais restrições de movimentação de pessoas iria até maio, com pico entre a segunda quinzena de março e a primeira de abril. Em junho estaria regularizado e viagens internacionais, de turismo de lazer, adiadas se concentrariam em julho, em pleno verão no hemisfério norte.
Já o turismo de negócios, tanto nacional como internacionalmente não voltaria aos mesmos níveis anteriores. Tendo que usar compulsoriamente as reuniões à distância, muitas empresas se ajustaram e se acostumaram com o novo formato e reduzirão as viagens presenciais. Com a realidade aumentada, empresários e executivos poderão fazer as visitas às instalações das subsidiárias, dos fornecedores e de outros, sem sair do seu escritório. Ou ir à uma sala preparada para a realidade aumentada.
Mesmo sem esse recurso ainda de uso individual, os novos aplicativos poderão colocar visitantes coletivos no local de vista, adequadamente monitorado e com um robô respondendo a todas as suas perguntas.
O surto sanitário do coronavírus estaria mundialmente, sob controle, até o final de junho.
O afrouxamento das medidas restritivas de movimentação levaria também à normalização, com forte recuperação a partir de julho, promovendo substancial aumento da demanda por combustíveis e derivados de petróleo.
Mesmo mantendo os níveis de produção, com o aquecimento da demanda, o patamar de preços do petróleo passaria a situar entre US$ 50 e 60, o barril.
Poderá ter picos, até acima de U$ 70, mas será momentânea.
Com a melhoria dos preços, aumentariam os royalties do petróleo, ajudando as contas públicas.
Petrobras e demais petroleiras buscariam acelerar o início da produção, mas sofreriam atrasos, em função da falta de peças, além das paralisações de canteiros das obras, nos paises asiáticos, dos quais a Petrobras ficou mais dependente no fornecimento de plataformas e outros equipamentos.
A melhoria dos preços, embora conjuntural, levaria à retomada de interesse - ainda que moderada - de investimentos em exploração e produção futura dos campos do pré-sal.
Recuperação moderada (cenário intermediário)
O surto sanitário do coronavírus será controlado pela ação dos Governos nacionais, mas de forma desigual. Países mais afetados, nesta fase inicial, conseguirão conter a disseminação interna, mas não as importadas, em função da globalização da economia. É o que já está acontecendo com a China.
Isso fará com que o vírus alcance novos países, iniciando pelos importados e, na sequência, acelerados pela contaminação comunitária.
A crise dos transportes será mais demorada, refletindo na fraqueza da demanda. Em, alguns casos será definitiva.
A Arábia Saudita, por pressão norte-americana, conterá os aumentos de produção, sem ter uma retaliação russa de aumentar a sua. A Rússia manterá a sua posição de não alterar os níveis de produção. O preço voltaria ao patamar entre U$ 50 e 60 o barril, ainda insuficiente para algumas empresas norte-americanas.
Outras, mediante inovações, conseguirão reduzir ainda mais os seus custos e sobreviverão. Donald Trump, por razões eleitorais, garantirá maior apoio às empresas norte-americanas.
Os EUA continuará sendo um dos principais produtores mundiais.
No Brasil, as petroleiras, tanto a Petrobras, como as demais tenderão a manter os investimentos nos poços já em produção, mas tenderão a conter os investimentos em que ainda estão em fase de exploração.
A consequência será um gradual crescimento do nível de produção diária, garantindo a manutenção dos royalties para a União, Estados e Municípios.
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