Domingo, em 15 de março de 2020, o povo vai às ruas, ou mais precisamente às avenidas, sendo a principal na Avenida Paulista, em São Paulo.
Vai exigir dos que elegeu o repeito ao mandato, segundo os organizadores da manifestação.
Mas que povo é esse e quais são os seus representantes?
Dentre os mais de 57 milhões de eleitores que votaram em Jair Bolsonaro, cerca de um milhão poderão ir à Avenida Paulista. Pode ser até um pouco mais. Será muita gente. Mas também poderá ser muito menos.
Vão cobrar de Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre o respeito pelos votos que receberam.
Mas desse um milhão de eleitores, quantos votaram em Rodrigo Maia ou Davi Alcolumbre? Provavelmente nenhum. Porque Rodrigo Maia foi eleito por ter obtido votos de cerca de 70 mil eleitores do Rio de Janeiro. Davi Alcolumbre chegou ao Senado em 2015 carregando 132 mil votos, entre os eleitores do Amapá. Nessa legislatura Jair Bolsonaro foi eleito deputado federal, pelo Rio de Janeiro, o mesmo de Rodrigo Maia, com mais de 400 mil votos.
Provavelmente muitos dos eleitores de Rodrigo Maia também votaram em Bolsonaro. Já Alcolumbre não teve votos de bolsonaristas, porque em 2014 esses só estavam no Rio de Janeiro e todos os demais sequer sonhavam que Jair Bolsonaro emergiria em 2018, como um grande mito, conquistando mais de 57 milhões dos quais 185 mil no Amapá.
Na contagem individual, Jair Bolsonaro ostenta grande vantagem, mas enquanto a Presidência é unitária, elegendo só o Presidente e, junto com ele, na mesma chapa o Vice-Presidente, a Câmara dos Deputados é um colegiado de 513 deputados. eleitos - no conjunto - por 98 milhões de votos. A Câmara vira o jogo e vence de goleada. Sem contar com o Senado, com outros quase 100 milhões de votos. Mas são todos dos mesmos eleitores.
Diversamente do que acha Bolsonaro e os bolsonaristas os deputados e senadores federais não são perdedores que precisam prestar vassalagem ao Presidente, como um grande e único vencedor.
Em 2018 147 milhões de brasileiros estavam aptos para votar. Se 57 milhões votaram em Bolsonaro, no segundo turno, elegendo-o, 90 milhões não votaram nele. Votaram no adversário, em branco ou anularam o voto. Uma parte considerável, nem foi às urnas.
O povo que irá às avenidas em 15 de março não será todo povo brasileiro, nem representante dele. Será uma facção minoritária do povo brasileiro: o povo bolsonarista. Mas que se acha ser o todo. Acha ademais que Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre não a representam. No que tem razão, mas com diferenças.
Bolsonaristas podem alegar que ajudaram a eleger Rodrigo Mais, em 2018. Mas não tem o mesmo argumento em relação a Alcolumbre, eleito em 2014. De toda forma nenhum dos que forem à Avenida Paulista, a menos de poucos amapaenses e fluminenses (ou cariocas) desgarrados que votaram em Maia ou Alcolumbre, quando estavam no seu Estado de origem, em 2018.
Ver o que não é mostrado - Enxergar o que está mostrado Ler o que não está escrito Ouvir o que não é dito - Entender o que está escrito ou dito
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Lula, meio livre
Lula está jurídica e politicamente livre, mas não como ele e o PT desejam. Ele não está condenado, mas tampouco inocentado. Ele não está jul...
-
Carlos Lessa - ex presidente BNDES As políticas públicas verticais focam partes ou setores específicos da economia, tendo como objetivo ...
-
Paralelo 16 é uma linha geográfica que "corta" o Brasil ao meio. Passa por Brasília. Para o agronegócio significa a linha divi...
-
A agropecuária brasileira é - sem dúvida - uma pujança, ainda pouco reconhecida pela "cultura urbana". Com um grande potencial de ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário