sábado, 28 de março de 2020

Confusões perigosas

Estaria havendo uma grande confusão entre dois dados distintos, mas interligados: o da contaminação e o de mortes.
As mortes ocorrem entre os contaminados, ainda que em alguns casos a confirmação da contaminação chegue depois do óbito. Na avaliação conjunta dos dois dados, é possível calcular e avaliar a taxa de letalidade. 
Já a relação inversa não existe. Os mortos não contaminam os vivos. A evolução das contaminações não é influenciada pelos óbitos.
O problema maior no combate ao vírus é a contaminação, a sua expansão territorial e a evolução histórica.
A contaminação ocorre de pessoa a pessoa. Uma pessoa contaminada poderia transmitir o vírus para outra tantas pessoas, pelo contacto pessoal: aperto de mão, abraço, beijo, simplesmente pelo uso de objeto usado pelo contaminador e, na forma mais explícita, pela tosse ou espirro em local público, com aglomeração de pessoas. Pode ocorrer de forma involuntária, em aglomerações como dentro de um ônibus lotado, em que o contato pessoal é inevitável. 
Quando constatada a contaminação, o isolamento do contaminado pode interromper ou reduzir a corrente de contaminação. 
Se o contaminado é um idoso, o isolamento é fundamental para a proteção dele, dado o maior risco de morte. Mas um contaminado jovem, com menor probabilidade de morrer, contamina terceiros tanto quanto os idosos.
Num quadro de restrições de testes, em função da carência de "kits" para atender toda a demanda, os idosos são testados prioritariamente pela sua vulnerabilidade. Dai ter maior participação entre os infectados. 
O problema maior está nos jovens, que não apresentam sintomas, mas estariam infectados. Como não estão testados, a contaminação não é detectada e incluida nas estatísticas, mas tem poder contaminação igual ao dos idosos. Como seguem circulando e mantendo proximidade social, voluntária ou involuntária, com terceiros estão dando vazão à corrente de contaminação, que pode assumir ritmo exponencial.
Se o primeiro contamina 6, cada um desses 6 pode contaminar outros 6, o que elevaria a contaminação, na terceira onda para 36. Na quarta onda chegaria a 1.296.
Se pelo distanciamento social, a contaminação é reduzida para 2, na segunda onda a contaminação seria de 4, a terceira de 16 e a quarta de 256, uma redução substancial.
Não basta, pois só isolar os idosos contaminados. É preciso isolar os jovens contaminados que se tornam contaminantes. Para isso é preciso universalizar os testes. Todo mundo precisa ser testado, apresentando ou não sintomas, e isolar os contaminados, qualquer que seja a idade.
Não sendo viável a testagem de todo o mundo, a alternativa que as autoridades tem encontrado é o distanciamento social. E se não for suficiente, o isolamento total.
O dito isolamento vertical isolando apenas os idosos e mais vulneráveis, contaminados ou não os protege individualmente, mas não protege terceiros, o restante da população que fica sujeito à contaminação pelos não idosos contaminados, mesmo que não apresentem sintomas. 



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Lula, meio livre

Lula está jurídica e politicamente livre, mas não como ele e o PT desejam. Ele não está condenado, mas tampouco inocentado. Ele não está jul...