Vencido o auge da crise não haverá condições para o Ministro da Saúde que assumiu grande protagonismo e a liderança nacional do combate ao vírus, permanecer no Governo.
O Presidente Bolsonaro não aceita, em seu governo, nenhuma estrela que brilhe mais que ele. Já está tentando esvaziar o protagonismo do Ministro, com a criação de um Gabinete de Crise, chefiado por um militar, assim como promover a sua fritura, pelo lançamento de um potencial substituto. Quer promover a sua demissão.
Mandetta, embora não seja militar, por dever profissional, assumiu uma missão nacional e não uma missão de Governo. Vai enfrentar as adversidades, inclusive as colocadas pelo Presidente e seguir em frente. As probabilidades dele fracassar são mínimas, embora assim o deseje o Presidente, pela sua natural vaidade e paranóias.
Superada a crise, Luis Henrique Mandetta, emergirá como um novo herói nacional, com popularidade maior que a do Presidente. Naturalmente será visto como candidato presidencial para 2022, disputando a preferência popular com o Ministro Sérgio Moro, cuja luz foi inteiramente ofuscada, neste momento de crise.
Bolsonaro não tem em relação a Mandetta, uma alternativa honrosa para tirá-lo do páreo, como no caso de Moro, pela sua indicação ao Supremo.
Mandetta, diferentemente de Moro que não é político e diz que não quer sê-lo, Mandetta é um político, eleito inicialmente deputado federal pelo Mato Grosso do Sul, pelo DEM, em 2010 e reeleito em 2014.
Nessas duas legislaturas integrou o baixo clero da Câmara, atuando junto com Onix Lorenzoni (que teri sido responsável pela sua indicação) e Jair Bolsonaro, defendendo posições similares. Foi colega do então deputado Davi Alcolumbre, do mesmo partido e integrante do baixo clero. Faz parte dos poucos que progrediram e alcançaram o alto clero ou lideranças políticas. Esse antecedente gerou condições para uma articulação política maior com o Legislativo, o que nenhum outro integrante do Governo (exceto Onyx) tem.
Faz parte de um grupo político que dominou a Prefeitura de Campo Grande, pr muito tempo, comandado pelos Trad. Nelson (Nelsinho) Trad Jr foi eleito Senador, estava na comitiva do Presidente Bolsonaro, aos EUA e foi contaminado pelo coronavirus.
Tem o apoio da corporação de profissionais de saúde, e da bancada da saúde, que avalizou a sua escolha, passou pelas Forças Armadas como médico do Exército, o que também pesou na sua escolha.
A tentativa de esvaziar Mandetta, com a chefia do General Braga Neto, no Comitê de Crise, pode resultar no seu fortalecimento. O General Braga é também missionário, no sentido de assumir e se comprometer com uma missão de Estado e vai se aliar a Mandetta.
Superada a crise, Jair Bolsonaro enfrentará mais um dilema, junto com os filhos. Tentará desconstruir a reputação de Mandetta, como um velho politico, mas se não conseguir terá um Ministro que manda mais que ele, sem fazer de conta que é um subordinado disciplinado, como o fazem Sérgio Moro e Paulo Guedes. Terá que fazer com que ele submerja, e volte a uma atuação mais técnica e gerencial, fora dos holofotes. Não tem mais jeito. Mesmo que não queira, a mídia irá perseguí-lo.
Bolsonaro tem o poder da caneta e pode demiti-lo. Só que pode estar alimentando um forte concorrente para 2022.
Mandetta seria a alternativa para o DEM voltar ao poder, desde que o perdeu, com o enfraquecimento e posterior morte de Antonio Carlos Magalhães e também do seu filho Luiz Eduardo Magalhães.
Se Bolsonaro, mantiver a beligerância com Rodrigo Maia, Mandetta seria um candidato de oposição a Bolsonaro.
Muita água ainda vai correr até 2022, mas ainda em 2020 estará liberada a da represa de Mandetta.
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