As estatísticas sempre captam realidades que são transformadas em números pelas ocorrências ou incidências. Podem unir e misturar realidades distintas, que são uniformes, o que não reflete as diferenças num país tão extenso e desigual, social e economicamente, como é o Brasil.
Uma coisa é São Paulo, o Estado, ao qual pode-se somar o Rio de Janeiro, com grande concentração demográfica, onde está a quase totalidade dos mais ricos do país que conta, em contrapartida, a melhor rede hospitalar do país, notadamente dois hospitais "padrão COPA": o Einstein, e o Sírio Libanês. Mas há vários outros, como o São Luiz, integrado à rede Copa D'Or que é a principal referência hospitalar de alto padrão, no Rio de Janeiro.
Qualquer estatística que não segmente e isole São Paulo, dos demais estados pode levar a conclusões falsas.
A contaminação do COVID-19 ocorre em sucessivas ondas mundiais, com resultados diferenciados por países, em função das medidas governamentais para contê-la. As mortes estão relacionadas com o volume de contágio, apesar de algumas distorções.
Os casos confirmados dependem do volume exames. Em função da limitação das quantidades de exames, a recomendação das autoridades sanitárias tem sido só fazer os exames quando tiver os sintomas de forma recorrente. Como em cerca de 80% a contaminação ocorre, sem os sintomas, isto é, de forma assintomática, o número efetivo de contaminados seria maior.
Já os óbitos estariam relacionados com os contaminados, permitindo calcular e comparar nacional e internacionalmente os índices de letalidade. Mesmo aqui ocorre alguma distorção, uma vez que dado o prolongamento dos prazos para obtenção dos resultados, ocorreram óbitos antes do registro da contaminação.
Mesmo os óbitos poderão estar subestimados, porque os hospitais onde ocorrem preferem apontar causas correlatas do que em decorrência do vírus COVID-19.
Caso se encontre a presença do vírus no PCR (a proteina básica para os testes), a causa-mortis deve ser definda como pelo COVID-19 e comunicada às autoridades sanitárias. Alguns preferem não caracterizar essa, em função da imagem negativa, difundida pela mídia.
São Paulo enfrentou, esse problema, que estaria - aparentemente - superado.
O acompanhamento estatístico dos óbitos em São Paulo, mostra um crescimento exponencial a partir do ... dia, mas a informação genérica e totalizada não permite avaliar adequadamente a curva e projetar o seu comportamento futuro.
Algumas interpretações, no entanto, podem ser feitas. O primeiro caso constatado foi de um executivo/empresário que esteve na Itália, na região da Lombadia, cuja capital é Milão, principal polo industrial italiano e onde se instalou o epicentro do COVID-19 fora da China.
Empresas com unidades na região e em Wuhan, na China, foram os vetores da migração da China para a Europa, levada pelos executivos e técnicos. O brasileiro trouxe de lá para São Paulo, o vírus, provavelmente contaminando passageiros que estavam próximo a ele no avião de volta. Para comemorar o ser retorno promoveu um churrasco em sua casa, com a presença de cerca de 30 pessoas entre familiares e amigos, vários dos quais foram contaminados, mediante exames feitos no Hospital Albert Einstein.
Pelas informações disponíveis, nenhum dos contaminados teve um agravamento do quadro, sendo internado em UTI do Hospital. Todos foram confinados em quarentena nas suas respectivas residências. A partir da primeira onda, que seria o viajante retornante, a contaminação dos passageiros, dos familiares e amigos seria a segunda onda sobre a qual não se tem informações. Também não há informações sobre uma eventual terceira, quarta e ondas sucessivas. Apenas a informação agregada sobre as confirmações de contaminação. Não há informações sobre óbitos desse primeiro núcleo. Alguns já estão curados, sem medicação específica.
Os casos subsequentes foram todos de contaminação importada, a quase totalidade da Europa, com raros casos informados de transmissão por viajantes que estiveram na China. Um grupo de brasileiros que trabalhavam em Wuhan, foram resgatados, voltaram ao Brasil, cumpriram um quarentena breve, e foram liberados, não tendo havido nenhum caso de contaminação.
Não há registro de focos de contaminação grupal, exceto de uma festa de casamento da irmã de uma "influencer digital" num reduto de socilaites e afluentes investidores paulistas, que teriam sido contaminados por um recém chegado dos EUA, já contaminado e espalhou o vírus em segunda e terceira onda. O fato ficou mais conhecido, porque ao contrário dos primeiros e discretos contaminados, uma parte aproveitou para aparecer na mídia. Alcançou ainda celebridades do mundo artístico.
Todos os casos de contaminação comprovada, foram caracterizados como de origem externa, com difusão interna decorrente dela. Sem nenhuma vítima fatal.
Embora divulgada em 26 de fevereiro, a data da ocorrência foi no dia anterior quando o infectado deu entrada no Hospital Albert Einstein e fez o exame que deu positivo para o SARS-COV 2, nome oficial do vírus. Portanto o dia 1 do reconhecimento da presença do virus no Brasil é 25 de fevereiro de 2020, plena terça de Carnaval.
Para efeito folclórico, o Coronavirus chega ao Brasil, no Carnaval. Será tema nos próximos carnavais.
16 dias depois, no dia 13 de março, as autoridades sanitárias informam ter o ocorrido o primeiro caso de transmissão comunitária, onde não se identificou a cadeia de transmissão, a partir de um egresso de área contaminada no exterior. Nesse dia, havia o registro de 98 casos confirmados de contaminação. todos em rede hospitalar privada voltada à alta renda, com origem direta ou indireta no exterior e nenhum óbito. O primeiro óbito só foi registrado 3 dias após, no dia 16, embora tenha ocorrido no dia anterior.
A partir dai começa o crescimento exponencial dos casos registrados e contaminação, já fora dos hospitais acima referidos.
O principal polo de casos confirmados passou a ser o Prevent Senior, uma plano de saúde voltado para os idosos, recusados ou penalizados pelos demais planos.
(cont)
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