O futebol tornou-se um negócio mundial trilionário. Porém o futebol brasileiro, apesar de sua força no campo, segue como um negócio modesto, sem ter conseguido superar os problemas estruturais e operacionais.
A esperança era que com a Copa 2014, no Brasil, o seu futebol, assumisse a sua face de negócios, compatibilizando a sua economia com as suas condições em campo. E inserisse melhor o setor dentro da macroeconomia, com sigifnicativa participação dentro do PIB.
A principal expectativa era de que com os novos estádios, construídos ou reformados para a Copa, poder-se-ia aumentar o volume de espectadores nos estádios, com valores de ingressos mais elevados, trazendo de volta as famílias.
Isso foi alcançado durante a Copa das Confederações e, nos primeiros jogos do Campeonato Brasileiro nos novos estádios, mas a saturação foi rápida.
Três são as suspeitas: a primeira é que o público frequentador dos estádios não tem renda suficiente para uma frequência repetida e constante. A outra de que os jogos não tem suficiente qualidade e emoção para manter a atratividade do público. Mas uma terceira é considerada a razão principal.
O problema crítico para ampliar as receitas dos ingressos está na violência promovida pelas torcidas organizadas. Essas são patrocinadas pelos clubes que acham importante ter o apoio de uma torcida organizada para acompanhar o time em jogos fora da sua base.
Mas a tendência ao fanatismo e à violência transforma esses grupos em gangs que querem resolver tudo na base da "porrada", provocando ou respondendo a brigas, gerando cenas deprimentes acompanhadas pela televisão e afastando as famílias dos estádios.
Para ampliar o público nos estádios é preciso eliminar a presença desses grupos tendentes à violência. Os países europeus conseguiram, com proibições e penalizações rigorosas, recuperando os seus públicos nos estádios.
Um elemento econômico adicional está nos patrocínios master nas camisas. O risco do seu logo estar na camisa dos briguentos ou vândalos. A ampla cobertura pela mídia, mostra tanto as vitrines como as vidraças. Esse risco pode inibir os patrocinadores, que podem durar muito além do término do contrato para uso durante os jogos. Os torcedores continuam usando as camisas com os logos antigos.
Duas são as dificuldades principais para conter as organizadas: a primeira é o apoio dos dirigentes dos clubes que acreditam na necessidade e importância dessas torcidas organizadas.
A segunda é o medo da elitização do futebol que seria uma consequência inevitável do desenvolvimento do futebol como negócio. O futebol é considerado um esporte popular no Brasil e deveria preservar a presença da população de menor renda nos estádios.
A elevação dos preços dos ingressos reduziria a presença das organizadas, as quais, sem os patrocínios dos seus clubes, não teriam condições de maior frequência aos jogos.
Aumentando os preços afastaria esse público de menor renda, precisando substituí-los atraindo os de maior renda dispostos a pagar os valores maiores. Mas para isso eles requerem maior segurança e o afastamento dos "brigões".
Ou seja, proibir as organizadas para que a classe média frequente os estádios. Pode ser preconceito ver nas torcidas organizadas pessoas de menor renda, porém há ressentimentos incubados que se manifestam em revoltas explícitas e violentas. São pessoas que se sentem oprimidas pela sociedade e querem se extravasar publicamente. E dentre elas há também pessoas de maior renda.
Com as cenas de violência no recente jogo entre o Atlético Paranaense e o Vasco em Joinville, transmitidas para todo o mundo, em função da proximidade da realização da Copa do Mundo, em 2014, duas mudanças importantes ocorreram: a primeira a sustação de uma tendência baseada numa concepção correta, porém inconveniente de parte de promotores do Ministério Público de que os jogos por serem eventos privados devem ter segurança privada, não cabendo a intervenção da polícia militar, ou de qualquer órgão da segurança pública.
Não há segurança privada preparada para conter grandes massas. E cabe indagar se deve ser preparada? Qual é o risco de evoluir para o predomínio das seguranças privadas, substituindo a segurança pública?
Embora um evento privado, envolvendo grandes massas oponentes deve ser policiado e controlado apenas por segurança privada? Pode-se delegar a ela o poder de prisão? Diante dos riscos de crimes, como furtos, agressões que medidas preventivas a policia deve adotar. Onde deve ficar de prontidão? dentro ou fora do estádio? Para ser eficaz, em grandes estádios ela tem que ficar dentro.
O promotor que orientou a ausência da polícia militar dentro do estádio, em Joinville, cometeu um erro, embora de boa fé, e deve sofrer as consequências do erro.
A outra grande mudança está sendo a atuação das polícias na identificação e prisão dos envolvidos, usando tecnologias científicas. A identificação facial é uma tecnologia em uso em outros paises, sendo um dos principais instrumentos para o controle das restrições aos "baderneiros".
Não adianta proibir o ingresso deles nos estádios, se não há mecanismos de identificação prévia para controlar a proibição.
O processo de identificação dos envolvidos nas brigas, ainda foi pouco científica, mas representa um grande avanço.
Um legado econômico inevitável será a "classemediatização" do público nos estádios, uma vez que os empreendedores dos estádios querem e precisam de retorno dos investimentos. Precisam de um ingresso médio mais elevado, com o risco de não conseguir o volume de público necessário.
O público nos jogos da Copa das Confederações e os dados macroeconômicos, dos pibs e dos pib per capital das cidades sede indicam um potencial.
Não conseguirão esse público sem superar as já referidas condições básicas: evitar a violência nas arquibancadas e a melhor o desempenho em campo.
O desempenho em campo não é apenas um problema dos jogadores, mas de gestão dos clubes, pouco profissionais, com visão de curto prazo e crença na solução mediante grandes nomes.
Segundo o Guardian, travestis também são vistos comumente nas esquinas da cidade, mas é pelas menores que a procura é grande. "Logo que elas chegam à avenida, são pegas", afirma uma promotora ouvida na reportagem.
O texto mostra que ainda há aproximadamente meio milhão de crianças e adolescentes submetidos a essa situação no País, contingente cinco vezes maior em relação às 100 mil vítimas de exploração contabilizadas em 2001, diz o texto.
"Com a proximidade da Copa do Mundo, há o temor de uma explosão na prostituição infantil com a migração de profissionais do sexo do interior para as grandes cidades. Mais jovens podem ser recrutados para dar conta da demanda dos estrangeiros fãs de futebol", afirma o jornal.