Os "calls centers" que incomodam a vida de quem tem telefone, ou seja, todo mundo, são os principais empregadores de mão-de-obra de média qualificação e a porta de entrada de grande parte dos jovens no mercado de trabalho.
Por essa razão é o alvo principal das políticas públicas de promoção de empregos localizados.
Na cidade de São Paulo, benefícios fiscais não foram suficientes para atrair a instalação de call centers na Zona Leste. Com um programa implantado desde 2004 (??) só conseguiu atrair duas pequenas empresas e ganhou notoriedade com os benefícios concedidos para a construção do Itaquerão. Esse, no entanto, não foi suficiente para obter novas adesões, ao programa. Nenhuma outra empresa de TI se candidatou.
Agora com a participação de grupo imobiliário de peso, a Prefeitura pretende desenvolver um projeto que poderia ser caracterizado como um Distrito de Serviços de TI, ou mais especificamente de Call Centers.
Envolveria a edificação de conjunto de prédios comerciais que seriam alugados para ocupação por call centers.
Para ser mais atrativo, esses prédios contariam com uma infraestrutura tecnológica para atender às necessidades dessas unidades, onde a boa comunicação é essencial. Os ocupantes não precisariam fazer grandes investimentos em instalações fixas, ficando limitada às adaptações e ficariam com os investimentos em equipamentos móveis que poderiam se retiradas facilmente, em caso de mudança de local.
Para as empresas de call center, sejam as grandes, como as médias, essa disponibilidade de espaço com infraestrutura, para ocupação em curto prazo, mediante locação, poderia ser uma condição atrativa para se instalarem no Distrito, apesar de fatores negativos, como a grande distância da residências dos seus executivos e a baixa disponibilidade de serviços e facilidades para esses.
Tais fatores negativos seriam os principais responsáveis pela inocorrência da instalação de call centers na Zona Leste, apesar dos incentivos.
Como esses não foram suficientes, seriam necessários elementos adicionais, conjugados ou sequenciais.
O primeiro deles é a instalação do Itaquerão, em função do seu valor simbólico. Previsto para abrigar o jogo de abertura da Copa 2014, além de ser o estádio do "timão" tem grande visibilidade na mídia e transformou Itaquera num ponto conhecido da cidade, ainda com a visão de que "é muito longe".
Na história de São Paulo deve-se lembrar que no início do século passado, a cidade ia até os meados da subida para a cumieira do morro onde veio a ser instalada a Av. Paulista e que a vertente do outro lado era uma periferia ainda com mata virgem em torno do córrego. Foi nessa área que a City promoveu um grande loteamento residencial de alto padrão, colocando um equipamento esportivo, como chamariz. O futebol era ainda um esporte de elite, mas já em processo de popularização. O Estádio do Pacaembu foi construido numa área vazia.
Na metade desse mesmo século, o São Paulo FC implantou um estádio, numa área inteiramente descampada, como centro e chamariz de grandes loteamentos, atualmente inteiramente tomados, formando o bairro do Morumbi.
O Itaquerão não está numa área descampada, mas ainda há muitas glebas no entorno, esperando a ocupação urbana.
O Governo do Estado está implantando na área contígua um polo institucional, com fórum, escola técnica e outras instalações de maior importância econômica e social que o estádio, mas com capacidade incomparavelmente menor de gerar visibilidade na sociedade do que o estádio. Esse polo, apesar da sua escala é percebido como apenas mais um empreendimento público, com baixa capacidade de germinação imobiliária. É um empreendimento para atendimento local, para atendimento da população da região: base de um subcentro urbano. Apesar da proximidade com as estações metroviária e ferroviária metropolitana não teria capacidade de reverter o fluxo dos usuários dessa linhas, predominantemente na direção periferia-centro, nas viagens de ida.
Com o acréscimo do estádio, o polo receberá diversas melhorias viárias, melhorando o acesso daqueles que querem chegar a esse, por automóvel ou ônibus.
Dentro desse ambiente o principal incentivo que interessa ao empreendedor imobiliário é aumentar o potencial construtivo, mesmo que tenha que pagar por ele, mediante a outorga onerosa.
Apesar de ser uma área significativa (200.000 m2), porém relativamente pequena diante dos bairros planejados que estão sendo desenvolvidos em outras áreas, o empreendedor interessado pode erguer alguns edifícios comerciais para abrigar os call centers e empresas fornecedoras da cadeia produtiva e ainda edifícios residenciais para a média renda, com um ou mais diferenciados para a alta renda e ainda edifícios para hotéis. Não será necessária a construção nessa área de conjuntos habitacionais populares, dada a disponibilidade desses no entorno.
Não seria necessário implantar um shopping center, dada a existência do Shopping Itaquera que poderá ser ampliada e graduada, para atender também consumidores de maior renda, mas a ocupação imobiliária deverá deixar os espaços juntos às calçadas para os bares, restaurantes, agências bancárias, lojas e outros serviços para os trabalhadores da área, com suficiente diversidade para atender a todos os niveis.
Essa integração será essencial para a viabilização do Distrito, embora não precise ser feito tudo de imediato. O próprio mercado se encarregará de ir ocupando os espaços vazios. Havendo demanda, logo surge a oferta.
Pode dar certo, desde que seja concebido com um projeto municipal ou até metropolitano e não como um projeto local.
Acabará ocupando a mão-de-obra local, mas a sua implantação e início de ocupação dependerá da mão-de-obra moradora em outras regiões que requererá facilidade de acesso e mobilidade.
Apesar do grande potencial para a instalação de call centers, o programa pode ter perdido o momento, em função da tendência de descentralização regional com as grandes empresas do setor abrindo unidades no nordeste e fechando na região metropolitana de São Paulo.
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