Os jornalistas internacionais que foram ao sorteio dos jogos da Copa e não quiseram aproveitar a Bahia estão conhecendo "na pele" os problemas que podem afetar a logística dos voos durante a Copa.
Quinta feira ao final da tarde, o Brasil sofreu uma série de vendavais e temporais, que começarm a atrasar os voos. O efeito dominó só foi sentido na sexta-feira, afetando - principalmente - a rota São Paulo, Brasília e Salvador, com reflexos também no Rio de Janeiro.
O processo é conhecido. O mau tempo fecha temporariamente os aeroportos e os aviões não podem decolar. Os que estão no ar, conseguem pousar no aeroporto de destino, com equipamentos ou em outros na rota de segurança, não fechados.
Com atrasos gasta-se o tempo da tripulação e eles não podem continuar voando, porque no término da sua jornada, limitada por lei, ela não pode estar no ar. É preciso esperar, em terra, pela outra tripulação que vá render a com a jornada vencida. Em alguns casos o avião teve que parar num aeroporto que não conta com uma tripulação de reserva e é preciso esperar que a outra chegue de avião. Se o aeroporto estiver fechado no local de origem dessa tripulação o avião não pode levantar voo, mesmo que o aeroporto esteja aberto, porque é preciso esperar pela nova tripulação.
Com a redução das tripulações, cortando as reservas, para reequilibrar as suas finanças, as empresas ficaram sem margem para restabelecer prontamente os voos atrasados, quando liberados os aeroportos. O problema maior foi da Gol, causando atrasos de até 16 horas.
A minha amiga Carla, que em mau momento resolveu sair de Goiania, via Brasilia, para ir a Salvador ver a sua neta, foi uma das vítimas. Teve que pernoitar nos bancos do aeroporto de Brasília, ademais em obras.
Como vai ser durante a Copa? Junho e julho não são meses de muita chuva, a menos do norte, mas o sul está sujeito a nevoeiros, com fechamento de aeroportos, principalmente Curitiba, afetando também Porto Alegre. Congonhas e Santos Dumont às vezes fecham logo cedo, mas depois abrem.
O problema é o efeito dominó, com a falta de tripulações.
As empresas aéreas irão aumentar os seus quadros durante a Copa? Encontrarão disponibilidades para trabalhos temporários?
Ou terão que ampliar para uma condição mais permanente? E como ficarão as suas finanças?
E mais, conseguirão aeronaves adicionais no mercado internacional para ampliar as frequências? Como a persistência da crise financeira internacional é provável que haja suficiente disponibilidade.
Mas terão que concorrer com a FIFA que pretende fretar aeronaves para a movimentação das seleções durante a Copa. Caso queira colocar uma para cada seleção, para não estabelecer discriminações e tratamentos terão que ser 32, com as respectivas tripulações.
E quem irá prestar os fretamentos, diante da regulação do transporte aéreo brasileiro?
Os fretamentos poderão ser promovidos pelas respectivas confederações nacionais, mais ricas, mas como atender às mais pobres? Bloquear lugares em voos comerciais?
O que vai sobrar para os torcedores?
Com a tabela dos jogos definidos, assim como a escolha dos locais de treinamento, será necessário um complexo planejamento logístico para um adequado deslocamento das seleções, na primeira fase.
E os torcedores? Que se virem?
E os aeroportos? Os aeroportos? sim os aeroportos...
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