Com a realização das etapas finais da Copa do Mundo de Futebol, concentradas num país, esse prepara um conjunto de ações e investimentos, com a promessa de grandes benefícios futuros, caracterizados como legados.
Os primeiros são de natureza esportiva: para países com pouca tradição futebolística esse objetivo seria de promover essa modalidade esportiva; para os com tradição, melhorar as condições de infraestrutura para os jogos.
Tomando as mais recentes edições, temos o Japão e Coreia do Sul (2002) e África do Sul (2010), como países sem tradição, França e Alemanha com grande tradição.
A França conquistou a Copa, em casa, em cima do Brasil.
Na Alemanha, o resultado como melhoria da infraestrutura pode ser considerado altamente positivo. Já no resultado futebolístico não repetiu a França de 1998, ficando em terceiro lugar: os italianos faturaram a Copa, Mas a Alemanha consolidou-se como uma potência futebolística européia, sendo uma forte candidata ao título de 2014.
Com a Copa de 2002 o Japão emergiu como a principal potência asiática do futebol, estando presente em todas as Copas posteriores, assim como da Copa das Confederações. Foi a primeira seleção a ser classificada para 2014, além do Brasil, dentro do grupo que envolve a Ásia e Oceania.
A Coreia do Sul, vem em seguida, disputando posições com o emergente futebol chinês e as outras seleções do grupo.
Mas essa emergência não foi suficiente para a ocupação rentável dos estádios. O principal resultado para a Coreia do Sul foi a universalização das suas marcas, aproveitando a visibilidade promovida pelos jogos da Copa.
Já na África do Sul, o resultado foi duplamente negativo: o futebol sul-africano não conseguiu decolar com uma força africana, ainda dominada pela Nigéria, Camarões e outros. Ela não conseguiu se classificar para a Copa no Brasil. No futebol não conseguiu a façanha do Rugby, ainda o principal esporte sulafricano.
Com a infraestrutura o resultado foi ainda pior. O legado foi uma "manada de elefantes brancos", o que pode também ocorrer no Brasil, embora com outro padrão. Nem o rugby salva.
Do ponto de vista futebolístico, o Brasil não precisa sediar a Copa, para se firmar no cenário internacional. Depende mais dos dirigentes e do treinador para montar e orientar uma equipe vencedora, porque bons jogadores não faltam, se desenvolvendo em diversos países.
Pode-se avaliar que com a realização da Copa no Brasil, aumentará o interesse público pelo futebol, pelos jogos, com aumento dos públicos nos estádios.
Na maioria dos casos não seria necessário construir novos estádios ou promover profundas reformas, já que esses apresentam grande ociosidade durante os jogos nacionais.
No entanto, com os novos estádios construídos ou reformados para a Copa haveria maior conforto e segurança, atraindo mais famílias para assistir presencialmente os jogos. A melhoria do público após a Copa das Confederações atestaria isso, mas o presença dos briguentos e vândalos, mesmo nos novos estádios indicaria que a infraestrutura não é suficiente para a garantir a tranquilidade dos espectadores.
Dos doze estádios, apenas dois (Mineirão e Itaquerão) tem uma boa perspectiva de rentabilidade para o empreendedor, em função do grande público fiel dos times que jogarão nesses, mesmo quando em baixa.
Seis tem perspectiva negativa, dos quais dois deles certos, independentemente da gestão (Manaus e Cuiabá) e os quatro do nordeste, dependendo dos acordos com os clubes.
Maracanã e o Mané Garrincha de Brasília, poderão ter público, porém o seu alto custo de implantação aliada às concessões aos clubes e terceiros para abrigar os jogos, deixarão pouca margem para o empreendedor.
Os dois estádios privados do sul, dependerão do desempenho futebolístico dos respectivos times.
Para a construção ou reforma dos estádios, os empreendedores públicos como privados tomaram empréstimos, principalmente da linha especial colocada à disposição pelo Governo Federal, através do BNDES. Apenas Brasília não recorreu a esses empréstimos, porque junto com o dinheiro do BNDES vinha a fiscalização do TCU - Tribunal de Contas da União. Fiscalização essa que decorria da utilização de recursos públicos, não importando se com ou sem retorno.
Segundo as últimas estimativas, o total de gastos com os estádios alcançará R$ 8 bilhões.
Em todos os casos o principal legado dos estádios será de dívidas.
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