Desde que o Brasil foi homologado como sede da Copa 2014 algumas vidraças regionais ou locais, ficaram evidentes, com a cobertura pela midia internacional:
a violência urbana no Rio de Janeiro, o caótico trânsito de São Paulo e a prostituição infantil, mais visíveis em Fortaleza e Manaus, mas relatada também em São Paulo, segundo as notícias abaixo:
Jornal inglês destaca exploração sexual em Fortaleza e cita "explosão" do problema na Copa
Matéria do jornal britânico The Guardian, publicada na última segunda-feira (9), aborda a exploração sexual de menores em Fortaleza e as preocupações com o crescimento da desse mal durante a Copa do Mundo. O texto inicia descrevendo uma adolescente, na avenida Juscelino Kubitschek, no bairro Castelão. "Um carro para. Ela entra. Essa é uma cena comum nas proximidades do estádio (Castelão) em Fortaleza, que é considerada a capital brasileira da prostituição infantil e um ímã para o turismo sexual", detalha a publicação.
Segundo o Guardian, travestis também são vistos comumente nas esquinas da cidade, mas é pelas menores que a procura é grande. "Logo que elas chegam à avenida, são pegas", afirma uma promotora ouvida na reportagem.
O texto mostra que ainda há aproximadamente meio milhão de crianças e adolescentes submetidos a essa situação no País, contingente cinco vezes maior em relação às 100 mil vítimas de exploração contabilizadas em 2001, diz o texto.
"Com a proximidade da Copa do Mundo, há o temor de uma explosão na prostituição infantil com a migração de profissionais do sexo do interior para as grandes cidades. Mais jovens podem ser recrutados para dar conta da demanda dos estrangeiros fãs de futebol", afirma o jornal.
O jornal inglês "Mirror" publicou uma extensa reportagem escrita por Matt Roper relatando casos de prostituição infantil nos arredores do Itaquerão, palco da abertura da Copa do Mundo de 2014 e de uma partida da Inglaterra na fase de grupos. Segundo a publicação, garotas de 11 a 14 anos cobram entre R$ 10 e R$ 15 para manter relações sexuais com trabalhadores da obra do estádio.
A publicação ressalta a disparidade da obra que custará mais de R$ 800 milhões localizada em uma área pobre de São Paulo, repleta de favelas e que favorecem, segundo o "Mirror", a prática ilegal a preços irrisórios.
Mais recentemente os conflitos nos estádios se tornaram a maior vidraça, envolvendo a imagem nacional. Outra vidraça emergente é a elevação dos preços dos hotéis, superando os orçamentos elaborados pelos interessados e criando a sensação de que o Brasil e, em particular, o Rio de Janeiro é uma cidade cara.
A violência urbana no Rio de Janeiro vem sendo combatida através das UPPs, com eficácia relativa, mas tem feito de favelas uma atração turística. Durante a Jornada Mundial da Juventude, com a visita do Papa Francisco, muitas casas ofereceram hospedagem. Essa hospedagem está sendo considerada alternativa para a Copa 2014.
Poderá ser uma medida eventual ou um legado da Copa.
Ainda no Rio de Janeiro os aumentos no valor das diárias dos hotéis e da alimentação nos restaurantes de padrão ou da moda gerou a percepção que a cidade é cara, assustando os potenciais turistas internacionais.
O problema maior é com os turistas nacionais, em função da comparação dos preços da hospitalidade na Cidade Maravilhosa com as praticadas nas suas cidades e em outras. É muito mais barato passar férias no Nordeste, usufruindo de praia e sol do que no Rio de Janeiro.
A visão dos empresários do setor de hospitalidade nas cidades-sede é de aproveitar a oportunidade, ou de oportunismo, com uma visão de curto prazo.
Estão contando com um público interessado em acompanhar os jogos da Copa que não teria alternativas, o que não corresponde à verdade.
O maior público de turistas será de torcedores brasileiros, acompanhando a seleção canarinha. Mas essa só jogará no Rio de Janeiro, se chegar à final. Os hoteleiros e os restauranteurs estão muito esperançosos, como todos os demais brasileiros, mas eles adicionalmente por razões econômicas.
O principal contingente de turistas estrangeiros será de argentinos que terão a opção do "bate volta" pois só jogarão no sul e sudeste, sem pernoitar na cidade. A economia na hospedagem compensará o custo dos voos.
O risco é que a sensação de um país caro, restrinja o fluxo de turistas pós-Copa.
O grande legado esperado com a realização da Copa seria o aumento do fluxo de turistas internacionais, tornando as suas cidades importantes polos de atração turística, repetindo a façanha de Barcelona com os Jogos Olímipicos de 1992.
O legado da Copa 2014 poderá ser o oposto. As vidraças poderão superar as vitrines.
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