Em política, nada é linear.
Funciona com uma derivada da lei fundamental da física: a cada ação uma reação, em sentido contrário e de igual intensidade. Só que em política não funciona instantaneamente. Uma boa resposta pode ser guardada para ser dada em momento oportuno.
Nada é de graça. Nada fica sem resposta.
A recusa do Presidente do Senado à Medida Provisória, que altera a contribuição previdenciária dos empregadores, não é uma ação originária, decorrente de um surto do espírito de legalidade do Senador. Muitas vezes ele acolheu Medidas Provisórias, com o mesmo vício apontado à que ele recusou. O Congresso tem aprovado, muitas vezes com iniciativa do Executivo, contrabandos de legislação que nada tem a ver com o propósito da MP original.
O ato é uma reação. Reação ao que?
A versão externa é de resposta a uma tentativa do Governo em enfraquecer o PMDB, apoiando as manobras de Kassab, para atrair peemedebistas para um novo partido, mais submisso ao Governo.
O que existe de real é uma reação a esse processo continuado da Presidente e do PT em tentar submeter o PMDB aos seus desígnios. Pode se dizer que o PMDB está de "saco cheio" e resolveu dar um basta. Tudo isso tem fundamento, mas não é só isso.
Há uma segunda questão: na discussão sobre as MPs que tratam do ajuste fiscal, o PT está manobrando para a aprovação dos mesmos, sem se comprometer eleitoralmente. Faz discursos contra as medidas, por prejudicarem os trabalhadores, tentando transferir toda a responsabilidade ao PMDB. Se o PT perceber que as MPs poderão ser aprovadas sem o voto dos seus parlamentares, votará contra ou irá se abster. O melhor mesmo seria aprovar pelo voto das lideranças, sem a votação individual. O que não seria regimental.
Mas a razão principal ainda não é essa: é que o PT e a Presidenta venderam e não estão entregando. Venderam Ministérios, cargos no segundo escalão e não estão entregando.
A justificativa é o "listão do Janot". Mas com a decisão do Procurador Geral de não apresentar denúncias, mas propor investigações maiores mantém as suspeitas, mas não impediria os indiciados a se manter nos cargos: por tempo indeterminado. Eles querem se defender nos cargos e querem receber as quotas a que se julgam ter direito.
O ato de Renan é um aviso de cobrança de título vencido.
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quarta-feira, 4 de março de 2015
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