quarta-feira, 11 de março de 2015

O paradoxo da disputa política

O usual ou "normal" no confronto político é entre situação, que está ou conquistou o Governo e a oposição que está fora do Governo, o perdeu e espera reconquistá-lo.

No Brasil, em 2014, o PT venceu as eleições, a majoritária, sem dúvida, ainda que por pequena margem. A do legislativo parcialmente, mas com as alianças, amplamente. Com isso manteve-se no Governo e constitui a situação. 

Na disputa eleitoral o PSDB tinha uma proposta de política econômica, bem delineada, a qual foi combatida - até virulentamente - pela candidata do PT. Essa por sua vez propunha manter a política desenvolvida durante o seu primeiro mandato, apelidada de "nova matriz econômica". No Legislativo o PSDB é minoria. Seria, em tese, a oposição política.

Ao vencer as eleições, no entanto, Dilma mudou inteiramente e acedeu em adotar a política econômica que combateu durante a campanha eleitoral.

Escolheu para Ministro da Fazenda um economista de formação e atuação monetarista e começou a implantar a política proposta pela oposição, ainda antes de tomar posse para o segundo mandato.

E a partir da posse deixou Joaquim Levy livre e responsável pela implantação das medidas, incluindo a negociação com o Congresso para a aprovação daquelas. Ela se recolheu e se omitiu.

Na condução política fez de conta que o seu partido, o PT, havia ganho as eleições sozinho, não abrindo espaços dentro do Governo ao PMDB o seu principal aliado.

O resultado dessa estratégia foi colocar à margem, dentro do Congresso,  o  PSDB e a oposição. Esses estão atônitos pois, como oposição deveriam ser contra as propostas da situação. Mas essa está propondo o que ela propunha. Portanto, do ponto de vista do conteúdo deveriam passar a apoiar a situação. Por questões políticas não podem.

Em contraposição, o PT que ganhou as eleições combatendo as medidas ora propostas pelo Governo, está contra essas, tendo virado oposição.

Criou-se uma situação inusitada, típica do samba do crioulo doido: a situação no Governo adota as teses da oposição, o partido do Governo combate as medidas - em nome da coerência e dos seus princípios - passando para a oposição e a oposição formal atônita, se cala e se omite.

Os sindicatos dos trabalhadores, os movimentos sociais e outros, com o apoio do PT pretendem ir às ruas, no dia 13 de março, contra as propostas do Governo. 

O PMDB, o principal aliado da situação é instado a defender as medidas propostas pelo Governo, mas se recusa a assumir a sua defesa, se o PT também não assumir a sua defesa.

Dessa forma a situação resume-se ao Executivo. No Legislativo não existe situação. Só oposição e omissão.

Como o Executivo, nessas condições vai conseguir aprovar as medidas que deseja?





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