O PT foi fundado como um partido popular, voltado para os "mais necessitados" a partir de uma base de operários com carteira, buscando maior independência sindical contrapondo-se ao "peleguismo" promovido pelo Governo Federal.
Com a iniciativa de um grupo de lideranças sindicais de São Paulo obteve o apoio de intelectuais, de segmentos da igreja católica, além de dissidentes dos tradicionais partidos de esquerda e sobreviventes da luta armada, ocupando um espaço vazio, dado o sectarismo dos tradicionais partidos de esquerda.
O PT foi conquistando espaços políticos via eleitoral, liderados pela sua principal figura, o carismático Luis Inácio Lula da Silva. Depois de eleito deputado constituinte, sem uma atuação significativa a menos da explosiva declaração de que a Câmara tinha "300 picaretas", concorreu por quatro vezes à Presidencia, sendo derrotado em três delas.
Enquanto isso o PT foi conquistando espaços em Prefeituras e em legislativos, com base numa proposta de estar voltado para as classes mais desfavorecidas: conquistando corações e mentes de muitos eleitores. Mas insuficientes para eleger o Presidente, com base nas suas propostas de ética e prioridade para os pobres.
Para viabilizar o seu projeto de poder mudou de rumos e, mesmo sem abandonar o seu discurso popular passou a fazer acordos com os "picaretas" do Congresso, mediante promessas de cargos, verbas e recursos não contabilizados para financiar as campanhas.
Para formar os caixas, começou a adotar os mesmos mecanismos dos demais partidos para captar recursos não contabilizados, principalmente através dos contratos com as empresas de ônibus urbanos.
Com um grande volume de recursos financeiros, para fazer frente aos concorrentes, o PT venceu as eleições em 2002 e deu continuidade aos esquemas de garantir do apoio de base dos "picaretas" mediante mensalidades. Esse esquema veio a ser descoberto, foi caracterizado como "mensalão" e derrubou os principais líderes do PT, deixando impune só o seu principal líder: Lula.
Essa "refundação" do PT levou a muitos petistas tradicionais a deixarem o partido, que acabou limitado aos seus filiados e militantes que apoiam os objetivos de atender mais à população pobre e relevam as práticas heterodoxas, porque "todo mundo faz".
Na eleição de 2014, muitos desses defectores voltaram a se reunir em torno da candidata do PT, Dilma Rousseff, para derrotar o seu principal adversário, o pesedebista Aécio Neves, que ameaçava expressamente adotar as politicas ortodoxas baseadas na matriz econômica monetarista, considerada pelo PT, como néo-liberal e antipopular afetando a renda, os direitos dos trabalhadores e apenas uma nova denominação do repudiado "Consenso de Washington".
Apesar da vitória no Executivo, o PT não conseguiu uma vitória consagradora no legislativo, ficando atrás do PMDB e dependendo desse para a aprovação de medidas no Congresso.
Com o fracasso da chamada "nova matriz econômica" deixando um legado de muitas dívidas e das contas públicas "estouradas" Dilma mudou ou rumos, adotou a política econômica ortodoxa, tirando a escada do PT.
O PT está numa complexa encruzilhada. As suas bandeiras estão comprometidas. A Presidente, eleita pelo PT, integrante do partido, representando-a no poder, adotou um ajuste fiscal ortodoxo, com profundos cortes nas despesas públicas, afetando - embora desmentido formalmente - o atendimento prioritário da população e mais ainda os de baixa renda,
Depois do mensalão o comprometimento do partido com o "petrolão" tornou rota a sua bandeira de ética e combate à corrupção. Essa é hoje a principal bandeira programática defendida pela classe média nas ruas. Fora Dilma, Impeachment ou até Intervenção Militar são reivindicações instrumentais para mudar o Governo. E os movimentos de rua não aceitam mais o PT como defensor dessa bandeira.
Sem lideranças fortes, exceto a presença de Lula, com uma direção burocrática, sofrendo defecções de quadros, sem a bandeira da ética, sem uma política econômica alternativa, o PT precisa se reinventar, mudar, refundar, para não morrer de inanição eleitoral.
As proposições de se voltar prioritariamente para os que mais necessitam, ou os mais pobres poderão não ser suficientes. O PT precisará inventar novas mensagens ou novos programas. A condição principal é de credibiliadade.
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