domingo, 29 de março de 2015

O sentido da nomeação do novo Ministro da Educação

Com a escolha de uma segunda (ou terceira) andorinha para o seu Ministério, Dilma faz mudanças que vão além da substituição de nomes. 
Em primeiro lugar, descarta o PROS do Ministério, deixando de lado ou adiando o projeto de enfraquecimento do PMDB, pela formação de um novo partido, engendrado por Gilberto Kassab. Este não abandonou o  projeto, apesar da forte reação das lideranças do PMDB. Consegui um adiamento da sanção da lei e, se não determinou, não impediu que seus companheiros apresentassem o pedido de registro do novo partido, mesmo sem as condições exigidas pela lei. Vai gerar um conflito judicial,  supostamente patrocinado pelo Planalto. O objetivo não seria a formação do novo partido, mas manter o PMDB sob pressão. O que pode ser considerado mais um erro estratégico. A reação do  PMDB é que coloca o Governo sob pressão e na defensiva.


Em segundo lugar, não fez o sugerido, reivindicado ou pressionado pelo PT e por Lula, de transferir Aloizio Mercadante da Casa Civil para o Ministério da Educação. Buscou uma solução - supostamente - para atender aos reclamos da sociedade e dos educadores do que ao  PT. Mantém Mercadante na Casa Civil, sem poderes de articulação política. Mas ele não desistirá em recuperar o seu espaço. Está no seu DNA.

Não ter feito uma escolha política pode não melhorar a sua imagem perante a população, mas não piora.


Ao optar por uma solução "técnica", não partidária, atendeu a uma mobilização da comunidade acadêmica, a favor do prof Renato Janine Ribeiro. Embora não seja unanimidade - o que não seria bom - há o reconhecimento generalizado de que é um dos melhores quadros entre os cidadãos acadêmicos ou acadêmicos cidadãos. A sua virtude politica é ter como principal contendor outra grande inteligência brasileira: o polemista e radical direitista Olavo de Carvalho.

Renato Janine não se limita aos muros dos castelos da academia, mantendo uma coluna semanal no jornal O Valor Econômico, e artigos eventuais em outros jornais, além da publicação de livros, com análises políticas. É um dos mais lúcidos analistas políticos, fundamentando-os com uma sólida formação filosófica e histórica. E o seu principal foco tem sido  a ética. Não é partidário, não foi indicado por nenhuma direção partidária, não é da quota do partido A ou B. Mas tem claramente as suas preferências políticas e ideológicas: é de esquerda. Apesar de desagradar petistas aparelhistas ou aparelhadores.


Se o mercado e a sociedade achavam que "uma andorinha só não faz verão", agora o Ministério tem, pelo menos dois: dois Ministros escolhidos pela sua competência e não pelo seu QI. Há um terceiro, mas esse sofre muitas contestações. É, no entanto, uma das pessoas mais inteligentes hoje no país e a qualquer momento aparecerá com uma "bomba". Coisa de gênio ou de louco: Mangabeira Unger.

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