O Itaquerão, como quer o Corinthians, vai ficar pronto até 15 de abril e poderá receber o seu primeiro jogo, com lotação completa de cerca de 40 mil pessoas.
Mas isso não garante o jogo de abertura da Copa nela. Para a abertura são necessários ainda mais cerca de 20 mil lugares transitórios, uma área para o estacionamentos dos caminhões com os equipamentos de retransmissão da TV, uma área para a village de recepção dos convidados da FIFA, dos patrocinadores e outra village para a exposição dos patrocinadores. Além disso será necessário providenciar áreas para estacionamento dos carros do público espectador, a uma distãncia mínima de 2 km. Estacionamento próximo, só para as autoridades, patrocinadores e convidados Vips e VVips.
A dificuldade do Morumbi em atender essas instalações do entorno, foi usada como argumento para sua inaceitação e mudança para o estádio em Itaquera que, igualmente, tem dificuldades.
A principal dificuldade é que ninguém quer assumir a responsabilidade pelos gastos, orçados em torno de R$ 70 milhões.
Normalmente a FIFA transfere para os Governos a responsabilidade de suprir essas áreas e instalações, mas com a mudança do local do jogo, consta que nem o Governo do Estado, tampouco a Prefeitura assinaram os termos de compromisso, para assumir tais responsabilidades.
O Governo do Estado reafirma que não irá fazer esses investimentos, cuidando apenas das obras de mobilidade urbana no entorno. A Prefeitura Municipal diz que já deu a sua contribuição e não irá gastar a mais com a Copa. Ademais porque não conseguiu o aumento do IPTU e está sob imensa pressão para cumprir as promessas de Campanha.
O Corinthians, por sua vez, também reafirma que não irá gastar nada que seja utilizado apenas para a Copa e não se agregue de forma permanente ao seu estádio. Entende que o interesse em usar o estádio para a abertura da Copa é da FIFA e dos Governos, não dela. O estádio poderá abrigar os jogos da subsequentes, mas não necessariamente o da abertura.
A FIFA, a esta altura, abandonou os conceitos do planejamento europeu, ou mais precisamente do suiço, com tudo meticulosamente previsto e acertado com antecedência, para confiar no "jeitinho" brasileiro. Acredita que, uma vez o estádio pronto, o mais difícil e oneroso, alguém irá achar a solução para os investimentos no entorno.
O planejamento técnico foi substituido pelo "planejamento à brasileira".
Já está acreditando na "conversa" de que sendo 2014 o ano de eleição, nenhum Governo irá querer assumir a responsabilidade de uma eventual transferência da abertura para outra cidade, com Brasília e Rio de Janeiro disponíveis.
A FIFA veio fazer uma vistoria nos estádios, começando por São Paulo e aprovou o andamento das obras, aceitando as promessas de que o Itaquerão ficará pronto até 15 de abril, "graças a Deus". Deus sendo brasileiro é torcedor do Corinthians? Será paulista ou carioca? Será imparcial, ficará fora da disputa, ou irá mandar uma chuva a mais, uma ventania mais forte?
A FIFA não acertou a equação financeira para as instalações do entorno. Seguiu o processo brasileiro de "empurrar com a barriga".
Com mais alguns dias, na sua próxima vinda ao Brasil, será tarde demais para a alternativa pública. Os Governos são obrigados a fazer licitação para a escolha dos fornecedores. Poderá alegar emergência ou urgência para dispensar a licitação, mas sofrerá os embargos do Ministério Público, de ações civis e outras contestações. Terão que enfrentar um processo judicial e mesmo que consiga liminares, ficarão sujeitos a suspensão dos mesmos. Além disso terão as criticas da mídia e de movimentos populares, pois os favoráveis à realização da Copa no Brasil seriam apenas metade da população. Não há mais unanimidade ou predominância a favor da Copa.
Poderão apelar para o RDC para reduzir os prazos licitatórios, porém continuarão sujeitos a contestações e atrasos.
Toda pressão recairá então sobre o Corinthians e sobre a construtora para que, como entidades privadas, com maior liberdade decisória, achem uma solução. Para eles a solução é simples: a FIFA coloca o dinheiro e eles fazem.
Mas estará a FIFA disposta a colocar o dinheiro? Em último caso, em função dos seus compromissos com os patrocinadores e também com os convidados, terá que desembolsar os recursos.
O que ela procurará é o interesse dos Governos de Brasilia ou do Rio de Janeiro em bancar os recursos e receber o jogo de abertura. Ela não tem compromisso com os Governos de São Paulo, para fazer esse jogo em São Paulo. Ela estará se "lixando" com as questões eleitorais. O seu problema é sempre com os seus patrocinadores.
Se esses exigirem que a abertura seja em São Paulo, conforme programado, ela não terá alternativa a não ser "abrir o seu cofre".
A abertura ou não em São Paulo está nas mãos de Coca-Cola, Sony e outras.
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