segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Rolês da classe média emergente

Os rolezinhos autênticos são fruto da emergência de uma nova "classe média" que em função dos programas sociais ou do trabalho melhorou a sua renda. Adquiriu uma pequena capacidade adicional de consumo que desenvolveu novos hábitos, mas conservou outros. 
Os manos que promovem ou participam dos rolezinhos não deixam a favela, não deixam as condições precárias de moradia, mas querem ter os produtos de marca e incluem como equipamento essencial um laptop conectado na internet. A partir dai se relacionam virtualmente criam um outro mundo. 
A maioria dos jovens rolezistas entrevistados pela mídia trabalham, ainda que em funções subalternas, e gastam a sua renda em alguns produtos de marca que os caracterizam, como diferenciados. Seria uma elite dentro das comunidades periféricas.
Já as minas dependeriam mais dos pais, com a reclamação de uma das mães de que a filha gasta o seu salário para se produzir, impedindo que ela tenha os recursos para conseguir uma moradia própria. A mina faz parte de uma família de classe média emergente.

Os rolezitas não são "pé rapados", mas tem alguma renda para gastar no shopping: um hamburguer no Mc Donalds, um sorvete, ou um produto da sua indumentária. 

Reunem-se no shopping próximo da sua moradia e não vão se aventurar em outros shoppings, onde não são conhecidos, nem conhecem os outros. Reunem-se nos seus pontos.

A falta de compreensão do fenômeno e os preconceitos subjacentes levaram a Administração do Shopping JK Iguatemi a uma ação equivocada que terá consequências negativas, embora inevitáveis.


O que foi marcado no final de semana retrasada para o Shopping JK Iguatemi não foi um rolezinho, mas uma manifestação política, promovida por ativistas oportunistas aproveitando a movimentação da periferia para tentar repetí-la num shopping de luxo, com a participação de jovens de classe média tradicional. Tinha um sentido político de contestar a "sociedade de consumo" ao qual eles mesmo pertencem, mas à qual se opõem ideologicamente. O deste final de semana não era um rolezinho, com apropriação indevida do termo por ativistas. Era uma manifestação política, em reação ao "apartheid" desnecessário do shopping.

Os rolezinhos autênticos vão refluir. Os jovens da periferia terão que buscar outras alternativas para se divertir nos finais de semana.
Haverá um rescaldo de manifestações políticas, dos falsos rolezinhos com esvaziamento progressivo, mas que ficarão incubadas na espera de nova oportunidade. 
"Imagine na Copa".

2 comentários:

  1. Que tal ir numa biblioteca estudar?
    Ou se interessar em ajudar o próximo?
    Fazer baderna e aparecer é fácil... Socializar?
    Querendo ser o que não podem, tendo consumo de "mauricinhos". Não sabem de nada. De onde vem e para onde vão.

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    Respostas
    1. Os participantes dos rolezinhos também estudam, trabalham, e fazem o que lhes dá na telha ... até parece que gente assim só vive para "dar um rolê".

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