domingo, 26 de janeiro de 2014

O retorno dos black blocs

Convocada como uma manifestação pacífica contra os gastos com a Copa 2014, os black blocs se juntaram aos manifestantes com o claro propósito de provocação e vandalismo.

As imagens de acompanhamento das movimentações, pelo helicóptero da Globo, mostraram situações estranhas. 
Ao longo da Av. Paulista duas fileiras de soldados  da PM, mantendo os manifestantes nas faixas de circulação, impedindo-os de acesso às calçadas e às frentes da lojas e agências, e sem responder às provocações dos black blocs. Os demais manifestantes se encarregavam de retirá-los das proximidades dos soldados. O mesmo era visto na Av. Brigadeiro Luis Antonio, por onde o grupo principal seguiu.

Passado algum tempo, ao sintonizar as imagens na Globo News, visões estranhas: um grupo tentando virar uma viatura da Policia Civil Metropolitana, e nas proximidades uma pequena fogueira junto a um Fusca que acabou pegando fogo, ficando inteiramente queimado, sem qualquer presença da polícia fardada, ou dos bombeiros. Isso na rua da Consolação, próximo à Praça Roosevelt, distante da Av. Brigadeiro Luis Antonio, indicando uma divisão dos manifestantes, com aqueles com fins beligerantes seguindo pela Consolação, em direção ao centro, sem o acompanhamento policial.

Num primeiro momento me pareceu uma falha estratégica de parte da Polícia, permitindo o fracionamento do grupo, sem o devido acompanhamento e proteção contra os vandalismos que acabaram ocorrendo.
Na sequência um grupo teria subido pela rua Augusta e após confronto com a PM  se refugiado num hotel, logo cercado pela polícia, com os integrantes detidos ao sairem.

Notícias subsequentes, não mostradas pela televisão, disseram que a polícia estava descaracterizada, ou seja, estavam em trajes civis, disfarçados de manifestantes e acabaram prendendo mais de 100 pessoas suspeitas de vandalismo.

A segunda impressão é que a manobra foi premeditada: esperaram que ocorressem os vandalismos, para poder prender, já que não poderiam prender por meras suspeitas ou para averiguações. Ocorrido o vandalismo, a polícia pode prender os vândalos, mesmo que apenas suspeitos, podendo até prender inocentes que nada tem a ver com as ações violentas. As fotos dos detidos e depois liberados, mostram que não eram, predominantemente, de black blocs.


As tropas podem se movimentar acompanhando as marchas. Podem ainda se dividir se os manifestantes se dividirem, incluindo a convocação de outros em reserva para cobrirem os novos trajetos. Se não fazem isso, por que não o fazem?

Seria por incompetência ou por manobra estratégica?

Permanece sempre a suspeita de que alguns dos black blocs são policiais "descaracterizados", ou melhor "caracterizados" como arruaceiros para intimidar e afastar os manifestantes legítimos e pacíficos.

Se esse era o objetivo, foi alcançado, mesmo antes do início. Um pequeno número de pessoas aderiu ao protesto. Menos de 1.000. 

Com a perspectiva de presença dos black blocs muitos dos protestantes não vão às ruas, ou não vão seguir o cortejo. Não querem confusão.

As manifestações durante os dois próximos meses estarão esvaziadas, até porque o que vai dominar será o carnaval. Esse sim vai levar multidões às ruas.

O que acontecerá a partir de abril?

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