O salto de 211 mortos por COVID -19 registrados ontem em São Paulo, 4 vezes o número do dia anterior (41), no mesmo Estado, indica que o vírus ainda não está controlado. Ainda que se alegue que parte é de óbitos anteriores que agora foram confirmados, não altera a conclusão.
Embora algumas notícias indiquem colapso localizado na periferia de São Paulo, com as UTIs inteiramente ocupadas no hospital de rede pública, a capacidade total do Municipio e do Estado ainda não superada. Isso significa que nenhuma morte teria ocorrido por não atendimento em UTI, como ocorreu tanto na Itália como na Espanha e já começa a ocorrer em algumas capitais mais afetadas, como Manaus. Já há registros da terrível opção dos médicos sobre quem é deixado para morrer, por falta de respiradores.
Não temos aqui o acompanhamento dos números distritalizados em São Paulo, mas o que foi publicado em jornais é que houve uma redução de mortes em distritos, com população de maior renda, enquanto os principais aumentos tem sido na periferia.
A estratégia da imunização do rebanho não pode ser aplicada de forma generalizada. A contaminação de um "rebanho" (com perdão das pessoas assim consideradas) é por rebanhos, em comunidades específicas, cada qual com um epicentro.
Cada "rebanho" começa com um processo de contaminação importada (contaminação exógena) que se difunde internamente (contaminação endógena) e pode ser exportada para outros "rebanhos", iniciando a contaminação exógena nesse rebanho importador.
Uma estratégia de controle da disseminação começa com a contenção da contaminação exógena. No caso dos "rebanhos animais" é usual o estabelecimento de cordões sanitários, assim como o sacrifício do rebanho infectado. Nenhuma dessas medidas podem ser aplicadas às pessoas. Embora algumas Prefeituras tenham instaladas barreiras físicas para impedir o ingresso de forasteiros, não tem fundamento legal. O direito de "ir e vir" é um direito constitucional.
O controle possível, mas também juridicamente contestável é o monitoramento de celulares.
Enquanto não houver o controle da contaminação nas comunidades mais pobres, com alta densidade demográfica, não haverá flexibilização generalizada das restrições para o distanciamento social.
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