Rainha da Inglaterra é uma imagem usada nos meios políticos para caracterizar o dirigente que detém o cargo máximo do país, mas não manda.
Nos cenários Bolsonaro 2019 desenhamos, como uma das alternativas, o cenário Rainha da Inglaterra, com a ala militar do Governo, tutelando o Presidente Bolsonaro, para conter os seus desmandos intempestivos.
Bolsonaro, insuflado pelos filhos que lideram e mobilizam os seguidores fieis àquele, reagiu e prevaleceu o cenário "Bolsonaro Presidente", com este assumindo as rédeas do Governo e demitindo os que "queriam mandar nele" ou não o respeitavam devidamente.
A principal vítima foi o seu antigo camarada, General Santos Cruz, que só o chamava de "meu capitão", tratamento afetuoso, mas não deixando de lembrar ao amigo que ele não passou da patente de capitão.
O ex-capitão "ficou de saco cheio" e resolveu mostrar que "o Presidente sou eu, porra" e como tal, assumia a maior patente das Forças Armadas. Mandou o Vice-Presidente, General Mourão "ficar na sua". Demitiu o ex-amigo Santos Cruz e vários outros generais, para demonstrar que quem manda é ele.
Com estilo autoritário e beligerante, "enquadrou" todos os Ministros: "quem não estiver satisfeito, pede pra saír". "Se mijar fora do pinico, demito". Confrontou o Legislativo, na pessoa do Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Quando o seu "néo amiginho" Toffoli retirou a cobertura ao trancamento do processo contra o seu filho, voltou-se contra ele, acusando-o (ainda que não publicamente) de ser um dos líderes da conspiração para derrubá-lo. Desenvolveu essa paranóia, alimentado pela teoria da conspiração, plantada e fomentada pelos seus filhos, sob inspiração de Olavo de Carvalho.
Introjetou a narrativa desses de que um só mandato seria insuficiente para "mudar o Brasil" e precisava de uma reeleição. Com uma vitória avassaladora, de forma a estabelecer um regime autoritário, com amplo apoio popular.
A reeleição passou a ser mais uma das suas obsessões e dentro de uma visão estratégica elementar, quer destruir, desde logo, qualquer ameaça à sua reeleição. Ao ver uma aceitação popular maior do seu Ministro Sérgio Moro, tratou de esvaziá-lo. Os seus principais inimigos passaram a ser os Governadores Witzel, do Rio de Janeiro e João Dória, de São Paulo, declarados ou supostos candidatos à Presidência, em 2022.
Tendo como foco a situação e evolução da economia, ao ver deles, da sua turma, alimentada por inúmero "especialistas" como a condição essencial para a sua reeleição, aceitou a fantasia narrada pelo seu Posto Ipiranga" de que o PIB de 2019 ficou 10% acima do que diz ele, ter previsto no ínicio do ano passado, e que a aceleração ocorreria em 2020, em torno de 2%, mantendo o crescimento em 2021, para ultrapassar 5% ao ano, em 2022, ano da eleição, sustentando a reeleição. Segundo Paulo Guedes a economia brasileira estava em fase de recuperação, com bons sinais do último trimestre de 2019 e melhores ainda no começo do ano, o que animou o Presidente Bolsonaro a tomar ou iniciar várias medidas, enquanto o Brasil e o Legislativo esperavam pelo carnaval.
Assumiu plenamente a Presidência, afastou os militares e todos os demais que o queriam tutelar, tornando-o uma "Rainha da Inglaterra".
(cont)
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