A primeira percepção que o novo Ministro da Saúde, Dr Nelson Teich gera, tanto pelo seu currículo, como pelo seu primeiro discurso público, assim como pelas ações iniciais é que está despreparado para assumir o comando do Exercito da Saude, no combate ao novo coronavirus. Nesta matéria é um palpiteiro, como muitos outros médicos. Propõe coisas como o máximo de testagem, como se o seu antecessor Mandetta não tivesse feito porque não quis. E ele vai fazer. É um absoluto desconhecimento da realidade pública.
Mandetta não fez porque não conseguiu os testes, para os exames iniciais. Não conseguiu trazer da China, mediante compras normais, seguindo a lei de licitações.
Conseguiu a doação de 5 milhões de testes rápidos, dos quais 1 milhão já teria chegado e os demais depende de mandar aviões irem buscar, com o risco de serem confiscados na escala de voo.
Esses testes não determinam se o paciente foi contaminado ou não, mas se o contaminado se curou.
Ele pode não estar preparado, mas isto é circunstancial. Pelo seu currículo ele é muito bem preparado acadêmica e profissionalmente, com uma boa formação em gestão de saúde, além da formação médica. Com uma carreira muito bem sucedida na saude privada. Como médico ganhou bastante para montar uma clinica oncológica própria que depois vender para a Amil, provavelmente por um bom preço. Com um bom ativo financeiro aplicado no mercado de capitais, para o qual também se preparou acadêmicamente, pode se dar ao luxo de desenvolver atividades de pesquisa e desenvolvimento científico.
Mas, não parece ter nenhuma experiência no setor da saúde pública, diversamente de Mandetta que é um profissional da saúde pública. Mandetta não é só um defensor do SUS, ele se identifica inteiramente: ele é o próprio SUS, que ele procurou reequipar depois de dezenas de anos de total abandono.
Tem uma forte visão economicista que prevalece sobre a humanista, que o leva a defender posições pragmáticas, mas cínicas: As quais foram adotadas tanto na Itália, como na Espanha, diante do colapso do sistema de saúde.
Diante de dois pacientes um jovem, com toda uma vida pela frente e outro ancião, com uma vida futura curta e comprometida com várias doenças, ele já defendeu o investimento no primeiro e não no segundo, tendo em vista o retorno econômico que o paciente pode oferecer.
Ele é da turma do Paulo Guedes, o que, neste momento, não é uma grande vantagem, pois diante da crise aquele já "abriu as burras" para a Saúde.
Tem como muitos outros uma visão das soluções, que o Governo deveria adotar, estando fora dele. Com muitas e engenhosas fórmulas. Ao chegar no Governo e ter que implantar as suas idéias e propostas, verifica que não tem os recursos, ou mesmo tendo, não tem os fornecedores. Não consegue fazer os testes em massa, não consegue rastrear os contaminados, limitado pelo direito à privacidade, não consegue ter os medicamentos e ai só lhe sobra um caminho: o distanciamento social.
Poderia ser um excepcional Ministro da Saúde, com todo o seu preparo, se tivesse chegado na hora certa, logo no início do Governo Bolsonaro. Agora chegou na hora errada. Infelizmente.
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